Descrição de chapéu Coronavírus

Saúde pede ao Butantan 10 milhões de doses da Coronavac para crianças

Laboratório afirma que pode entregar este volume imediatamente; ministério negocia redução de preço

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Brasília

O Ministério da Saúde pediu na segunda-feira (31) a compra de 10 milhões de doses da vacina Coronavac ao Instituto Butantan para imunizar crianças contra a Covid-19.

O laboratório paulista disse à pasta comandada por Marcelo Queiroga nesta terça-feira (1º) que pode entregar imediatamente esse volume. Ofereceu ainda a distribuição de mais 20 milhões de doses em até 25 dias após a assinatura de um contrato.

O ministério tenta reduzir o preço da vacina e mira, por enquanto, 10 milhões de unidades. O Butantan ofereceu cada dose por cerca de US$ 7,3 (cerca de R$ 38,5), enquanto o governo federal pede valor próximo de US$ 7 (R$ 36,9), segundo autoridades que acompanham as discussões.

Criança é imunizada contra a Covid em São Paulo - Rivaldo Gomes - 22.jan.2022/Folhapress

"Vale lembrar que o Butantan tem total capacidade de atender a qualquer outra demanda de CoronaVac, vacina produzida em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, com cronograma previamente definido", disse o laboratório paulista em nota divulgada nesta terça (1º).

O ministério incluiu no dia 21 de janeiro a Coronavac na campanha de vacinação contra a Covid-19 de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. O governo federal estimava, nesta data, que havia cerca de 9 milhões de doses disponíveis desta vacina prontas para a aplicação.

Do total, 3 milhões estavam nos estoques dos estados, enquanto o ministério guardava outros 6 milhões de unidades, segundo a pasta.

Em nota técnica publicada na semana passada, a pasta informou já ter enviado 733.720 doses da Coronavac aos estados que estavam sem vacinas disponíveis ou com baixo estoque para o começo da campanha de imunização do público infantil com a Coronavac.

A Saúde aguardava resposta dos estados para saber se iria precisar comprar doses da Coronavac e qual o quantitativo necessário para a vacinação de crianças.

O imunizante deve ser usado em crianças que não sejam imunocomprometidas e tenham mais de 6 anos, segundo as recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O ministério firmou contratos em 2021 com o Butantan para compra de 100 milhões de doses da Coronavac por cerca de US$ 10,3 cada vacina.

A vacinação das crianças no Brasil começou no dia 14 de janeiro. O menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, 8, foi o primeiro imunizado, com doses pediátricas da Pfizer.

Não há diferença entre a vacina da Coronavac que será aplicada nas crianças e aquela já usada nos adultos.

No caso do imunizante da Pfizer, a dose pediátrica tem tampa laranja, enquanto aquelas destinadas aos maiores de 12 anos são roxas. Além disso, o imunizante dos mais jovens tem dosagem menor.

A vacinação de crianças e adolescentes é tema sensível no governo Jair Bolsonaro (PL), pois o mandatário distorce dados e desestimula a imunização dos mais jovens. Ele chegou a ameaçar expor nomes de servidores da Anvisa que aprovaram o uso de vacinas da Pfizer em crianças.

Em nota divulgada no dia 8 de janeiro, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, rebateu insinuações de supostos interesses escusos da Anvisa na vacinação de crianças e cobrou retratação do presidente.

O uso da Coronavac no Brasil também se tornou tema de disputa entre Bolsonaro e o governador paulista João Doria (PSDB).

O presidente chegou a mandar cancelar a compra de 60 milhões de doses desta vacina e chamou o imunizante de "vacina chinesa do Doria".

Como mostrou a Folha, o Ministério da Saúde pediu apuração da PGR (Procuradoria-Geral da República), do Ministério da Justiça e da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre o preço da vacina Coronavac.

A pasta apontou que o consórcio Covax Facility vendeu a mesma vacina por um valor menor, enquanto o Butantan afirmou não ser possível comparar as ofertas.

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