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Kassab se encontra com Lula e admite chance de aliança já no 1º turno

Reunião ocorreu em SP, a pedido de Lula; deputados do PSD dizem que Kassab reafirmou intenção de candidatura própria

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Brasília

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tiveram novo encontro na noite de segunda-feira (7), em São Paulo, na sede do PT.

Apesar de o PSD ter o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), como pré-candidato ao Palácio do Planalto, há uma pressão de integrantes do PT e do próprio PSD, como informou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, para que a sigla de Kassab embarque na candidatura de Lula já no primeiro turno.

Em evento na Câmara nesta quarta-feira (9), o presidente da legenda afirmou que "não é impossível" uma aliança do partido com o PT no primeiro turno, apesar de a prioridade ser lançar nome próprio à disputa de outubro.

O ex-presidente Lula cumprimenta o presidente do PSD, Gilberto Kassab,
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, cumprimenta o ex-presidente Lula em jantar do grupo Prerrogativas, em São Paulo - 19.dez.2021/Divulgação

Após o evento, Kassab falou à imprensa sobre a estratégia do partido na eleição. Ele disse que parlamentares e líderes do PSD mantêm proximidade com o PT e que muitos aprovariam aliança já no primeiro turno. Citou como exemplos os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM).

"Em respeito a esses companheiros [senadores do PSD], eu não posso dizer que é impossível [uma aliança com o PT no primeiro turno]", disse. "Merecem todo o nosso respeito e é impossível termos uma definição sobre alianças sem a participação deles."

"Eu digo que, em homenagem a eles, não posso dizer que a chance não existe", afirmou Kassab. "Mas o que eu posso dizer: é praticamente certo que vamos ter uma participação no primeiro turno, candidatura própria."

No encontro de segunda de Kassab com Lula, de acordo com congressistas do PSD ouvidos pela Folha, entre eles o deputado federal Antonio Brito (BA), a conversa transcorreu em clima cordial, mas Kassab, mais uma vez, pontuou que o partido segue com a pré-candidatura de Pacheco, que só não será candidato caso não queira, nas palavras dos parlamentares.

O presidente do Senado, que trocou o DEM agora União Brasil pelo PSD para pavimentar a possível entrada na corrida ao Palácio do Planalto, tem dado indicações de pouco empenho na pré-campanha.

Isso tem levado à avaliação de que ele pode optar por pavimentar politicamente sua reeleição ao comando do Congresso caso projete que não conseguirá se descolar do traço nas pesquisas eleitorais a presidente.

Como mostrado pela coluna de Mônica Bergamo, um grupo no PSD defende a adesão do partido a Lula já no primeiro turno e cita a possibilidade de que isso possa ajudar o petista a se consolidar como um candidato de centro —e, assim, liquidar a fatura da eleição sem necessidade de uma segunda rodada.

À coluna Kassab disse existir essas vozes no PSD, mas também a de pessoas que sustentam que o partido não deveria ter candidato nem apoiar qualquer um deles no primeiro turno. A maioria, porém, continuaria a defender a candidatura própria.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também participou do encontro de Lula e Kassab, em São Paulo. Na noite desta terça (8), a Folha não conseguiu falar nem com Gleisi nem com Kassab.

Ainda de acordo com congressistas do PSD, há uma quase unanimidade a favor da união entre Lula e PSD no segundo turno das eleições.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que pode sair do PSDB e se filiar ao PSD, seria outro nome viável de candidato presidencial do PSD caso Pacheco desista de entrar na corrida presidencial.

No meio político, sempre houve uma avaliação de que a candidatura de Pacheco à Presidência poderia desembocar, na verdade, na ocupação da vice na chapa de Lula. A aproximação do petista com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), porém, interditou essa possibilidade.

A dobradinha Lula-Alckmin também frustrou os planos do PSD de ter o ex-tucano como candidato do partido ao governo de São Paulo. Com isso, Kassab convidou para assumir a função o prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth (PSD).

Presidente do PSD, Gilberto Kassab, discursa na convenção do partido
Presidente do PSD, Gilberto Kassab, em convenção do partido (foto de novembro de 2021) - Reprodução

Nesta quarta, Kassab esteve na filiação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), ao partido. Também participaram do evento Pacheco, líderes partidários, deputados da bancada federal do PSD e senadores da legenda. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), havia confirmado presença na filiação, mas não compareceu.

Kassab reforçou que o candidato do partido é Pacheco. Disse que o partido estabeleceu como prazo para uma definição o fim da janela partidária, no fim de março. "Ele está fazendo a avaliação, se ele aceita, está avaliando conosco essa missão", disse.

"Existe um consenso de que se ele aceitar o convite, ele será festejado. Ele não precisa sair fazendo pirotecnia pelo Brasil afora, como candidatos de outros partidos precisam, para se afirmar internamente. Ele tem visibilidade nacional, as pessoas conhecem as suas ideias. Essa é a razão de ele não ser pré-candidato", disse Kassab.

Kassab, porém, não descartou que o governador do Rio Grande do Sul possa ser o nome do PSD na eleição. "Ele [Leite] tem condições, tem pré-requisitos para ser candidato, é jovem, é respeitado, já mostrou que tem vontade de ser presidente da República", afirmou.

"Já mostrou que tem aliança com o PSD em seu estado, no Rio Grande do Sul. Também atende a uma expectativa do nosso partido de que o nosso presidente tenha independência em relação a esse governo. Não iremos caminhar com esse governo."

No ano passado, Leite foi derrotado por João Doria (PSDB), governador de São Paulo, na prévia para a escolha do candidato a presidente dos tucanos.

Também presente na cerimônia, Pacheco desconversou sobre a sua pré-candidatura. Durante seu discurso, o senador mineiro chegou a falar em "rumo a vitória", mas depois questionado sobre o assunto disse que se tratava da vitória de seu partido e que ele segue sem ter uma definição. Disse apenas que ficou lisonjeado com o convite feito pelo seu partido para ser candidato, mas ainda está analisando.

"Na verdade, eu nunca falei de pré-candidatura. Na verdade, o partido tem a legítima pretensão de ter um candidato a presidente, fico muito lisonjeado de o partido sempre lembrar do meu nome, mas não há uma pré-candidatura formalizada", disse Pacheco a jornalistas.

"O partido fará no momento oportuno [o anúncio sobre a candidatura], acho que daqui a alguns dias, alguns meses, o partido terá essa definição", completou.

O peso dos partidos

Fundo eleitoral*
PT R$ 490,8 milhões
PSD R$ 338,6 milhões

Fundo partidário*
PT R$ 109,8 milhões
PSD R$ 63,3 milhões

Bancada na Câmara
PT 53 deputados
PSD 35 deputados

Bancada no Senado
PT 7 senadores
PSD 11 senadores

*Dados de 2020 | Fonte: TSE

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