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Eleições 2022

Aliados de Ciro estabelecem um prazo para ele decolar, ou apoiarão Lula

Ciro Gomes em debate na TV Globo na eleição de 2018

O PDT sentiu o impacto da entrada de Sergio Moro na disputa eleitoral. Dentro do partido, aliados de Ciro Gomes consideram que o ex-juiz atraiu parte dos votos da terceira via que poderiam migrar para o pedetista, tornando seu caminho cada vez mais difícil. Por isso, já defendem nos bastidores que o PDT avalie o quanto antes uma aliança com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva.

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Em conversas com interlocutores de outros partidos e com a equipe da coluna, esses aliados dizem que vão esperar até fevereiro para ver se Ciro decola nas pesquisas. Se até lá isso não ocorrer, vão pressionar a cúpula pedetista para abandonar a candidatura própria e ingressar na federação com o PT. 

Questionado a esse respeito, o presidente do PDT, Carlos Lupi, nega qualquer possibilidade de deixar Ciro na estrada. Segundo ele, a candidatura de Ciro é “irreversível”. 

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Mas nos bastidores o movimento é o oposto. Nas últimas semanas, parlamentares pedetistas procuraram auxiliares de Lula para pedir que o ex-presidente pressione o PDT para fazer uma aliança ou formar uma federação o quanto antes. Lula, porém, tem se esquivado de fazer qualquer movimento nesse sentido por enquanto. 

Para esses parlamentares, o PDT só tem a perder se continuar insistindo num candidato a presidente que se mantém com menos de 10% da intenção de voto nas pesquisas eleitorais. Na pesquisa da Quaest, que saiu nesta quarta-feira, Ciro aparece com 5%, atrás de Lula, Bolsonaro e Moro. 

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Em privado, esses parlamentares consideram o desempenho decepcionante, especialmente porque o partido contratou um marqueteiro caro, João Santana e Ciro já é conhecido do público. 

O temor entre os integrantes da sigla é que, com uma candidatura fraca, o partido perca espaço em alianças estaduais com partidos de esquerda, fique isolado e acabe elegendo menos deputados. Por isso, não são poucos os que preferem pular o quanto antes na canoa de Lula e empurrar o PDT para a  federação que está sendo neste momento gestada entre PT, PSB e PC do B. “A realidade se impõe”, resumiu ontem um deputado pedetista.

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Já como parte da federação de esquerda, o PDT poderia ganhar fazendo prevalecer nomes para governos estaduais, como o de Weverton Rocha no Maranhão. E, mais do que isso, pode aproveitar a máquina do PT para ampliar a bancada de deputados e senadores.

Apesar da ansiedade generalizada, porém, esses líderes vêm dizendo que vão esperar até fevereiro para cobrar de Lupi a projeção feita por ele de que Ciro chegaria a 16% após o Carnaval. 

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Por enquanto, o presidente do partido mantém o discurso de que Ciro não precisa de alianças para crescer, e que o partido está disposto a seguir sozinho assim como ocorreu em 2018. Até porque, para ele, Moro tira mais votos de Jair Bolsonaro do que de Ciro.

Ele diz que não há vantagem em unir-se com o PT numa federação que pode minar outras lideranças estaduais do partido em locais como Rio Grande do Sul, Goiás e Paraná, além de inviabilizar alianças em estados-chave como a Bahia, onde o PDT pretende apoiar ACM Neto (DEM). Na visão de Lupi, são as candidaturas regionais que determinam o sucesso da eleição de deputados federais e senadores.

Na semana que vem, o PDT se reúne para uma festa de fim de ano em Brasília. Não vai faltar assunto e, pelo visto, nem desejos para 2022.

 

 

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