Saúde

Pfizer afirma que três doses de vacina neutralizam Ômicron

Pessoas com duas doses podem ser infectadas mas estariam protegidas contra formas graves da Covid, segundo estudos de laboratório
Variante Ômicron Foto: Reprodução
Variante Ômicron Foto: Reprodução

SÃO PAULO — As farmacêuticas Pfizer e BioNTech anunciaram nesta quarta-feira que duas doses da vacina podem não ser suficientes para proteger contra a infecção com a variante Ômicron, mas que três doses são capazes de neutralizar a nova cepa .

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“As empresas acreditam que os indivíduos vacinados [com duas doses] ainda podem estar protegidos contra formas graves da doença e estão monitorando de perto a eficácia do mundo real contra Ômicron, globalmente”, afirma nota conjunta após estudos realizados em laboratório.

As empresas afirmaram que seguem com o desenvolvimento de uma vacina específica contra a Ômicron e esperam tê-la disponível até março “caso uma adaptação seja necessária para aumentar ainda mais o nível e a duração da proteção”.

De acordo com os dados preliminares das empresas, uma terceira dose fornece um nível semelhante de anticorpos neutralizantes para a Ômicron ao observado após duas doses contra a cepa original ou as variantes anteriores.

“Embora duas doses da vacina ainda possam oferecer proteção contra doenças graves causadas pela cepa Ômicron, é claro a partir desses dados preliminares que a proteção é melhorada com uma terceira dose de nossa vacina”, disse Albert Bourla, presidente e CEO da Pfizer. “Garantir que o maior número possível de pessoas esteja totalmente vacinado com as duas primeiras doses e um reforço continua a ser o melhor caminho para prevenir a disseminação da Covid-19.”

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O geneticista Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika, de Curitiba, conta que o primeiro estudo feito sobre a eficácia da vacina da Pfizer contra Ômicron comprovou que o título de anticorpos neutralizantes contra o vírus cai bastante, em torno de 40%.

— Mas não cai totalmente e lembro que nossa defesa imunológica não é composta só por anticorpos, mas também por células (T e B), e estas não devem ser impactadas pela Ômicron.

Outras vacinas

A AstraZeneca/Oxford e a Sinovac, laboratório da CoronaVac, também estão realizando estudos de laboratório para avaliar a efetividade das suas vacinas contra a nova variante.

De acordo com a vice-presidente da Sinovac, Yaling Hu, a instituição fará uma série de análises dedicadas a compreender a eficácia da vacina contra a cepa . A preparação e testagem da versão atualizada da vacina devem ser concluídas em três meses.

—  Estamos num desenvolvimento específico para a cepa Ômicron. Na primeira avaliação queremos isolar o vírus e fazer testes de anticorpos neutralizantes, incluindo diferentes cronogramas de vacinação e diferentes faixas etárias, e o intervalo ideal para o reforço — afirmou a especialista.

A farmacêutica está apta a fabricar entre 1 e 1,5 bilhão de doses de vacina adaptada por ano, diz Yaling Hu. Além disso, testes mais rápidos dedicados a compreender a viabilidade da CoronaVac original frente à nova variante têm previsão de apresentarem resultados em duas semanas.

Com esse anúncio, a Sinovac se junta a outras desenvolvedoras, a exemplo da Moderna e Pfizer, que declararam o interesse em preparar vacinas adaptadas contra a nova mutação.

A AstraZeneca informou, em nota, que está examinando a variante para compreender o impacto da vacina.

"A AstraZeneca desenvolveu, em estreita colaboração com a Universidade de Oxford, uma plataforma de vacina que permite responder rapidamente a novas variantes que possam surgir. A AstraZeneca também já iniciou pesquisas em locais onde a variante foi identificada, no Botswana e Eswatini, que nos permitirá recolher dados do mundo real da vacina contra esta nova variante do vírus."

Já a farmacêutica britânica GSK informou na terça-feira que seu medicamento de anticorpos monoclonais, para casos de infecções leves ou moderadas, é eficaz contra a Ômicron, segundo dados preliminares de um estudo em estágio inicial.

O remédio sotrovimabe, desenvolvido em parceria com a norte-americana Vir Biotechnology, é eficaz contra todas as 37 mutações identificadas até o momento na proteína spike.

"Esses dados pré-clínicos demonstram o potencial de nossos anticorpos monoclonais serem eficazes contra a variante mais recente, Ômicron, além de todas as outras variantes preocupantes definidas até o momento pela Organização Mundial da Saúde", disse o chefe científico da GSK, Hal Barron.

Nova variante

A Ômicron, detectada pela primeira vez no sul da África no mês passado, disparou alarmes em todo o mundo para outro surto de infecções, com mais de duas dezenas de países, do Japão aos Estados Unidos, relatando casos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 26 de novembro, classificou-a como uma "variante de preocupação" (VOC), mas disse que não havia nenhuma evidência para apoiar a necessidade de novas vacinas especificamente projetadas para combater a variante Ômicron e suas muitas mutações. De acordo com a organização, há mais de 400 casos confirmados para a nova cepa em pelo menos 21 países.

A variante tem se mostrado mais transmissível e com maior possibilidade de reinfecção (pode afetar pessoas que já foram diagnosticadas com Covid-19 anteriormente). No entanto, ainda não há relatos de mortes ou doença grave. Os sintomas são leves, marcados principalmente por cansaço, dores no corpo e garganta arranhando.

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