Por g1 AM


Dragas atracam no Rio Madeira, próximo ao município de Autazes. — Foto: Silas Laurentino

Garimpeiros invadiram o Rio Madeira, no interior do Amazonas, com centenas de dragas e balsas para exploração ilegal de ouro. Há pelo menos 20 dias, eles se instalaram na região e formaram uma espécie de "vila flutuante" para a atividade.

Nesta reportagem, você entenderá o que se sabe e o que falta esclarecer sobre a situação:

  1. Por que os garimpeiros ocuparam o local agora?
  2. Em qual trecho do rio eles realizam o garimpo ilegal?
  3. A exploração de ouro é permitida na região?
  4. O que as autoridades estão fazendo?
  5. Por que a presença das dragas irregulares não foi impedida antes?
  6. Além da exploração ilegal, há outros crimes praticados na área?
  7. Quais os impactos do garimpo ilegal na região?
  8. Quantas pessoas foram presas até momento?

Por que os garimpeiros ocuparam o local agora?

A presença de garimpeiros com balsas atuando na extração de ouro ao longo do rio Madeira não é novidade. Porém, a grande quantidade de dragas e balsas atuando no mesmo trecho em Autazes chamou a atenção, e a imagem impressiona.

Moradores da região relatam que garimpeiros começaram a compartilhar, nas últimas semanas, a informação de que haveria ouro naquele trecho específico, de forma informal. Eles começaram a chegar no local há cerca de 20 dias.

Em qual trecho do rio eles montaram a "vila flutuante" para o garimpo ilegal?

A situação ocorre próximo à comunidade de Rosário, no município de Autazes, distante 113 quilômetros de Manaus.

O trecho ocupado é usado para deslocamento de moradores de Nova Olinda do Norte, Borba e Novo Aripuanã para chegar a Manaus em lanchas. O trajeto é mais curto do que utilizando a BR-319, que é conhecida por estar muito deteriorada.

Balsas e dragas se instalam no rio Madeira para garimpo ilegal. Infográfico elaborado em: 24/11/2021. — Foto: g1

A exploração de ouro é permitida na região?

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) informou, em nota, que atividades de exploração mineral naquela região não estão licenciadas, portanto, se existindo de fato, são irregulares.

O Ministério Público Federal (MPF) também ratificou que a extração de ouro na região do rio Madeira não é amparada por licença ambiental expedida pela autoridade ambiental competente ou por título de lavra emitido pela Agência Nacional de Mineração, o que torna essa atividade ilegal.

Presença de garimpeiros assustou moradores de comunidade no rio Madeira, no Amazonas. — Foto: REUTERS/Bruno Kelly

Por que a presença das dragas irregulares não foi impedida antes?

Essa é uma das questões que ainda não foram esclarecidas. O ativista do Greenpeace Danicley de Aguiar denunciou que a falta de fiscalização permitiu o avanço da atividade ilegal.

"Nós estamos vendo aqui um conjunto de mais de 300 balsas colocadas numa ponta de rio, sem licença ambiental alguma, mas operando naturalmente à luz do dia sem ser incomodada por ninguém. São 300 balsas a menos de 30 minutos de voo da maior cidade da Amazônia e elas colocam aí em risco também toda a saúde pública da região", afirmou Aguiar.

Garimpeiros instalaram centenas de dragas e balsas nos últimos dias no rio Madeira, no Amazonas. — Foto: REUTERS/Bruno Kelly

O que as autoridades estão fazendo?

Entre os dias 26 e 28 de novembro, órgãos como o Ibama, Polícia Federal e Forças Armadas realizaram uma operação na região do Rio Madeira onde balsas estavam atracadas.

Na ação, duas lanchas rápidas da PF saíram na frente do comboio para evitar uma eventual debandada dos garimpeiros. Até o último balanço, divulgado na segunda-feira (29), 131 balsas foram apreendidas ou destruídas. Além disso, três pessoas foram presas.

A polícia também apreendeu ouro e mercúrio, mas ainda não informou a quantidade de material apreendido.

Já o prefeito de Humaitá, Dedei Lobo (PSC), manifestou apoio aos garimpeiros que atuam no Rio Madeira. Ele prometeu pagar àqueles que moram na cidade todo o material que foi queimado pela ação da Polícia Federal e pelo Ibama. Três garimpeiros vão acompanhar o prefeito até o Distrito Federal, nesta terça-feira (30), para tentar conversar com as autoridades e evitar que uma operação contra garimpo ilegal seja realizada em Humaitá.

Além da exploração ilegal, há outros crimes praticados na área?

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão de fiscalização e controle do estado, destacou que, além da mineração, pode haver outras possíveis ilegalidades que devem ser investigadas, tais como: mão de obra escrava, tráfico de drogas, contrabando e problemas com a capitania dos portos.

Quais os impactos do garimpo ilegal na região?

O garimpo ilegal no Rio Madeira causa poluição nas águas, além disso, pode ocasionar lesões nos órgãos de quem se alimenta por peixe contaminado, pois podem apresentar sintomas crônicos do minério no corpo.

Quantas pessoas foram presas até momento?

Até o dia (29), apenas três pessoas haviam sido presas durante as operações feitas por órgãos federais na região. Ainda não se sabe quem são as pessoas presas nem para quem trabalham.

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