Política Bolsonaro

Bolsonaro diz que não teria 'nada para fazer' em caso de derrota

Questionado pelo GLOBO sobre não aceitar o resultado das urnas, presidenciável afirmou que quis dizer que "não iria ligar para Haddad para cumprimentá-lo"
Jair Bolsonaro no voo de volta para sua casa, no Rio de Janeiro, após passar quase um mês internado em São Paulo Foto: STRINGER / REUTERS
Jair Bolsonaro no voo de volta para sua casa, no Rio de Janeiro, após passar quase um mês internado em São Paulo Foto: STRINGER / REUTERS

RIO - No primeiro dia em casa após ter alta do hospital Albert Einstein , em São Paulo, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) explicou neste domingo o que quis dizer com a frase "não aceito o resultado das urnas diferente da minha eleição". A declaração foi dada ao apresentador José Luiz Datena, em entrevista divulgada na última sexta-feira pela Band.

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Na ocasião, o presidenciável levantou a possibilidade de fraude no uso das urnas eletrônicas no Brasil sem apresentar evidências concretas. No sábado, à TV Globo, voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral e, citando o apoio popular que tem recebido, afirmou que "não dá para a gente aceitar passivamente na fraude" uma eventual derrota nas eleições. Questionado pelo GLOBO em rápida entrevista pelo telefone sobre o que na prática poderia fazer em caso de uma derrota na votação, Bolsonaro disse:

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– Sei que não tenho nada para fazer (em caso de derrota) . O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Fernando Haddad depois e cumprimentá-lo por uma vitória – afirmou, elegendo o candidato petista como seu principal adversário nas eleições. – Se tiver segundo turno, vai ser o Haddad que vamos enfrentar.

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O deputado também falou de suas estratégias para a última semana de campanha. Bolsonaro disse que quer ir ao debate da TV Globo na próxima quinta-feira. Ele afirmou que já teve uma resposta negativa do cirurgião Antonio Luiz Macedo, mas que insistirá novamente na próxima quarta-feira, véspera do encontro. Há quatro dias, no entanto, Macedo havia dado uma declaração dizendo que caberia a Bolsonaro decidir o que fazer sobre a sua agenda de campanha após deixar o Einstein.

– O problema é que o debate demora três horas e a equipe médica tem preocupação com isso. Outra complicação é que teria que ficar em pé muito tempo – disse Bolsonaro.

Sem entrar em detalhes, o deputado afirmou que sua presença no debate seria importante para esclarecer polêmicas recentes. Na última semana, seu vice, general Hamilton Mourão, abriu uma crise na campanha ao criticar o pagamento de décimo-terceiro salário no país. Além disso, a revista 'Veja' publicou detalhes sobre um processo de separação envolvendo o deputado e sua ex-mulher, no qual ela o acusa de ocultação de patrimônio e roubo de um cofre – nesta semana, ela voltou atrás, dizendo ter mentido por estar magoada com o processo de separação.

Um dia depois do protesto de milhares de mulheres pelo Brasil, Bolsonaro procurou minimizar o movimento que atingiu cidades de 26 estados e o Distrito Federal, além de 66 cidades do exterior. O deputado afirma que agora pretende impulsionar um protesto de seus apoiadores na internet para se contrapor às manifestações e, ao mesmo tempo, atacar o PT, reforçando a estratégia de polarização.

– Sobre as manifestações de ontem, só vi um certo vulto no Rio de Janeiro e em São Paulo. No resto do Brasil foi um desastre. São apenas minorias contra mim, não existe isso de rejeição de eleitorado feminino ao meu nome. – afirmou Bolsonaro. Pesquisas mostram, porém, uma maior taxa de rejeição da sua candidatura entre as mulheres.