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Bienal do Livro: 250 mil pessoas marcam presença no evento

Mesmo com o público limitado pelos novos protocolos, as vendas foram festejadas: total de dois milhões de livros, uma média de oito por leitor
Promoção da diversidade e euforia pela volta aos eventos presenciais marcaram Bienal do Livro 2021 Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Promoção da diversidade e euforia pela volta aos eventos presenciais marcaram Bienal do Livro 2021 Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Primeiro evento de grande porte no Rio desde o início da pandemia, a Bienal do Livro de 2021, que terminou neste domingo, foi considerada pelos organizadores um teste para outras atrações. A julgar pela resposta do público e dos expositores, além do alto número de vendas, dá para afirmar que o saldo foi positivo.

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Foram 250 mil visitantes presenciais, sendo 70 mil estudantes, em 10 dias. Trata-se de um número reduzido se comparado aos 600 mil de 2019 , mas ainda assim festejado devido ao contexto sanitário. As atrações transmitidas pela internet tiveram um público de 750 mil pessoas.

Uma mesa com Lulu Santos resumiu muito bem o clima, juntando os seus dois principais motes: a promoção da diversidade e uma euforia pela volta aos eventos presenciais. O cantor, que lançou o livro “Lulu, traço e verso”, fez declarações ao seu marido, que estava na plateia. Em seguida, promoveu um karaokê com os fãs, que cantaram em dueto com ele os principais hits. O momento mais emocionante foi quando uma profissional de saúde que atuou no Hospital Souza Aguiar subiu ao palco para entoar aos prantos “Como uma onda”:

— Todos os dias, cantávamos que “tudo passará”. E, agora, tudo está passando.

O sentimento geral de que “algo passou” e que um novo futuro pode ser vislumbrado no mercado editorial dominou os pavilhões do Riocentro. Presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros e sócio da Sextante, Marcos Pereira da Veiga acredita que o evento inaugurou “nova fase”:

— O sentimento é de dever cumprido. Foi importantíssimo provar que é possível realizar um evento com todos os protocolos de segurança.

A Bienal foi o primeiro grande evento frequentado por Bruna Eleina, de 35 anos, desde o início da pandemia. A empresária, que perdeu o pai para a Covid-19, só recentemente começou a sair de casa. "Rata" de Bienal, ela frequenta o evento desde os oito anos de idade. No início, estranhou os espaços reduzidos, com menos estandes e editoras. Mas acabou gostando do resultado:

— Antes era muita poluição visual e você acabava perdendo o foco — comparou Eleina, que esteve ontem no Riocentro. — Agora ficou melhor de transitar.

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Já a estudante de jornalismo Luana Mayara, de 19 anos, viu a primeira  Bienal de sua vida na tarde de ontem. Ela conta que se sentiu confortável e segura graças aos protocolos de segurança adotados pelo evento, como o uso de máscaras e o passaporte de vacinação apresentado por todos os visitantes na entrada. Luana pretende voltar nas próximas edições, e já pensa em dar um pulo na Bienal de São Paulo, que acontece ano que vem.

— Todo mundo estava de máscara o tempo todo, talvez porque seja um público mais consciente — opinou ela, que adquiriu 12 livros em sua estreia na Bienal: — Perdi um pouco o controle nas compras.

As vendas, em geral, não decepcionaram. Mesmo com o público limitado, superou os números da última Bienal: foram 2 milhões de livros vendidos, média de oito por pessoa.

O Grupo Record registrou aumento de 90% nas vendas. O crescimento nas vendas da Sextante e da Arqueiro chegou a 30% em relação a 2019. A Intrínseca vendeu 40 mil exemplares, aumentado o faturamento em 15%. Na Globo Livros, houve um crescimento de 20% no primeiro fim de semana. No segundo, igualou à edição anterior.

— No segundo fim de semana da Bienal passada tivemos a censura do ( então prefeito Marcelo ) Crivella, que fez a Bienal explodir de público. Com isso, fechar este ano com o mesmo faturamento é uma grande conquista — diz Mauro Palermo, diretor da Globo Livros.