Black is beautiful: a fotografia de Kwame Brathwaite

A frase ‘black is beautiful tornou-se parte do zeitgeist nos anos 1960, mas foi a fotografia de Kwame Brathwaite que popularizou o slogan. Incomodado com os ideais de beleza criados para afro-americanos — com penteados lisos que ilustravam a assimilação cultural e a representação de negros de pele clara em revistas negras —, Brathwaite pegou sua câmera e incentivou modelos a aparecerem como eram.

Nascido em 1938, no Brooklyn, o talento artístico do fotógrafo foi herança de dois homens: primeiro seu pai, pintor. Segundo, o tio Lionel, que morava com a família quando perdeu a metade de quatro dedos em um acidente numa prensa. Lionel se matriculou em cursos por correspondência de fotografia para continuar trabalhando e ensinou a Brathwaite o básico, como carregar a câmera e usar filme. Nenhum dos dois homens foi formalmente treinado. Também pesou a diversidade que experimentou no Harlem. Em sua própria família, ele era um americano negro, de segunda geração, descendente de índios. Nas ruas, havia uma mistura de africanos ocidentais, índios do oeste, sulistas e nortistas negros, vindos de culturas distintas. “Essa coesão diaspórica levou Brathwaite a considerar os escritos de Marcus Garvey e Carlos Cooks, que defendiam o nacionalismo negro — e, portanto, uma completa separação da sociedade branca — como forma de manter e nutrir uma identidade negra distinta.” (Artsy)

Em 1956, junto a seu irmão Elombe, criou a Sociedade Africana de Jazz-Art e Studios (AJASS) e, em 1962, a Grandassa Models. Veja um dos editoriais. No mesmo ano, realizou seu primeiro concurso de beleza, o Naturally ’62: The Original African Coiffure and Fashion Extravaganza. Os participantes, conhecidos como modelos Grandassa, não eram profissionais da moda: eram negros de cabelos naturais que usavam roupas de inspiração africana cheias de cores exuberantes.

O passo seguinte foi inaugurar o próprio studio num clube de jazz do Harlem, o Purple Manor, perto da esquina da East 125th Street com a Lenox Avenue (agora Malcolm X Boulevard). Os ingressos logo esgotaram. As apresentações Naturally continuaram até 1980, com eventos comemorativos que se estenderam até 2002. Sem surpresa, críticas surgiram mesmo dentro de sua própria comunidade.

Muito debate é dedicado sobre os perigos do ‘olhar masculino’ e de como as mulheres são capturadas através das lentes como objetos sexuais. “Para Brathwaite, eram pessoas da família que participavam de suas sessões de fotos e discutiam a política dos movimentos pan-africanistas.” Nomsa Brath (anteriormente conhecida como Helene White), cunhada de Brathwaite, foi uma das oito modelos Grandassa originais e desenhou muitas de suas roupas. “Eu tinha interesse em saber como seríamos fotografados e apresentadas”, lembra. “O sucesso de Kwame em captar a estética feminina negra nos encorajou em todas as facetas de nossas vidas, não apenas na modelagem para o público. É uma confiança que acontece quando você vê seu rosto em capas de álbuns e cartazes em todo o país e no mundo. Foi um grande momento e construímos uma grande irmandade.”

Um livro recém-lançado, o primeiro dedicado à notável carreira de Brathwaite, conta a história dessa figura chave, mas pouco reconhecida no movimento que desafiou os padrões de beleza branca. As fotografias mais marcantes também estão lá.

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‘Mapa de apoios está desfavorável ao Irã e sua visão de futuro’, diz Abbas Milani

17/04/24 • 11:00

O professor Abbas Milani nasceu no Irã. Foi preso pelo regime do xá Reza Pahlavi. Depois, perseguido pelo regime islâmico do aiatolá Khomeini. Buscou abrigo nos Estados Unidos na década de 1980, de onde nunca deixou de lutar por uma democracia em seu país de origem. Chegou a prestar consultoria a George W. Bush e Barack Obama, numa louvável disposição de colaboração bipartidária. Seu conselho sempre foi o mesmo: o Irã deve se reencontrar com um regime democrático, secular, por sua própria conta. Sem interferências externas.

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