Por Carolina Dantas, G1


Candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) é atendido em hospital de Juiz de Fora após ser esfaqueado — Foto: Arquivo pessoal/G1

O candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) foi ferido com uma facada na tarde desta quinta-feira (6) na cidade de Juiz de Fora (MG). De acordo com cirurgião especializado ouvido pelo G1, esse tipo de lesão é grave, mas a recuperação dependerá de como o corpo irá reagir no pós-operatório. Ele pode ficar até 3 meses com uma bolsa externa ligada ao intestino – entenda os motivos abaixo.

O quadro de Bolsonaro:

  • A lesão no fígado foi descartada após laparotomia exploradora – quando os médicos abrem a barriga para checar quais foram os órgãos afetados;
  • O candidato teve um choque hipovolêmico - quando há perda severa de sangue. Após o procedimento médico, o sangramento foi controlado.
  • Ocorreu uma lesão de uma veia na região do abdômen, controlada pelos médicos;
  • Ocorreu uma lesão transfixante (perfuração) grave no intestino grosso, com importante contaminação fecal, que foi resolvida pelos médicos (fechada);
  • Ocorreram três lesões no intestino delgado, que também foram suturadas pelos médicos;
  • Ele fez uma colostomia temporária para evitar uma infecção no intestino grosso.

Equipe médica explica detalhes sobre estado de saúde de Jair Bolsonaro

Equipe médica explica detalhes sobre estado de saúde de Jair Bolsonaro

De acordo com o médico Luiz Henrique Borsato, da equipe que atendeu Jair Bolsonaro na Santa Casa de Juiz de Fora, o candidato não deverá ter alta hospitalar antes de "uma semana ou 10 dias".

"Foi feita a abertura da barriga (laparotomia exploradora), mas como tinha muito sangue, a primeira ideia era que poderia ser uma lesão do fígado, que é um órgão que sangra muito. Mas foi uma lesão de uma veia no abdômen", disse o cirurgião Flávio Quilici, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Quilici explica que a lesão do intestino grosso é a que precisa de mais atenção. Como é por ali que acontece a passagem das fezes, é necessário fazer um desvio para que não ocorra uma infecção quando passar pelos pontos.

"O problema é que a lesão do cólon (intestino grosso), como perfurou e tem fezes na região, pode contaminar a barriga. Isso obriga, para garantir a segurança do paciente, a fazer um desvio das fezes", explica.

"O local onde ocorreu a lesão foi muito agredido e extravazou uma quantidade grande de fezes para a cavidade abdominal, acarretando uma contaminação. Aquela área não poderia ser recuperada e foi retirada".

Colostomia: entenda o procedimento que passou Bolsonaro — Foto: Igor Estrella e Alexandre Mauro/G1

A colostomia é um procedimento que encaminha as fezes e os gases do intestino grosso para uma bolsa fora do corpo, na região abdominal. A ideia é evitar a passagem das fezes pelos ferimentos, o que poderia causar uma infecção no local da perfuração e/ou uma reabertura das feridas.

O paciente poderá ficar alguns meses com a bolsa. Neste caso, não é um procedimento permanente.

"É grave. Foi atendido rapidamente e foi operado rapidamente. Os riscos que ele passa a correr são os de a veia voltar abrir, além das infecções", disse Quilici.

Segundo Quilici, a colostomia temporária irá trazer limitações para o candidato antes das eleições. "Isso vai interferir e muito em como ele vai se movimentar na campanha. Ele estará hospitalizado, depois tem um tempo de recuperação, e precisa estar sempre cuidando do líquido que sai para a bolsa".

INFOGRÁFICO: Bolsonaro leva facada em Minas — Foto: Foto: Roberta Jaworski e Alexandre Mauro/G1

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