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Ex-apoiadores de Bolsonaro migram na direção de Moro

Além de ex-ministros, deputados federais participaram do evento de filiação do ex-juiz ao Podemos

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

BRASÍLIA - No ato de filiação de Sérgio Moro, realizado nesta quarta-feira, 10, em Brasília, dois ex-ministros de Jair Bolsonaro prestavam atenção ao discurso que o antigo colega de equipa ministerial fazia, repletos de críticas ao presidente. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que comandou a pasta da Secretaria de Governo, e Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, eram dos principais nomes entre os ex-aliados de Bolsonaro que se aproximaram de uma possível candidatura presidencial do ex-ministro da Justiça. Mas nas primeiras filas do auditório Ulysses Guimarães, parlamentares eleitos na onda do bolsonarismo, em 2018,já ocupavam as primeiras filas para ouvir as palavras de Moro, deixando o presidente Bolsonaro de lado.

Nessa plateia de ex-bolsonaristas, além dos ex-ministros estavam, por exemplo, os deputados federais Júnior Bozzella (PSL-SP), Professora Dayane Pimentel (PSL-BA), Julian Lemos (PSL-PB) e Luis Miranda (DEM-DF).

Luiz Henrique Mandetta, aparece ao lado do juiz Sérgio Moro; ex-ministro da Saúde é apontado como opção da terceira via. Foto: Evaristo Sá/AFP

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“Todos têm o direito de apoiar e votar em quem quiser. Mas ninguém tem boas justificativas para votar em Lula ou em Bolsonaro. Dito isso, estamos no jogo da democracia e cada um defenderá quem melhor lhe representa. Eu me sinto representada por Moro”, disse a deputada Professora Dayane.

“Moro é o herói de toda uma geração cansada de ver o Brasil ser saqueado por corruptos. Ele representa o significado mais genuíno do patriotismo. Deixou a toga e o ministério por convicção, por comprometimento com o país, e isso está na memória de todo brasileiro”, disse Bozzella nas suas redes sociais.

Pivô de uma crise direta com o presidente Bolsonaro, por conta de denúncias feitas pelo seu irmão em relação à pressão para aquisição de vacinas contra a covid, o deputado Luis Miranda fez questão de posar para fotos ao lado de Moro.

“Nós continuamos combatendo a corrupção. Nós não nos aliamos a corruptos de nenhum lado. Nós não fechamos os olhos para os erros de ninguém. Nós pagamos um preço alto por isso. Nós temos a consciência tranquila. Nós vamos construir um país verdadeiramente diferente”, afirmou o deputado.

O general Santos Cruz concorda que Moro pode se tornar a opção preferencial para quem, como ele, ficou decepcionado com o governo Bolsonaro.

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“Na campanha de 2018, existia um entusiasmo muito grande para encerrar aquele período do PT. O PT estava desgastado por escândalos financeiros, escândalos de corrupção. Então, existia um entusiasmo geral para terminar aquele período e começar um novo. E Bolsonaro se apresentou com um discurso do qual não cumpriu nada”, lembra o general.

Dentro de seu novo partido, Moro já desperta a admiração de aliados atuais de Bolsonaro, como os senadores Eduardo Girão (CE) e Marcos do Val (ES), que atuaram na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid alinhados ao governo Bolsonaro. Os dois compareceram ao ato de filiação. Girão considerou o discurso de Moro “sereno e forte”.

“Participei do ato de filiação do ex-ministro Sérgio Moro ao Podemos. Em seu discurso sereno e forte, ele ressaltou a necessidade de diálogo para unir o País, a importância de enfrentar a corrupção, o retorno da prisão em 2ª instância, o fim da reeleição e do foro privilegiado”, postou o senador nas suas redes sociais.