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Em live, ex-ministros de Bolsonaro atacam aliança com Centrão; assista

Ernesto Araújo afirmou que grupo 'começou a dominar e pautar governo'; Weintraub disse que conservadores foram 'substituídos por essa turma'
Debate reuniu ex-ministros do governo Bolsonaro e outras personalidades de direita Foto: Reprodução/Youtube
Debate reuniu ex-ministros do governo Bolsonaro e outras personalidades de direita Foto: Reprodução/Youtube

BRASÍLIA — Os ex-ministros Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) criticaram na segunda-feira a aliança do presidente Jair Bolsonaro com partidos do Centrão. Para Araújo, o grupo "começou a dominar o governo e pautar o governo", prejudicando a política externa. Já Weintraub disse que os conservadores foram "substituídos por essa turma".

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As declarações ocorreram durante o "ConservaTalk" , programa no Youtube do qual os dois fazem parte, ao lado do também ex-ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) e de outras personalidades de direita. O convidado do programa foi o pastor Silas Malafaia, que criticou a postura de ministros palacianos durante o processo de indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Ex-ministro da Educação e das Relações Exteriores comentam sobre isolamento após a chegada de nomes como Ciro Nogueira, Fábio Faria e Flávia Arruda. Reprodução: ConservaTalk
Ex-ministro da Educação e das Relações Exteriores comentam sobre isolamento após a chegada de nomes como Ciro Nogueira, Fábio Faria e Flávia Arruda. Reprodução: ConservaTalk

As críticas ao Centrão começaram justamente quando Malafaia disse que os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações) não se empenharam na aprovação do nome de Mendonça, que demorou quatro meses e meio para ter sua indicação analisada pelo Senado.

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— Quando é que abertamente que Ciro Nogueira, que Fábio Faria e (Flávia) Arruda, abertamente declararam apoio ao André? Onde? O que eles gravaram? Qual o vídeo? — questionou Malafaia. — Eles eram obrigados a fazer campanha ostensiva a favor de André e eles não fizeram.

Weintraub, então, afirmou que os partidos do Centrão são um "grande obstáculo" aos conservadores:

— Uma das frentes que a gente está sofrendo grandes ataques, os conservadores, é justamente uma turma do Centrão — disse o ex-ministro. — Um grande obstáculo que nós conservadores estamos passando, estamos sendo atacados continuamente, e fomos substituídos por essa turma do Centrão que você citou.

Weintraub tenta viabilizar uma candidatura ao governo de São Paulo, apesar de Bolsonaro apoiar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para o cargo.

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Nesse momento, Salles, Malafaia e o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que também participou da transmissão, afirmaram que a aliança com o Centrão é  necessária.

— Essa história do Centrão também não pode virar um cavalo de batalha. Por que? Porque a política é feita de alianças. A política é feita de união — ponderou Salles.

Entretanto, Ernesto Araújo — que foi demitido em março do ano passado por pressão do Congresso —reforçou as críticas ao bloco, dizendo que esses partidos o impediram de fazer uma "política externa transformadora":

— E o que aconteceu quando o Centrão começou a dominar o governo e pautar o governo? Fui cada vez mais isolado e tirado da capacidade de levar adiante essa política externa transformadora. Porque esse Centrão que veio aí é um Centrão que acha que política externa é fazer tudo que a China quer. Não sei qual o grau de interesse econômico que essas figuras têm com a China.

O ex-chanceler reforçou as críticas a Nogueira, Arruda e principalmente a Fábio Faria, dizendo que ele "entregou o 5G para a China", e disse que é preciso saber se os eleitores de Bolsonaro "topam isso".

— O senhor citou três pessoas que são chave nisso. Ciro Nogueira, Fábio Faria, que entregou o 5G para a China, e Flávia Arruda. Isso aí é o seguinte. As pessoas têm que saber isso. Se os eleitores do presidente Bolsonaro, os conservadores, topam isso…(Podem dizer) Vamos tentar continuar a transformar o Brasil internamente, mas vamos deixar o Brasil ser dominado pela China.