Por g1


Principal general do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, e o primeiro-ministro do país, Abdalla Hamdok, na cerimônia de assinatura de um acordo que prevê a volta de Hamdok ao cargo e também restaurar a transição para um regime civil no país, em 21 de novembro de 2021, quase um mês após um golpe militar — Foto: AFP

O general Abdel Fattah al-Burhan assinou neste domingo (21) um acordo com Abdallah Hamdok, primeiro-ministro que foi preso em um golpe militar há quase um mês, para restabelecer o processo de transição para um governo civil no Sudão.

Firmado no palácio presidencial, na capital Cartum, o acordo de 14 pontos prevê a libertação dos líderes civis que haviam sido detidos no golpe e o retorno de Hamdok ao cargo de primeiro-ministro.

Mas a população continuou a protestar contra os militares e não aceitou o acordo, que segundo a rede britânica BBC foi fechado com uma arma apontada para a cabeça de Hamdok.

Ao menos uma pessoa morreu nas manifestações (veja mais abaixo).

Imagem de vídeo mostra, da esquerda para a direita: o vice-chefe do Conselho Militar de Transição do Sudão, Mohamed Hamdan Dagalo, o general Abdel Fattah al-Burhan e o primeiro-ministro do país, Abdalla Hamdok, durante cerimônia de assinatura de acordo para restaurar a transição ao governo civil no país, na capital Cartum, em 21 de novembro de 2021 — Foto: AFPTV

Golpe militar e protestos

O golpe de Estado foi liderado pelo próprio al-Burhan, em 25 de outubro. Além da prisão de Hambok e de outros líderes civis, o general fez um pronunciamento oficial na TV estatal e anunciou um estado de emergência em todo o país.

Milhares de pessoas saíram às ruas da capital Cartum e da cidade vizinha de Omdurman para protestar já no dia do golpe, bloqueando vias e incendiando pneus, enquanto forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para dispersá-las.

Os protestos continuaram, e os militares ampliaram a repressão, usando munições reais e matando ao menos 40 pessoas em quase um mês.

Protestos contra o acordo

Apesar do acordo deste domingo, pessoas continuaram a sair em várias cidades do país e mantiveram os protestos. Várias organizações da sociedade civil rejeitaram o pacto e defendem um governo sem militares.

Sudaneses protestam contra acordo político após golpe militar que interrompeu a frágil transição do país para a democracia, na capital Cartum, em 21 de novembro de 2021 — Foto: Marwan Ali/AP

Um jovem de 16 anos morreu após ser baleado na cabeça por forças de segurança em Omdurman, cidade vizinha à capital Cartum, disse o Comitê Central de Médicos Sudaneses em um comunicado.

A multidão se reuniu em frente ao palácio presidencial em Cartum, onde o acordo foi assinado, e as forças de segurança reagiram lançando gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Segundo a agência de notícias Reuters, alguns gritavam: "Hamdok vendeu a revolução".

O primeiro-ministro que voltou ao poder defendeu o acordo e afirmou que ele visa restaurar a transição democrática no país e acabar com o derramamento de sangue.

"Eu sei que nossos jovens têm a capacidade de sacrifício, determinação e desistência de tudo o que é precioso. Mas o sangue sudanês é precioso, vamos parar o derramamento de sangue e direcionar a energia dos jovens para a construção e o desenvolvimento", disse Hamdok.

Sudaneses protestam contra acordo político após golpe militar que interrompeu a frágil transição do país para a democracia, na capital Cartum, em 21 de novembro de 2021 — Foto: Marwan Ali/AP

Onde fica o Sudão

Terceiro maior país da África em extensão territorial, o Sudão tem uma população similar à da Argentina e um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo.

O país fica entre a África Subsaariana e o Oriente Médio e faz fronteira com sete vizinhos (Egito, Líbia, Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Etiópia e Eritreia), além de ter saída para o Mar Vermelho.

Na África, o Sudão só fica atrás da Argélia e da República Democrática do Congo em extensão territorial e tem cerca de 42 milhões de habitantes (a Argentina tem cerca de 45 milhões).

Até a independência do Sudão do Sul, em 2011, o Sudão era o maior país do continente (e também do mundo árabe).

Sudão — Foto: g1

Sua capital é Cartum, onde os rios Nilo Branco e Nilo Azul se encontram e formam o rio Nilo, e a religião predominante do país é o Islã.

O Sudão tem um IDH de 0,510 e, em um ranking com 189 países, está empatado na 170ª posição com o Haiti (o país mais pobre das Américas) e atrás do Afeganistão (169º).

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