SÃO PAULO — Ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub aterrissou na madrugada deste sábado em São Paulo para dar início à sua pré-campanha a governador do estado. Desde 2020, ele trabalhava como diretor executivo no Conselho do Banco Mundial nos Estados Unidos.
O ex-ministro estava acompanhado do irmão, Arthur, que trabalhou como assessor na Presidência da República e também havia se mudado do país. Eles foram recepcionados com cartazes e bandeiras do Brasil por um grupo de apoiadores que se organizou por WhatsApp e Telegram nos últimos dias para recebê-los.
Na área de desembarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos, Weintraub se recusou a responder a um jornalista se mantinha sua opinião sobre a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A pergunta se referia a uma declaração dada pelo então ministro numa reunião ministerial de abril de 2020, tornada pública por decisão da Corte. O episódio contribuiu para acelerar sua saída do cargo, dois meses depois, em meio a um acirramento da crise entre Executivo e Judiciário. Em seguida, foi indicado pelo governo federal a uma vaga no Banco Mundial.
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A partir de agora Weintraub deve começar a rodar o estado de São Paulo para esquentar a campanha eleitoral. A previsão é dar o pontapé inicial pelo Vale do Paraíba na segunda-feira, segundo aliados.
Seus aliados já vinham preparando o terreno ao desembarcar no PTB e conseguir a garantia de uma candidatura ao Palácio dos Bandeirantes. O partido está hoje nas mãos da ex-vice-presidente Graciela Nienov após a prisão de Roberto Jefferson, preso desde agosto passado por atacar ministros do STF.
O projeto político de Weintraub, no entanto, pode se chocar com o de Bolsonaro, que quer lançar ao mesmo pleito seu ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Weintraub e Bolsonaro não estão publicamente rompidos, mas o entorno do ex-ministro tem críticas ao governo federal, em especial à aproximação com o Centrão.
As candidaturas se encaminham para dividir o voto bolsonarista em São Paulo, em meio a um acirramento de ânimos na base de apoio a Bolsonaro. Nos últimos dias, figuras como Janaina Paschoal, Carlos Jordy, Carlos Bolsonaro, Sérgio Camargo, Allan dos Santos, Ricardo Salles e o próprio Abraham Weintraub trocaram artilharia pública sobre estratégias na direita e apoio ao governo federal.
De língua ferina, Weintraub é mais próximo da militância radical que ainda vê no escritor Olavo de Carvalho um oráculo para os rumos a serem tomados no país. Já Tarcísio é considerado um dos nomes menos polêmicos da Esplanada e de perfil técnico. Inicialmente a contragosto, ele se tornou a aposta de Bolsonaro para ter um palanque no estado mais populoso do país durante a eleição presidencial. O estado é governado por João Doria (PSDB), um de seus maiores desafetos e possivelmente seu rival no pleito de outubro.
Aliados do presidente como a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) já tentaram dissuadir o ex-ministro de concorrer numa eleição em que o bolsonarismo terá “candidato oficial” pelo presidente, em vão.