Por Rodrigo Rodrigues e Vivian Reis, g1 SP — São Paulo


Vereadoras do Partido Novo registram boletins de ocorrência

Vereadoras do Partido Novo registram boletins de ocorrência

O Partido Novo suspendeu nesta quinta-feira (11) as vereadoras que se envolveram em uma briga no banheiro da Câmara Municipal de São Paulo na noite de quarta-feira (10).

Em nota, o diretório nacional do partido, por meio de sua Comissão de Ética Partidária, informou que a suspensão da filiação de Cris Monteiro e Janaína Lima vai durar pelo menos até o fim da apuração sobre o episódio. De acordo com a agremiação, a decisão será comunicada à Câmara Municipal.

"O partido não corrobora com nenhum ato de violência. Outras providências poderão ser adotadas após o esclarecimento dos fatos, dentro das instâncias partidárias adequadas", informou o Novo nesta tarde.

A decisão atendeu a um pedido do diretório municipal do partido, que informou estar alinhado com o posicionamento do diretório estadual.

Vereadora Cris Monteiro (Novo) divulgou em suas redes sociais os ferimentos que sofreu durante a briga com a colega de partido. — Foto: Reprodução

Entenda

A briga ocorreu durante a votação da Reforma da Previdência municipal na noite desta quarta, ainda no plenário. O conflito teria sido provocado por conta do tempo de fala ao microfone que cada uma teria, segundo informou Janaína Lima.

De acordo com o gabinete de Cris Monteiro, após a discussão entre as parlamentares, ambas entraram no banheiro e, dentro do espaço, durante acalorada discussão, a vereadora teria sido “empurrada contra a parede e agarrada pelo pescoço, até cair no chão”.

Cris Monteiro, de 60 anos, registrou na manhã desta quinta um boletim de ocorrência por conta da agressão.

As vereadoras Cris Monteiro e Janaína Lima, do Partido Novo, que se agrediram no banheiro da Câmara Municipal de São Paulo na noite de quarta-feira (10). — Foto: Montagem/g1

Vídeo da votação mostra as duas discutindo no plenário durante a sessão:

Vereadoras do Partido Novo trocam empurrões no plenário da Câmara de SP

Vereadoras do Partido Novo trocam empurrões no plenário da Câmara de SP

A parlamentar diz que está com marcas roxas evidentes no pescoço, machucou o joelho na queda e teve escoriações. Ela postou em suas redes sociais imagens dos ferimentos.

A vereadora também afirmou que tem alopecia e teve sua peruca arrancada e pisoteada por Janaina durante a briga.

A porta do banheiro precisou ser arrombada e Monteiro afirma que foi socorrida por uma GCM e uma assessora parlamentar, registrando boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia da Sé, no Centro da capital paulista.

“O motivo da discussão que culminou em agressão foi um desentendimento sobre o tempo de fala sobre a reforma da previdência municipal, projeto que estava em votação ontem em plenário”, afirmou em nota Cris Monteiro.

“Ela avançou no meu pescoço, começou a apertar, eu fiquei muito assustada, estávamos a sós no banheiro. Ela arrancou a minha peruca, tanto que estou com a cabeça toda arranhada, pisou na minha peruca. Quando eu caí no chão fez um barulho estrondoso por causa de uma lata de lixo de inox, nisso as pessoas entraram no banheiro”, afirmou Cris Monteiro em entrevista ao SP2

“A Procuradoria da Câmara abriu procedimento de investigação interna para apurar o episódio. Cris foi socorrida por uma GCM e uma assessora parlamentar. (...) Janaína saiu do banheiro e, em seguida, fez um discurso de meia hora no púlpito do plenário, sem prestar atendimento a Cris Monteiro”, completou.

Vídeo mostra início da agressão entre duas vereadoras do Partido Novo em SP

Vídeo mostra início da agressão entre duas vereadoras do Partido Novo em SP

O que diz Janaína Lima

A vereadora Janaína Lima afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que é falsa a tentativa de esganadura. Segundo ela, a confusão entre as duas parlamentares do Partido Novo começou ainda no plenário, quando Cris Monteiro não quis aceitar o acordo da bancada que dava a ela 15 minutos de discurso.

Lima afirmou que, ainda em plenário, foi empurrada pela colega nas escadas e que, no banheiro da Câmara, a situação ficou insustentável e ela só tentou se defender das agressões sofridas pela companheira de partido, agindo totalmente em legítima defesa.

Nas redes sociais, Janaína também mostrou as marcas da agressão que sofreu da colega.

Marcas da agressão que a vereadora Janaína Lima (Novo) diz ter sofrido da vereadora Cris Monteiro, do mesmo partido. — Foto: Divulgação

Lima registrou um boletim de ocorrência contra a colega de bancada e já pediu que a Câmara Municipal apure o caso.

No boletim de ocorrência a vereadora alega que foi agarrada pelos braços e empurrada no banheiro, ficando com os braços presos na parede, o que causou lesões aparentes na parte inferior.

"Após a fala dos relatores ela seria a primeira a falar, então, realmente, foi um ato de infantilidade. Nesse momento ela tenta justificar seu ato pronunciando calúnias ao meu respeito. Todo o meu ato foi de legítima defesa, tenho vídeo, tenho provas, vim na Justiça, fiz um boletim de ocorrência, corpo de delito e estou com a verdade", disse Janaína Lima em entrevista ao SP2.

A vereadora declarou ainda que pretende levar o episódio à Justiça e vai pedir que o Partido Novo em São Paulo tome providências internas sobre o ocorrido.

Mesa Diretora da Câmara

Cris Monteiro declarou que “ficou extremamente abalada com o ocorrido e está se recuperando” e também que “é conhecida por seu caráter democrático e de diálogo franco e aberto”.

Por meio de nota, o presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite (DEM), afirmou que “acompanha o caso envolvendo as duas vereadoras do Novo e tomará as medidas cabíveis”.

“Não admito nenhuma agressão dentro deste espaço democrático que é a Câmara. Todo tipo de violência é lamentável”, disse a nota.

Discussão entre as duas vereadoras do Partido Novo na Câmara Municipal de São Paulo, na quarta-feira (10). — Foto: Reprodução

A votação

O texto da Reforma da Previdência foi aprovado na madrugada desta quinta (11), em segunda e definitiva votação. O projeto de emenda à Lei Orgânica (PLO) recebeu 37 votos favoráveis e 18 contrários.

A sessão foi marcada por brigas e discussões entre parlamentares do governo e da oposição, no plenário, e também por confronto do lado de fora da Casa entre servidores que se manifestavam contra a reforma e guardas civis e policiais militares.

Vereadores batem boca no plenário da Câmara Municipal de SP nesta quarta-feira

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Os manifestantes jogaram ovos, garrafas e mastros de bandeira contra o prédio da Câmara, e os guardas revidaram com balas de borracha. Uma mulher fraturou a perna durante a ação da Polícia Militar e da GCM.

O projeto chegou a ficar pendente de votação na primeira sessão, ou seja, não atingiu o número mínimo para ser aprovado ou rejeitado.

Como havia cinco sessões extraordinárias previstas, o presidente da Casa, o vereador Milton Leite (DEM), abriu a segunda, e o PL obteve os 37 votos necessários para a aprovação.

Confronto entre manifestantes e polícia marcam votação na Câmara Municipal

Confronto entre manifestantes e polícia marcam votação na Câmara Municipal

Como se trata de PLO, não há necessidade de sanção do prefeito. O texto entrará em vigor em 120 dias.

A lei prevê que cerca de 63 mil aposentados que ganham mais que um salário mínimo (R$ 1.100) passem a contribuir com a Previdência municipal com uma alíquota de 14%. Na atual regra do município, o percentual só é descontado de quem ganham acima de R$ 6.433.

Manifestantes ateiam fogo em frente à Câmara durante protesto contra Reforma da Previdência municipal de SP — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1

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