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'Não tenho tempo para politicagem barata', diz governador da Bahia, Rui Costa, sobre críticas de Bolsonaro durante sobrevoo a áreas atingidas por enchente

Presidente liberou R$ 5,8 milhões para obras de recuperação e citou tragédia para atacar isolamento social determinado pelo estado no auge da pandemia da Covid-19
Cidade de Jucuruçu tomada por lama após fortes chuvas Foto: Reprodução/G1
Cidade de Jucuruçu tomada por lama após fortes chuvas Foto: Reprodução/G1

"Não tenho tempo para politicagem barata". Assim reagiu o governador da Bahia, Rui Costa, às declarações do presidente Jair bolsonaro que sobrevoou hoje pela manhã as cidades mais afetadas pelas chuvas intensas no Sul do estado. O presidente usou a tragédia para atacar o isolamento social por conta da pandemia de Covid-19 e chegou a afirmar que "o pessoal da Bahia" fechou todo o comércio e obrigou o povo a ficar dentro de casa",  enquanto, de acordo com ele, o governo federal providenciou o auxílio emergencial. Costa disse que, desde o primeiro instante, a Defesa Civil Estadual, os Bombeiros, a Secretaria de Infraestrutura e todos os outros órgãos estaduais estão trabalhando no socorro às vítimas e na recuperação dos acessos destruídos pela enxurrada.

Pelo menos, três pessoas morreram (duas crianças e um adulto da mesma família), 3,7 mil ficaram desabrigadas e cerca de 70 mil foram atingidas de alguma forma pela enchente, a pior em 35 anos e que se intensificou a partir de terça-feira da semana passada.

- O momento é de solidariedade, de arregaçar as mangas e de trabalhar - respondeu o governador da Bahia.

O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou cidades como Jucuruçu e Nova Alegria, distrito de Itamaraju, que ficaram quase que completamente submersas. Ele fez o sobrevoo acompanhado pelos ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, da Cidadania, João Roma, e da Saúde, Marcelo Queiroga.

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O governo federal anunciou neste sábado que foi montada uma "força-tarefa" de cinco ministérios para atuar nas cidades do sul da Bahia que foram atingidas por fortes chuvas nos últimos dias. Participam as pastas do Desenvolvimento Regional, da Cidadania, Saúde, Defesa e Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Será liberado R$ 5,8 milhões para atender às necessidades das regiões afetadas pelas chuvas.

Segundo o governo, serão liberados R$ 2,1 milhões para Eunápolis, R$ 1,8 milhão para Itamaraju, R$ 543 mil para Jucuruçu, R$ 433 mil para Ibicuí, R$ 260 mil para Ruy Barbosa, R$ 503 mil para Maragogipe e R$ 51,4 mil para Itaberaba.

Além disso, a Caixa Econômica federal anunciou que irá liberar o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por calamidade nas regiões da Bahia e também de Minas Gerais que foram atingidas pelas enchentes.

De acordo com o banco, a população poderá realizar o saque do FGTS de forma digital, sem necessidade de ir a uma agência, por meio do aplicativo FGTS, na opção Saque Digital.

Durante o sobrevoo, Bolsonaro respondeu ao ser perguntado sobre as medidas de apoio aos desabrigados da tragédia no Sul da Bahia e os recursos que seriam liberados para a recuperação da região:

— Também tivemos muitas catástrofes ano passado quando muitos governadores, o pessoal da Bahia fechou todo o comércio e obrigou o povo a ficar em casa. O povo em grande parte informais codnenados a morrer de fome dentro de casa. O governo federal atendeu a todos com auxílio emergencial — afirmou.

Na sexta-feira, foi decretada situação de emergência em 17 cidades da Bahia e em 31 cidades de Minas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, a decisão foi tomada atendendo a pedido dos governos locais e serve para "acelerar as ações federais de resposta". Moradores dos municípios atingidos, diante da demora do socorro oficial, dificultado por pontes ameaçadas e acessos fechados, estão fazendo apelo a celebridades pelas redes sociais para que enviem água potável, comida e roupas.

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Na Bahia, voluntários e moradores que se mobilizaram para ajudar vítimas da enchente reclamam da ineficiência do governo estadual no envio de equipamentos até os locais. Segundo eles, as aeronaves disponibilizadas estão paradas por falta de combustível. Até o momento, duas crianças e um adulto da mesma família morreram soterrados.

As cidades em situação de emergência são: Anagé, Camacan, Canavieiras, Guaratinga, Ibicuí, Itabela, Itacaré, Itamaraju, Itapetinga, Jiquiriçá, Jucuruçu, Marcionílio de Souza, Mascote, Medeiros Neto, Santanópolis, Teixeira de Freitas e Vereda.