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Envelhecimento da população prejudica mulheres no mercado de trabalho

Pesquisa aponta que, em três décadas, a população latino-americana com mais de 65 anos vai dobrar. O cuidado com idosos recai sobre mulheres

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Ocskaymark, Istock
Mão de pessoa branca idosa
1 de 1 Mão de pessoa branca idosa - Foto: Ocskaymark, Istock

Por muito tempo, a população da América Latina foi considerada jovem. No entanto, os percentuais de idosos entre os habitantes da região têm aumentado. Pesquisa Tsunami8 Latam aponta que, nas próximas três décadas, a quantidade de latino-americanos com 65 anos vai dobrar. Esse acréscimo na idade ainda influencia diretamente a vida e o mercado de trabalho para as mulheres.

A previsão é que, em 2050, 18% dos latino-americanos tenham mais de 65 anos e 5%, 80 anos. Em 2020, 13% da população estava na faixa etária acima de 60 anos. A estimativa indica que, em 2050, esse percentual subirá para 27,5%. De acordo com a pesquisa, em 2090 a população idosa na América Latina deverá representar 36,4% do total de habitantes, percentual maior do que na Europa e na América do Norte.

O levantamento – realizado com questionamentos a moradores de Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México – mostra que, com o envelhecimento da população, mais pessoas se dedicam a cuidar de familiares idosos.

Entre os que se dispõem a amparar dos idosos na Colômbia, por exemplo, 86% são mulheres. Devido às horas dedicadas ao cuidado, apenas 34% delas também conseguem ter um trabalho remunerado.

As idosas mexicanas também sofrem mais no mercado de trabalho: 29% das mulheres com mais de 60 anos são analfabetas e um terço da população acima de 65 anos trabalha. Desse quantitativo, 51% são homens, e apenas 19% mulheres.

No Chile, há mais punição social às mulheres em idades avançadas do que homens: elas conseguem menos empregos e são menos representadas na sociedade. Segundo o estudo que tem como objetivo dar luz à pauta da longevidade e às políticas públicas para população idosa, “as mulheres chilenas contribuem com 70,1% do valor econômico do trabalho não remunerado realizado por toda a população com mais de 60 anos em um ano”.

Pesquisadores apuraram, durante seis anos, informações sobre a população com idade acima de 65 anos e o mercado de trabalho para as mulheres, com a intenção de obter dados para melhorar a realidade vivida.

Brasil

Em 2018, o mesmo estudo sobre a população de adultos e idosos na América Latina foi realizado no Brasil. À época, a radiografia observou dados relacionados à população com idade acima de 50 anos – os desafios, sonhos e planos para o futuro. Analisou-se ainda como empresas, empreendedores e organizações entendiam o envelhecimento populacional.

Segundo a amostragem, em 2050, o Brasil será o sexto país no mundo com maior número de pessoas com mais de 60 anos. Cidadãos nessa faixa etária são hoje, em sua maioria, provedores da família; eles também ajudam os filhos e netos, e se relacionam cada vez melhor com novas tecnologias, como computadores e smartphones.

Há ainda no Brasil muitos desafios a vencer. Segundo o apontamento da Tsunami60+, falta planejamento financeiro e espaço para trabalhar; ofertas de consumo e marcas para os 60+; espaços nas cidades e agendas públicas; e desafios com a saúde e a dependência.

Pela conclusão, as cidades brasileiras não estão preparadas para o envelhecimento. Nesta semana, a cantora paraense Fafá de Belém fez um desabafo sobre ser idoso no Brasil. “O Brasil é um país que despreza pessoas a partir dos 50. O envelhecer aqui é sinônimo de ser jogado fora”, destacou.

Hábitos pós-pandemia

Em 2021, após a pandemia de Covid-19, a Tsunami Latam realizou o estudo a fim de entender novos hábitos e comportamentos de duas gerações que estão revolucionando o significado de envelhecer.

“Nós não apenas fizemos uma segunda onda do estudo feito em 2018 para o Brasil, mas ampliamos o escopo de nossa pesquisa. Ultrapassamos as fronteiras brasileiras e nos desafiamos a entender como os outros países da região estão passando por essa revolução”, afirmou a especialista em economia e coordenadora do estudo Tsunami60+ e Tsunami8 Latam, Layla Vallias, em apresentação.

 

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