Blog da Julia Duailibi

Por Julia Duailibi


O Centrão – que reúne DEM, PP, PR, PRB e SD – estabeleceu o final desta semana como prazo para tirar de vez o pé da candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. As lideranças do bloco aguardam o Ibope, que será divulgado nesta segunda-feira (24), e o Datafolha, no final da semana, para então desembarcar da aliança com o PSDB.

Se não houver reação de Alckmin nas duas pesquisas (os trackings da campanha mostraram uma subida discreta, depois dos bombardeios contra o PT e Jair Bolsonaro na última semana, no horário eleitoral), os partidos que compõe a aliança abandonarão o projeto – não pela porta da frente, mas, discretamente, pelos fundos.

Alckmin durante ato de campanha no interior de São Paulo — Foto: Carlos Dias/G1

Os tucanos torcem ainda para o petista Fernando Haddad ter bom desempenho nas pesquisas desta semana, de modo a assustar o eleitor antipetista que está com Bolsonaro. Como o candidato do PSL empata com Haddad nas projeções de 2º turno, a avaliação da campanha é que haveria migração de votos para Alckmin por entender que ele teria mais condições de derrotar o PT na última fase da eleição.

"O deadline é o Datafolha (nova pesquisa do instituto deve ser divulgada sexta). Se não houver reação, vamos jogar a toalha", declarou o presidente de um partido do centrão ao blog.

O blog apurou que o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, tentou marcar uma reunião com as lideranças de outros partidos do bloco para já discutir alianças no 2º turno, tendo como cenário mais provável a disputa entre Bolsonaro e Haddad.

"Disse a ele que qualquer encontro seria interpretado agora como o desembarque formal. E que conversas oficiais, agora, só no dia 8 mesmo", declarou ao blog o presidente de uma das legendas que apoiam Alckmin, citando como prazo o dia seguinte ao 1º turno.

Paulinho da Força é um dos integrantes do centrão que preferiam ter apoiado Ciro Gomes (PDT), embora seu partido tenha participado dos governos de Alckmin em São Paulo, inclusive com cargos, como na Secretaria do Trabalho. Ele nem compareceu à reunião da semana passada em São Paulo durante a qual o centrão discutiu com o presidenciável estratégias para reagir nas pesquisas.

"No fundo, o que está derrotando ele é São Paulo. Se ele estivesse em São Paulo como Haddad está no Nordeste, ele estaria no 2º turno", declarou um integrante da campanha. Alckmin perdeu cinco pontos no estado na semana passada, empatando em 13% com Haddad, enquanto Bolsonaro chegou a 30%.

Além do voto de paulistas que tradicionalmente votavam nos tucanos ter migrado para o ex-capitão do Exército – fenômeno que se repete no Centro-Oeste e no Sul, por exemplo – Alckmin tem ainda no seu quintal um agravante: o palanque duplo do governador Márcio França (PSB) e do ex-prefeito João Doria (PSDB), adversários na corrida estadual. Ao presidenciável sempre foi dito que quem tem dois palanques "não tem nenhum", mas ele não conseguiu – e também não se empenhou o suficiente para – que um dos dois desistisse da empreitada. Talvez esse tenha sido o seu primeiro grande erro na campanha.

Aliados de Alckmin veem ainda corpo mole do prefeito paulistano, Bruno Covas (PSDB), que era vice de Doria e assumiu a prefeitura. Ele organizou uma agenda ontem em São Paulo considerada um fiasco pela campanha do presidenciável. O nome do encontro era, ironicamente, ato da virada ou arrancada 45.

Alckmin fechou a aliança com o centrão de olho no tempo de televisão que o conjunto dos partidos lhe garantiria. Apesar de ter conseguido quase metade do horário no rádio e na TV, não conseguiu reagir nas pesquisas. Nos palanques estaduais, pelo Brasil, os partidos aliados também traem o tucano. O PP, por exemplo, está com o PT em muitos estados do Nordeste e com Bolsonaro no Sul, embora a vice de Alckmin, Ana Amélia, seja filiada à legenda, que apoia Alckmin oficialmente.

— Foto: Editoria de Arte/G1

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