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EUA registram mais de 150 tiroteios com mais de três vítimas neste ano, mas promessas de Biden sobre controle de armas emperram

Episódios como o do metrô de Nova York continuam comuns; principais medidas do governo para limitar porte de armas foram anunciadas na segunda-feira
Policias de Nova York do lado de fora da estação onde ocorreram os ataques nesta terça-feira Foto: ANDREW KELLY / REUTERS
Policias de Nova York do lado de fora da estação onde ocorreram os ataques nesta terça-feira Foto: ANDREW KELLY / REUTERS

Joe Biden foi um defensor do controle de armas ao longo de sua carreira política e, durante a sua campanha em 2020,  apresentou um plano abrangente para a área. Os democratas, no entanto, não desfrutam de uma maioria folgada no Senado para a aprovação de leis, e os republicanos seguem fiéis defensores dos direitos da população ter armas.

Enquanto o governo prioriza outras políticas, Biden baixou poucos decretos executivos sobre o tema, que de qualquer forma teriam efeito limitado. Como resultado, a violência ligada a armas, incluindo ataques em massa como o do metrô de Nova York, segue alta nos EUA, e ativistas ficam insatisfeitos com o governo.

Na segunda-feira, o governo adotou sua principal medida sobre o tema. Biden anunciou ações para reprimir as “armas fantasmas” — armas indetectáveis, cujas peças podem ser encomendadas separadamente pelo correio —, que ele disse terem se tornado “as armas preferidas de muitos criminosos”. A partir de agora, elas terão número de série. O presidente também indicou um dirigente para o Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, que estava há anos sem um chefe permanente, em função de bloqueios no Senado.

Durante o anúncio, Biden reconheceu que tomava as ações diante da incapacidade de aprovar as medidas no Congresso. Ele repetiu pedidos para que o Legislativo aprovasse a proibição de fuzis e outras medidas paralisadas, e afirmou que ações iam “ajudar a salvar vidas, reduzir o crime e tirar mais criminosos das ruas".

De acordo com a maioria dos institutos que monitoram a violência com armas de fogo, o ataque no metrô de Nova York foi o 156ª ataque coletivo armas de fogo nos Estados Unidos em 2022, e o 23º em abril. A contagem inclui qualquer episódio em que três ou mais pessoas são baleadas em um incidente, sendo feridas ou mortas, excluindo o autor dos disparos. De acordo com a associação Guns Down America, mais de 54 mil pessoas morreram vítimas de armas de fogo desde que Biden assumiu.

Um ataque a tiros deixou feridos na plataforma de uma estação de metrô na região do Brooklyn, em Nova York, na manhã desta terça-feira. Conforme as autoridades locais, a ocorrência foi registrada na parada da Rua 36, no bairro Sunset Park.
Um ataque a tiros deixou feridos na plataforma de uma estação de metrô na região do Brooklyn, em Nova York, na manhã desta terça-feira. Conforme as autoridades locais, a ocorrência foi registrada na parada da Rua 36, no bairro Sunset Park.

Até o de Nova York, o ataque mais violento do mês de abril aconteceu em Sacramento, na Califórnia, no dia 3. Na ocasião, seis pessoas morreram e mais de 10 se feriram em uma disputa entre gangues. A Casa Branca emitiu um comunicado sobre episódio no qual, além de lamentar, cita  “medidas executivas históricas para implementar a estratégia abrangente de redução de crimes com armas, desde formar forças-tarefas contra o tráfico de armas até ajudar cidades de todo o país a expandirem as intervenções contra a violência comunitária e a contratar mais policiais para o policiamento comunitário”.

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As alegações da Casa Branca, no entanto, não convenceram ativistas. Dias depois do comunicado, a Guns Down America publicou um relatório avaliando o retrospecto de Biden em relação à violência com armas, e a nota do presidente foi D+.  O relatório elogia medidas executivas para regular armas indetectáveis, o investimento em comunidades para reduzir a violência e a formulação de modelos de políticas públicas para os estados. Ainda assim, diz que Biden deveria ter feito mais para pressionar o Congresso para aprovar leis e deveria ter se aproveitado do púlpito presidencial para "coordenar uma resposta nacional unificada", ficando aquém do "total potencial do seu cargo".

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As principais medidas prometidas durante a campanha incluem a verificação universal de antecedentes, a proibição de armas de assalto, mais recursos para a aplicação das leis de armas existentes e um esforço público para o desenvolvimento de “armas inteligentes” — armas que só podem ser usadas por atiradores autorizados. A maioria das leis mais importantes, como o controle de antecedentes, depende do Congresso.

Segundo Igor Voslky, diretor da Guns Down America, uma das principais medidas que o governo ignora e poderia adotar é a criação de um escritório dedicado exclusivamente a políticas ligadas a armas.

— Mais de 54 mil americanos morreram com armas desde que o presidente Biden foi empossado — disse Volsky ao New York Times na segunda-feira. — Ele ainda está ignorando os pedidos para estabelecer um escritório na Casa Branca de prevenção da violência armada. Isso é totalmente inaceitável.