Enem 2021

Por g1


Resultados do Enem 2021 foram divulgados nesta quarta-feira (9) — Foto: Divulgação

Suponha que, em novembro de 2021, Maria e João tenham saído dos locais de prova levando os cadernos de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quando conferiram o gabarito oficial da prova, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), descobriram que ambos acertaram o mesmo número de questões na primeira etapa: 65.

No entanto, nesta quarta-feira (9), quando os resultados oficiais foram divulgados, eles se surpreenderam: tiraram notas diferentes. Isso acontece por causa do modelo matemático de correção do Enem: a Teoria de Resposta ao Item (TRI).

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Explicando de forma simplificada, é um método que busca priorizar a coerência no desempenho dos candidatos. Se alguém acerta as questões mais difíceis, mas erra aquelas consideradas fáceis, provavelmente "chutou" as respostas. Por isso, terá uma nota inferior à de um estudante que acertou as fáceis, mas errou as mais complexas.

Resultado do Enem já está disponível no site do Inep

Resultado do Enem já está disponível no site do Inep

Como a TRI funciona?

A prova é preparada com perguntas pré-classificadas como fáceis, médias e difíceis. O esperado é que o candidato tenha um desempenho melhor nas mais simples. A TRI faz uma análise estatística, "antichute", para calcular uma nota final que indique se houve coerência nas respostas.

Um exemplo: supondo que haja, no Enem, uma questão sobre quanto é 3 vezes 2. O candidato erra e responde 5, em vez de 6. Outra pergunta pede que o aluno calcule a área de um retângulo cuja base meça 3 cm e a altura, 2 cm. Ele responde corretamente: 6 cm².

Pela TRI, mesmo acertando a pergunta mais difícil, o aluno faria menos pontos. Isso porque, se ele não conseguiu efetuar a multiplicação da primeira questão, não teria como saber a resposta da segunda. Ou seja: provavelmente, "chutou" a resposta.

Para que existe a TRI?

A TRI apresenta as seguintes vantagens em relação ao método clássico de correção:

  • ao detectar os famosos "chutes", premia o aluno que, de fato, se preparou para a prova;
  • possibilita a comparação entre candidatos que tenham feito diferentes edições do exame;
  • torna mais improvável que dois concorrentes tirem exatamente a mesma nota - já que o resultado final é divulgado com duas casas decimais (816,48 pontos, por exemplo).

Vale a pena deixar questão em branco?

Não. A TRI não tira pontos de quem chuta a resposta - apenas dá uma pontuação menor para o acerto “na sorte”.

O aluno com desempenho incoerente, que errou as fáceis e acertou as difíceis, vai ganhar menos pontos, mas não vai perder nada.

Não preencher o gabarito, portanto, não é uma boa estratégia.

A redação também é por TRI?

Não. A TRI só vale para as respostas de múltipla escolha. Na redação, os corretores atribuem uma nota de 0 a 1.000, com base nas competências exigidas pelo Enem.

Contestação de notas

Nesta quinta-feira (10), candidatos do Enem 2021 postaram nas redes sociais pedidos para que o Inep revise as notas da prova. Segundo relatos, há quem tenha tirado cerca de 800 pontos na redação de 2020 e cerca de 600 na de 2021. Essa "quebra de padrão" no desempenho poderia indicar inconsistência nos dados divulgados, afirmam os estudantes.

O g1 entrou em contato com o Inep para saber se haverá um processo de revisão de notas, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.

As mesmas queixas já foram registradas em anos anteriores:

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