Política

Bolsonaro afirma que espera 'casar ou desfazer noivado' com PL em 'pouquíssimas semanas'

Em meio a divergências com partido, presidente afirmou que 'tem tudo para a gente casar e ser feliz'
O presidente Jair Bolsonaro visita a Expo 2020, em Dubai Foto: - / AFP
O presidente Jair Bolsonaro visita a Expo 2020, em Dubai Foto: - / AFP

BRASÍLIA — Em meio a divergências com o PL, que causaram o adiamento da sua cerimônia de filiação, o presidente Jair Bolsonaro afirmou neste segunda-feira que espera "casar ou desfazer o noivado" com o partido em "pouquíssimas semanas". De acordo com Bolsonaro não é possível esperar o prazo limite para definição do novo partido, em março, um mês antes da data limite de filiação partidária para disputar as eleições de 2022.

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— Eu espero em pouquíssimas semanas, duas, três, no máximo, casar ou desfazer o noivado. Mas eu acho que tem tudo para a gente casar e ser feliz — disse Bolsonaro, na saída da Expo 2020.

O presidente afirmou que mantém conversas com o PP e com o Republicanos, dois dos partidos com quem vinha negociando antes de quase fechar o acordo com o PP. Ele também relatou que tem conversado sobre o assunto com os ministros Ciro Nogueira (Casa Civl), Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

— O PP me quer lá ainda — disse, acrescentando depois: — A possibilidade (de se filiar a outro partido) existe. Eu tenho um limite. O Republicanos também continua conversando comigo, agora depois desse caso.

No domingo, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, anunciou o adiamento da cerimônia de filiação de Bolsonaro à legenda, que estava marcada para o dia 22. Segundo Costa Neto, a decisão foi tomada "de comum acordo" com Bolsonaro "após uma intensa troca de mensagens na madrugada".

O adiamento da cerimônia foi divulgado horas após Bolsonaro afirma que ainda tem "muita coisa a conversar" com Valdemar e que o "casamento" com o PL poderia "atrasar um pouco".

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De acordo com Bolsonaro, um dos principais entraves continua sendo o palanque de São Paulo. O PL havia feito um acordo para apoiar o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), aliado político do governador João Doria, que é adversário do presidente.

— O que acontece: alguns estados, que para mim, para a possível eleição, se eu vier candidato, são vitais, como São Paulo. Ele tem um compromisso em São Paulo, que é com um candidato que vai apoiar o atual governador, se ele estiver o espaço lá no partido dele.

O presidente ressaltou que Costa Neto "nunca desonrou" a palavra dele e que agora está tentando desfazer o acordo feito em São Paulo:

— Depende do Valdemar, com a sua habilidade que todo mundo conhece, conduzir esse acordo que ele fez no passado. Ele nunca desonrou a palavra dele. Isso aí nós temos realmente em um alto valor, para a gente partir para um casamento que tem tudo para dar certo.

Bolsonaro ressaltou que o limite legal para entrar em um partido seria março do ano que vem (a filiação precisa ocorrer até seis meses antes da eleição, no início de abril), mas ressaltou que esse prazo seria "tarde demias".

— O prazo é março, mas março é tarde demais, porque já começam pessoas a se apresentarem como candidatos pelo Brasil.

Bolsonaro também disse que quer que Costa Neto defenda pautas conservadoras:

— Falei, mandei mensagem para o Valdemar Costa Neto. Temos bandeiras que não sou eu falando no dia da filiação. Quero que ele também fale. Nós dois devemos estar afinados.

Bolsonaro e Costa Neto reuniram-se no Palácio do Planalto na quarta-feira. Após o encontro, o presidente da legenda afirmou que a filiação estava definida e que uma cerimônia seria realizada no dia 22 de novembro, em Brasília. Essa informação, no entanto, não foi confirmada pelo Planalto.

Por isso, o presidente afirmou nesta segunda que ele não pode "voltar atrás" porque nunca anunciou a filiação.

— Não vou voltar atrás porque eu não falei nada. Eu nunca conversei com vocês (sobre a filiação). Na política, as coisas só acontecem depois que você assina. Eu falei para algumas pessoas: "está 99,9% acertado". Faltava São Paulo.