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Senadores articulam fim do orçamento secreto com apoio do governo

Senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e José Aníbal (PSDB-SP), depois de reunião com Fernando Bezerra

Enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, tenta limpar a barra das emendas de relator, senadores articulam o fim do orçamento secreto já em 2022. A manobra tem o apoio do governo. 

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O plano de extinguir as chamadas emendas de relator, que tiveram o pagamento suspenso por determinação do Supremo Tribunal Federal, faz parte da reformulação da PEC dos Precatórios que os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), José Aníbal (PSDB-SP) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) estão negociando com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). 

Em uma reunião feita ontem, os três expressaram a Bezerra o desejo de secar a fonte de financiamento dessas emendas, classificando-as como “barbárie”. Os detalhes de como isso será feito ainda estão em discussão, mas a ideia é proibir o pagamento de emendas que não estejam descritas na Constituição. 

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Bezerra concordou em negociar e se comprometeu a levar a proposta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que hoje é o responsável por distribuir os recursos aos senadores. 

As emendas de relator representam pouco menos de R$ 20 bilhões do Orçamento federal. São distribuídas segundo critérios exclusivamente políticos a parlamentares que prometem se alinhar em votações relevantes para a cúpula do Congresso. 

São conhecidas como "orçamento secreto" porque, ao contrário das outras emendas do orçamento, não se conhece quem apadrinha o envio dos recursos, quais os critérios de distribuição e como a verba é aplicada. 

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Para governistas, como Bezerra e os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, acabar com as emendas de relator é um bom negócio, porque significa a retomada do comando da articulação política para o governo.

Hoje, esse papel está terceirizado para Arthur Lira, que tem o controle da distribuição de R$ 11 bilhões do orçamento secreto neste ano na Câmara dos Deputados. 

No Senado, Pacheco se negou a assumir essa articulação em nome do governo. E ainda que quem opere a divisão das emendas seja Alexandre Silveira, seu assessor e suplente do colega de partido Antônio Anastasia (PSD-MG), elas não são usadas como moeda de troca para a aprovação de projetos do governo. Esse é um dos motivos apontados pelos políticos para as dificuldades do Executivo em articular a aprovação de projetos de seu interesse no Senado.

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Na PEC dos Precatórios não será diferente. Os três senadores, que elaboram uma proposta divergente do texto que veio da Câmara, afirmam que já contam com 35 votos - de um total de 81 senadores - mesmo antes de apresentar formalmente o seu projeto. 

O texto a ser apresentado por Vieira, Aníbal e Oriovisto tem tudo para provocar conflito com a Câmara dos Deputados, onde a distribuição dessas emendas ganhou escala e adesão entre os deputados. Por isso, é mais fácil debater o seu fim no Senado. Além disso, a nova redação da PEC que eles preparam deve impedir a alteração da regra do teto de gastos e não permitirá o parcelamento do pagamento de precatórios para os anos seguintes – os pontos principais da PEC aprovada na Câmara.

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Parcelar precatórios significaria deixar como herança para quem assumir a Presidência em 2023 uma conta que começaria em torno de R$ 50 bilhões.

A ação dos senadores também carrega um componente político. Oriovisto e Aníbal são de partidos que terão candidatos à Presidência da República em 2022. Vieira, que é pré-candidato pelo Cidadania, também demonstra simpatia pela candidatura de Sergio Moro, que se filiou ao Podemos na semana passada.

 

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