Rio Coronavírus

Último paciente com Covid-19 no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla recebe alta no Rio

Unidade é referência para tratamento da doença no Rio. Só este ano, cuidou de cerca de 10.800 pessoas contaminadas com o coronavírus
Último paciente que estava com Covid no Hospital Ronaldo Gazolla recebe alta Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Último paciente que estava com Covid no Hospital Ronaldo Gazolla recebe alta Foto: Ana Branco / Agência O Globo

RIO — Após três meses internado, Adelino Gomes Silva Filho, de 70 anos, último paciente com Covid-19 no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla , em Acari, Zona Norte do Rio, teve alta no início da tarde desta segunda-feira. Na saída do Hospital, Adelino foi recepcionado sob aplausos pela equipe do Ronaldo Gazolla, a quem ele agradeceu por sair vivo após tanto tempo de internação.

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Adelino mora na Ilha do Governador e é pai de 29 filhos. A volta pra casa é poucos dias antes de comemorar, no dia 1º de dezembro, o aniversário das filhas gêmeas, que farão 15 anos.

— Fiquei muito ruim e achei que fosse morrer. Se vacinem. Se não se vacinar, você vai para o outro lado. Quem não quer tomar vacina é maluco, rapaz — afirmou Adelino, que completou sobre seus planos para hoje: — Agora vou para casa ver meus filhos.

Profissionais de saúde da unidade em Acari, só este ano, cuidaram de cerca de 10.800 pessoas contaminadas com o coronavírus
Profissionais de saúde da unidade em Acari, só este ano, cuidaram de cerca de 10.800 pessoas contaminadas com o coronavírus

Surpreso com a recepção, emocionado e com os olhos lacrimejando, Adelino ainda relembra os dias difíceis das internações:

— Foram os médicos e enfermeiros que me deram força e me curaram. Cheguei quase morto e consegui sobreviver. No início, fiquei maluco e os médicos tiveram muita paciência comigo — relembra.

Após ser muito aplaudido pelos funcionários do hospital, Adelino aproveitou para retribuir a homenagem e bateu  palmas para os profissionais de Saúde. Logo depois, ele recebeu um abraço apertado da filha, Inês Ribeiro, que aguardava ansiosa a saída do pai a internação.

— Ele ficou quase três meses e ficou alguns dias na UTI. Foram semanas de apreensão. Agora é festa em casa  — comemorou.

Adelino Gomes Silva Filho, sua filha e neta após sua volta para casa Foto: Arquivo pessoal
Adelino Gomes Silva Filho, sua filha e neta após sua volta para casa Foto: Arquivo pessoal

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Na tarde desta segunda feira 36 pacientes estão internados por Covid-19 na rede pública de saúde do Rio. Desses, 24 estão em um leito de UTI. Segundo o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz, o Rio ainda registra por dia, em média, quatro óbitos pela Covid-19. Neste domingo, por exemplo, foram duas mortes pela doença na cidade. Um dos desafios agora é o atendimento para os pacientes com sequelas da Covid-19 e continuam internadas na rede pública. Somente em Acari há 45 pacientes e em toda a cidade são 144 pessoas internadas se recuperando da doença:

— Com a alta do seu Adelino podemos transformar a ala em que ele estava para o atendimento pós-Covid. Ainda temos muita gente na cidade do Rio se recuperando das sequelas. O setor pós-Covid é a internação de pessoas que tenham sequelas respiratórias, motoras e deficiência hepática ou renal por causa da doença — disse Soranz.Só este ano, os profissionais de saúde da unidade —  referência para tratamento da doença no Rio — cuidaram de cerca de 10.800 pessoas contaminadas com o coronavírus.

No início de dezembro, será entregue à população um centro de reabilitação pós-Covid. O atendimento ambulatorial já foi retomado, e quase a totalidade das vagas de internação tem sido regulada para aqueles sem a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Ainda este mês, o centro cirúrgico deve ser reaberto.

— A vida está voltando ao normal, mas os cuidados mínimos continuam. O que podemos pedir nesse momento é que sigam o conselho do seu Adelino. Quem não se vacinou, que se vacine. Ele me disse que só sobreviveu porque se vacinou. Agora temos um acúmulo de pessoas na fila de espera para outras especialidades. Chegamos a mais de 75% da população totalmente vacinada, e aos pouquinhos vamos liberar as máscaras em espaço fechado também.Já pedimos ao Ministério da Saúde ter a terceira dose para até 30 anos, pelo menos. — afirmou o prefeito Eduardo Paes, que acompanhou a alta de Adelino.

Hoje vazio, o hospital recebeu, apenas este ano, 10.800 pacientes com a Covid-19 Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Hoje vazio, o hospital recebeu, apenas este ano, 10.800 pacientes com a Covid-19 Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

O Hospital Ronaldo Gazolla voltará agora a ser uma unidade de retaguarda do município do Rio. Além de procedimentos cirúrgicos que devem começar no próximo mês, ele já recebe pacientes de outras unidades de saúde e que precisam de internação. Esta será uma unidade chave para o plano de redução da fila do Sisreg que a prefeitura prevê para 2022. Atualmente 170 mil pacientes aguardam na fila para consultas — como cirurgia, exames e procedimentos ambulatoriais.  A previsão da prefeitura é investir cerca de R$ 1 bilhão no próximo ano para zerar a fila em 18 meses.

— Muitas doenças foram negligenciadas nesse período. Muitos exames e cirurgias eletivas não foram feitos. Toda a rede do SUS precisará para trabalhar para recuperar o tempo perdido. O Gazolla começa a ofertar consultas ambulatoriais para diminuir a fila do Sistema de Regulação e de internações para reduzir o tempo de espera por um leito — afirma Soranz.

No fim de outubro parte dos leitos do Gazolla começaram a ser convertidos para receber pacientes com outras doenças. Até o momento já foram 658 pessoas que não estavam com Covid-19 atendidas na unidade. Dos 420 leitos, 300 já atendem pacientes sem coronavírus, sendo 180 de CTI e 120 de enfermaria.