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Em eleição disputada, ABL escolhe economista Eduardo Gianetti

Duas vezes vencedor do Jabuti, paulista teve 18 dos 34 votos e vai ocupar a cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras
O economista Eduardo Gianetti foi eleito para a cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo
O economista Eduardo Gianetti foi eleito para a cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo

RIO - O economista Eduardo Gianetti da Fonseca, de 64 anos, foi eleito para a Cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras. Ele superou o escritor Gabriel Chalita e o advogado Sergio Bermudes em votação realizada no Petit Trianon nesta quinta-feira, 16.

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Vaga desde a morte de Tarcísio Padilha, em setembro, esta era a última das cinco cadeiras em disputa na instituição. Foi também a eleição mais disputada,em dois escrutínios. No último, Gianetti recebeu 18 dos 34 votos, enquanto Bermudes ficou com 9 e, Chalita, 7.

As outras cadeiras foram preenchidas pela atriz Fernanda Montenegro, o compositor Gilberto Gil, o médico Paulo Niemeyer e o advogado José Paulo Cavalcanti. Com os resultados, a academia acabou não elegendo nenhum ficcionista para seu quadro.

Nascido em Belo Horizonte, em 1957, Gianetti é formado em economia e ciências sociais na Universidade de São Paulo.  Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Teoria Econômica, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia e teoria econômica, história do pensamento econômico, economia do bem-estar, ética e economia.

Ex-professor na Universidade de Cambridge e no Insper São Paulo, recebeu duas vezes do Prêmio Jabuti: o primeiro, em 1994, por “Vícios privados, benefícios públicos?” e o segundo, em 1995, pelo livro “As partes & o todo”.

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Publicou ainda "Autoengano" (1997), "O valor do amanhã" (2005) e "Trópicos utópicos" (2016), entre outros. Nos últimos anos, Gianetti tem se direcionado mais para a filosofia. Seu penúltimo título,  “O elogio do vira-lata e outros ensaios” (2018) ele recupera uma expressão de Nelson Rodrigues (usada pelo dramaturgo carioca para definir o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros nos anos 1950) para pensar o estado de espírito atual do país. Já “O anel de Giges”, de 2020, parte de uma fábula do segundo livro da República Platão.

— Sou mais identificado como economista, mas minha verdadeira paixão é a filosofia — diz o novo imortal. — Na Academia, terei mais liberdade para me direcionar mais intensamente no meu trabalho com a literatura e a filosofia.

Próximo da Rede Sustentabilidade, Gianetti elaborou os planos de governo para a candidata Marina Silva nas campanhas presidenciais de 2010, 2014 e 2018. Sua atuação política vem de longe. Nos anos 1970, quando era aluno da USP, ele foi fichado como subversivo  pela Ditadura Militar.

Os ocupantes anteriores da cadeira 2 foram Coelho Neto (fundador), João Neves da Fontoura, João Guimarães Rosa e Mário Palmério.

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