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Atraso na 3ª dose pode comprometer programa de imunização, diz Vecina Neto

Colaboração para o UOL, em Brasília

21/02/2022 09h40

Em entrevista ao UOL News, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto destacou hoje que a baixa adesão à terceira dose da vacina contra a covid-19 pode comprometer o plano de imunização no país.

"Por volta de quatro a cinco meses após a vacina, há uma queda na capacidade de anticorpos para defender o corpo contra o coronavírus. Atualmente, mais de 70% das pessoas que deveriam ter tomado a terceira dose não tomaram... Só 30% tomaram", disse Vecina Neto.

"É fundamental a vacinação de pessoas com a terceira dose da população com 18 anos ou mais", comentou. "Terceira dose protege contra internação e morte. Entre os hospitalizados, em grande medida, estão pessoas que não foram vacinadas ou não tiveram ciclo vacinal completo."

O médico alerta que a onda de contaminação não é um risco para a vacinação. "O corpo precisa ter condições de produzir anticorpos. Deve-se esperar um prazo de 30 dias para tomar a vacina ou dose de reforço quem teve a doença", alertou.

Podem tomar o reforço pessoas que receberam a segunda dose há ao menos quatro meses.

O número de pessoas que receberam duas doses ou dose única de vacinas contra covid-19 no Brasil chegou no sábado (19), a 153,9 milhões, o equivalente a 71,63% da população. Mais de 170 milhões de habitantes do país, o que corresponde a 79,63% da total, foram vacinados com ao menos a primeira aplicação.

Os dados são reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto a secretarias de 26 Estados e Distrito Federal.

Segundo informações do jornal O Globo divulgados hoje, 33 milhões de brasileiros aptos a tomarem a dose de reforço ainda não apareceram nos pontos de aplicação.

O levantamento aponta que o Estado com mais atrasados é São Paulo, que acumula 8 milhões de pessoas que podem tomar a terceira dose, mas não tomaram. O Estado é seguido por Pará (3,3 milhões); Minas Gerais (3 milhões); e Bahia (2,7 milhões).

O UOL entrou em contato com o Ministério da Saúde e atualizará a reportagem quando houver manifestação da pasta sobre esses dados.

Ainda é cedo para 4ª dose

Na avaliação de Vecina Neto, ainda é cedo para pensar numa quarta dose para a população geral.

"Temos problemas para adotar uma quarta dose da vacina porque faltam evidências científicos robustas e a maior parte da população ainda não tomou sequer a terceira dose", disse. "Pessoas imunocomprometiodas e os muito idosos precisam tomar a quarta dose. De resto, estamos em discussão."

A análise do sanitarista está de acordo com nota informativa publicada no início deste mês, em que o Ministério da Saúde se posicionou contra a aplicação da quarta dose de vacina contra a covid-19 na população geral —inclusive em pessoas com 60 anos ou mais.

Na avaliação do grupo que subsidiou o documento, há necessidade de evidências científicas mais concretas para a inclusão de mais uma dose reforço no esquema vacinal.

"O Ministério da Saúde, com base nos dados existentes neste momento, não recomenda a quarta dose de vacinas ou segunda dose de reforço contra a covid-19 para população geral, incluindo indivíduos a partir de 60 anos de idade", orienta o informe.

A Ctai manteve a orientação de que pessoas imunocomprometidas acima de 12 anos devam tomar uma segunda dose de reforço. Enquadram-se nesse grupo, por exemplo:

  • Pessoas com HIV;
  • Pessoas com imunodeficiências;
  • Pessoas com neoplasias hematológicas;
  • Transplantados de órgão sólido ou medula óssea;
  • Pessoas com doenças reumáticas e em uso de corticoides;
  • Pessoas que fizeram quimioterapia 6 meses antes da vacina.

O reforço para o público de até 17 anos deve ser feito com a vacina da Pfizer. A recomendação da pasta está alinhada com a posição do ministro Marcelo Queiroga.

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