Por Nilson Klava e Guilherme Mazui, TV Globo e g1 — Moscou e Brasília


Bolsonaro se encontra com Putin em Moscou

Bolsonaro se encontra com Putin em Moscou

O presidente Jair Bolsonaro se submeteu a cinco exames de Covid exigidos pelas autoridades russas para poder se sentar ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, em reunião nesta quarta-feira (16) no Kremlin, em Moscou.

A viagem oficial de Bolsonaro acontece em um momento no qual a Rússia está no centro de uma crise diplomática internacional. O país liderado por Putin movimentou milhares de tropas na fronteira com a Ucrânia, o que foi visto pelas potências do Ocidente como ameaça de invasão.

Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin, reunidos em Moscou, acompanhados de dois intérpretes — Foto: Divulgação/Kremlin

Na conversa com Putin, Bolsonaro manifestou solidariedade à Rússia, mas não explicou qual era o contexto (leia mais abaixo). O encontro entre os dois presidentes já estava marcado antes da escalada da crise. Para analistas políticos, o presidente brasileiro tenta inflar sua imagem posando ao lado de um poderoso líder global.

Diferente de Bolsonaro, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, não quiseram se submeter aos exames russos para se encontrar com Putin. Segundo agências internacionais, eles temiam ceder DNA às autoridades do país. Com isso, em reuniões recentes com Putin, cada um sentou em uma ponta de uma comprida mesa e Putin na outra (imagem abaixo, com Macron).

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de reunião em Moscou com o presidente da França, Emmanuel Macron, em 7 de fevereiro de 2022 — Foto: Sputnik/Kremlin via Reuters

Outros presidentes, em visitas recentes a Putin, se sentaram na mesma distância que Bolsonaro: Alberto Fernández (Argentina), Tayyp Erdogan (Turquia) e Aleksander Lukashenko (Belarus).

Declarações

Na reunião, Bolsonaro disse que Brasil e Rússia têm "muito a colaborar em várias áreas". Ele também disse que o Brasil é solidário à Rússia, sem especificar em qual circunstância.

O governo brasileiro tem repetido nos últimos dias que a questão da Ucrânia não é o tema da viagem e que o Brasil pretende discutir com a Rússia maneiras de estreitar laços comerciais.

"Estou muito feliz e honrado pelo seu convite. Somos solidários à Rússia. [Temos] muito a colaborar em várias áreas. Defesa, petróleo e gás, agricultura. As reuniões estão acontecendo. Tenho certeza que até mesmo essa passagem por aqui é o retrato para o mundo de que nós podemos crescer muito com as nossas relações bilaterais", disse Bolsonaro ao lado do presidente russo e dos intérpretes.

Putin, por sua vez, disse que o Brasil é o principal parceiro comercial da Rússia na América Latina.

"Estamos retomando as relações que foram interrompidas pela pandemia. Os principais ministros dos seus governo visitaram Moscou. Hoje, foi realizado um encontro com os ministros das Relações Exteriores e da Defesa. Trabalhamos ativamente nos fóruns internacionais. É uma alegria recebê-lo e espero que nosso encontro seja produtivo. O Brasil é o principal parceiro comercial na região da América Latina. Bem-vindo", afirmou o presidente russo ao lado de Bolsonaro.

Após o encontro, questionado por jornalistas brasileiros sobre o que quis dizer quando falou em solidariedade com a Rússia, disse que isso vale para qualquer país.

"Não dou recado para ninguém. É a natureza do... O Brasil é um país pacifista, e o mundo — vale para outros países — tem seus problemas regionais. Aqui, existe um problema, e nós somos solidários com todo e qualquer país desde que o caminho para busca da solução dos impasses seja o pacífico", declarou.

Túmulo do Soldado Desconhecido

O presidente Jair Bolsonaro depositou flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, em Moscou — Foto: Alan Santos/PR

O encontro de Putin e o presidente brasileiro faz parte da agenda oficial da viagem de Bolsonaro a Moscou. Mais cedo, Bolsonaro iniciou a programação depositando flores no Túmulo do Soldado Desconhecido.

O marco é um memorial para reconhecer as perdas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Milhões de civis e soldados soviéticos morreram no conflito. Fica ao lado do Kremlin.

O corpo enterrado ali é de um soldado desconhecido que morreu em 1945. Há no local uma estrela de cinco pontos, símbolo comunista. Nessa estrela há uma pira. A pedra do monumento é vermelha, a cor do comunismo soviético. Há uma escultura da bandeira da União Soviética, que inclui uma foice e um martelo, outros símbolos comunistas.

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Criticado por seguidores nas redes sociais por homenagear símbolos do comunismo, ideologia que ele sempre atacou, Bolsonaro escreveu: "Soldado é simplesmente soldado."

Cronograma

Ainda nesta quarta, Bolsonaro tinha na programação encontro com empresários russos. O governo brasileiro vem ressaltando que o país tem interesse em parcerias com setores da economia russa, como o de energia e o de fertilizantes.

Nesta quinta, ele viajará para a Hungria, onde terá encontro com o presidente Victor Orbán, líder político de extrema-direita. Será o último compromisso antes de voltar para o Brasil.

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