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ELEIÇÕES 2022

Ciro Nogueira libera PP para usar tempo de TV nos estados como quiser - inclusive contra Bolsonaro

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente Jair Bolsonaro durante evento no Palácio do Planalto

O ministro da Casa Civil e presidente do PP, Ciro Nogueira, decidiu no início do mês que os diretórios estaduais do partido podem usar como quiser o tempo de TV distribuído pelo TSE às legendas no primeiro semestre. 

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A decisão foi interpretada por líderes estaduais como o sinal definitivo de que a mesma lógica se repetirá no segundo semestre, quando começam as propagandas eleitorais dos candidatos.

Com isso, os caciques regionais que não apoiam Bolsonaro não têm obrigação de veicular conteúdo pró-governo, e podem até entregar seu precioso tempo de exibição a inimigos políticos do presidente. 

No caso do PP, serão 40 inserções de 30 segundos ao longo do primeiro semestre. A decisão de Ciro, formalizada em uma mensagem de WhatsApp aos  correligionários, foi bastante comemorada entre as várias lideranças da legenda que ou não tem interesse em associar sua imagem a Bolsonaro ou até pretendem apoiar adversários do presidente. 

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Em São Paulo, por exemplo, boa parte dos deputados ainda prefere Rodrigo Garcia, candidato de João Dória à sucessão, ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que é o nome de Bolsonaro. 

No Rio, o prefeito de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PP), pretende apoiar Cláudio Castro para o governo do estado e Lula para presidente. Na Bahia, o vice do governador petista Rui Costa é João Leão, do PP, que deve sair candidato ao Senado na chapa com Jaques Wagner, do PT. 

O deputado Ricardo Barros, uma das principais lideranças nacionais do partido, explica como vai funcionar: "Se o PP de São Paulo decidir ir com o Rodrigo Garcia, o PP vai ceder o tempo para o Rodrigo Garcia. Se na Bahia, for com o PT, o tempo de TV vai para o PT. Cada estado decide", diz.

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O deputado diz que a prioridade do PP na eleição deste ano é eleger deputados e senadores, mesmo que isso signifique aumentar a exposição de rivais de Bolsonaro. 

"A orientação nacional é tentar alinhar com o candidato do Bolsonaro, mas orientação não é obrigação. A prioridade é aumentar a bancada. Cada estado fará composições para permitir eleger o maior número de deputados".

Questionado a respeito desses movimentos, Ciro Nogueira disse ao GLOBO na semana passada que o PP não é o único partido onde isso acontece e que "essas posições têm que ser respeitadas". 

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Mas nem todo mundo concorda com a decisão de Ciro Nogueira. Para os grupos bolsonaristas do partido, o ministro de Bolsonaro está tentando manter um pé em cada canoa. 

"Não acho certo o que o partido está fazendo com o Bolsonaro. Quando ele perceber, não terá o tempo de TV do PP, que nos estados será entregue a outros partidos. O Ciro está fazendo o plano B dele", disse um integrante do PP sob reserva.

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Não se trata de um assunto menor para o presidente. No entorno de Bolsonaro, muita gente aposta que, diferentemente de 2018, quando a campanha foi feita exclusivamente pelas redes sociais, desta vez ele vai precisar fazer política da maneira tradicional  – o que inclui um bom uso do tempo de TV. 

Correção às 20h23: O texto foi alterado para informar o tempo correto de TV do PP. Serão 40 inserções de 30 segundos e não 40 inserções de 20 minutos. 

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