Por g1


Escola municipal é fechada após professores testarem positivo para Covid-19 em Ourinhos — Foto: TV TEM/Reprodução

O fechamento prolongado das escolas durante a pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021, pode fazer com que crianças e jovens do mundo inteiro deixem de ganhar US$ 17 trilhões (o equivalente a cerca de R$ 94 trilhões) ao longo da vida.

Essa é uma das conclusões do relatório "Estado da Crise Global de Educação: Um Caminho para a Recuperação", publicado nesta semana pelo Banco Mundial, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

LEIA TAMBÉM:

O estudo avaliou que a interrupção das aulas presenciais e a falta de políticas públicas para garantir qualidade no ensino remoto levaram a grandes perdas de aprendizagem e a um maior risco de abandono escolar -- 24 milhões de alunos, da pré-escola ao ensino médio, podem não retomar os estudos depois da pandemia.

Esses fatores, aliados à crise econômica e à perda de familiares, distanciam os jovens de uma boa formação e, consequentemente, de oportunidades de trabalho qualificado no futuro.

“A perda no aprendizado que muitas crianças estão vivendo é moralmente inaceitável", afirma Jaime Saavedra, diretor global para a educação do Banco Mundial.

"O aumento potencial da pobreza educacional pode ter um impacto devastador na produtividade, nos ganhos e no bem-estar futuros para essa geração."

O texto cita o exemplo do estado de São Paulo, com base no desempenho dos alunos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb): em média, eles aprenderam apenas 28 por cento do que teriam aprendido em aulas presenciais, e o risco de abandono escolar mais do que triplicou durante a pandemia.

Grupos mais afetados

Segundo o relatório do Banco Mundial, de 1,6 bilhão de crianças e jovens afetados, de 188 países, os mais mais prejudicados são:

  • cidadãos de nações pobres e de áreas rurais (como na Etiópia e no Quênia);
  • alunas do sexo feminino (especialmente da África do Sul, do México e do Paquistão, onde foram mais exigidas a contribuir com tarefas domésticas);
  • pessoas com deficiência (apenas 33% dos países subdesenvolvidos afirmam que ofereceram projetos de inclusão à distância).

As escolas ficaram fechadas por mais tempo nas regiões mais pobres -- justamente onde a vacinação avançou mais lentamente e a oferta do ensino remoto foi mais precária, com acesso restrito a tecnologias.

Há 1,3 bilhão de crianças em idade escolar sem acesso à internet em casa, principalmente na África, no leste asiático e na América Latina.

Além dessas barreiras, crianças e jovens ainda enfrentaram, segundo o relatório:

  • maior risco de violência doméstica;
  • aumento da pobreza na família;
  • problemas emocionais.

Soluções para diminuir impactos

A pesquisa mostra caminhos para diminuir os prejuízos de aprendizagem às gerações atuais:

  • reabertura das escolas como prioridade absoluta no mundo;
  • elaboração de currículos com novas prioridades, pensadas no contexto de suspensão prolongada das aulas;
  • implementação de programas de recuperação de aprendizagem, principalmente em pequenos grupos de crianças por vez;
  • adaptação de conteúdos segundo as defasagens detectadas nos alunos;
  • investimentos em educação;
  • oferecimento de suporte emocional à comunidade escolar;
  • aproximação entre escola e família dos estudantes.

Vídeos

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!