SÃO PAULO — O país que tem hoje 73,6% da população com esquema vacinal completo contra a Covid-19 (duas doses ou dose única) — e já fala até em quarta dose para fazer frente à pandemia — andou para trás no combate a outras doenças. A população brasileira tem uma das mais baixas coberturas vacinais dos últimos 20 anos contra enfermidades graves, que afetam especialmente crianças e adolescentes.
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Depois de ter atingido sua melhor marca em 2015, com uma média de 95,1% de pessoas completamente imunizadas dentro do público-alvo de cada vacina do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a média da cobertura ficou em 60,8% no ano passado.
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Paulo Silva chora de emoção enquanto o filho Davi recebe a primeira dose da vacina contra Covid-19, no Museu do Amanhã Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo - 17/01/2022
Fernanda Meda, 34 anos, aproveitou a antecipação da dose de reforço para cinco meses da segunda, e se vacinou no Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão , na Tijuca em dezembro Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo - 15/12/2021
Enquanto vacina adolescentes, prefeitura do Rio tambem começa a aplicar dose de reforço em idosos Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo - 13/09/2021
A vez dos novinhos: jovens de 17 anos começam a ser vacinados no Rio Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo - 26/08/2021
No dia em que começou a vacinar, por critério de idade, pessoas a partir dos 22 anos, Rio inaugurou novo posto de vacinação na Câmara de Vereadores, no Palácio Pedro Ernesto Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo - 16/08/2021
Com o avanço da vacinação para pessoas mais jovens, sem comorbidades, o Rio passou a enfrentar dificuldade para manter o ritmo do calendário devido a atrasos no repasse de vacinas pelo Ministério da Saúde Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo - 07/08/2021
População que foi vacinada do lote vencido da vacina AstraZeneca é chamada para refazer primmeira dose Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo - 05/07/2021
Usando máscara do SUS e camisa com a foto do amigo e ator vítima da Covid-19, Paulo Gustavo, a atriz Ingrid Guimarães, 48 anos, foi vacinada no Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, Zona Sul do Rio Foto: Fabio Motta / Prefeitura do Rio - 24/06/2021
Agente de saúde aplica dose da vacina contra a Covid-19 em moradora da Ilha de Paquetá. Projeto "PaqueTá Vacinada" pretende imunizar toda a população da ilha com a vacina de Oxford/Astrazeneca Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo - 20/06/02021
Chegou a vez do prefeito do Rio Eduardo Paes, que tem 51 anos, receber a vacina contra a Covid-19 , na quadra da Portela, em Oswaldo Cruz. Ele estava acompanhado da Tia Surica e foi vacinado pelo secretário Daniel Soranz Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo - 17/06/2021
Ana Lúcia, de 59 anos, foi uma das primeiras cariocas vacinadas pelo critério de idade, na Clínica da Família da Rua do Bispo, na Tijuca, Zona Norte do Rio Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo - 31/05/2021
Profissional de Educação é vacinada em 09/06/2021 contra Covid-19 em posto do Rio: prefeitura prioriza setor com o objetivo da volta às aulas presenciais Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Funcionária de companhia aérea exibe cartão de vacinação contra Covid-19, no Santos Dumont, Centro do Rio. Trabalhadores de aeroportos e do porto começaram a ser imunizados Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo - 02/06/2021
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, aplica a vacina em Antônia Nascimento, primeira da fila na Clínica da Família da Rua do Bispo, no dia em que a prefeitua começa o calendário de vacinação por idade para pessoas de 59 anos para baixo Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Jovem em situação de rua acolhido por unidade municipal na Taquara, na Zona Oeste, é aplaudido ao ser vacinado contra Covid-19 Foto: Marcia Foletto em 25/05/2021 / Agência O Globo
Secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, aplica vacina da Pfizer na gestante Mariana Leite, 38 anos, no Rio Comprido Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo - 04/05/2021
A vacina da Pfizer chegou à capital com lote de 46.800 e causou corrida à Clínica da Família Estácio de Sá, no Rio Comprido, Zona Norte, onde o secretário de Saúde participou de uma vacinação simbólica, para marcar a chegada do imunizante vindo dos Estados Unidos Foto: Marcos de Paula / Prefeitura do Rio - 04/05/2021
Lucimara Augusto, 61 anos (de boina) e Eulina Gomes, 60 anos aguardam, sentadas no chão, para receber a vacina da Pfizer na Clínica da Família Estácio de Sá, no Rio Comprido, que recebeu apenas 12 frascos para cerimônia simbólica de vacinação, o equivalente a 60 doses Foto: Guito Moreto / Agência O Globo - 04/05/2021
Prefeitura do Rio inclui garis no grupo prioritário e profissionais começam a ser vacinados em abril Foto: Fábio Motta / Prefeitura do Rio - 26/04/2021
Secretaria estadual de Saúde realizou entrega de nova remessa de 500 mil vacinas contra a Covid-19, além de medicamentos do chamado "kit intubação" em meados de abril Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo - 18/04/2021
Municípios fluminenses receberam novos lotes de vacina contra a Covid-19 pelo ar. Helicópteros das forças estaduais são essenciais para logística ágil de transporte para o interior do estado Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo
Sem necessidade de apresentar comprovante de residência, o primeiro dia de vacinação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi marcado por aglomeração, tumulto e frustração Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Fila em direção a um posto de vacinação para receber uma dose da vacina contra o coronavírus em Belford Roxo, Baixada Fluminense Foto: Ricardo Moraes / Reuters
Fila no drive-thru em Duque de Caxias para receber a vacina da Covid-19 Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Mulher recebe vacina CoronaVac contra o novo coronavírus na sede do Cacique de Ramos, um dos blocos carnavalescos mais tradicionais do Rio de Janeiro Foto: Ricardo Moraes / Reuters
Homem é imunizado contra o novo coronavírus com a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, maior produtor de vacinas da América Latina, em um centro de vacinação montado no complexo cultural Cidade das Artes, na Zona Oeste Foto: Mauro Pimentel / AFP
Planetário da Gávea foi o local do primeiro dia de vacinação por distinção de gênero, além da faixa etária, na capital do Rio. O resultado foi uma vacinação tranquila e sem filas Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Museu do Amanhã começou a ser usado para aplicar vacina contra a Covid-19 no início de março Foto: Marcos de Paula / Agência O Globo
Marlene Benedito Falcão, de 79 anos, recebe uma dose da vacina. Ela já teve Covid-19 e ficou internada e entubada por 11 dias Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Dijanira Chagas da Silva, de 86 anos, é imunizada contra a Covid-19 em sua casa, na Cruzada São Sebastião, no Leblon. Equipe Trombeta, da Secretaria Municipal de Saúde, faz a vacinação em casa de idosos com dificuldades de locomoção Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
O técnico de enfermagem Milton Gomes Nunes Júnior aplica a vacina em Maria Palmira Maximiliano, de 87 anos, enquanto a agente comunitária Íris da Silva Brito preenche as carteirinhas de vacinação Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Idosa recebe dose da vacina contra a Covid-19, no Museu da República, o Palácio do Catete, na Zona Sul do Rio Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Cacique indígena Guarani Jurema Nunes, de 39 anos, é vacinado no acampamento da tribo São Mata Verde Bonita, na terra indígena Guarani, na cidade de Maricá Foto: Mauro Pimentel / AFP
Vacinação no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, é feita no sistema drive-thru Foto: Gabriel de Paiva em 16-02-2021 / Agência O Globo
O cantor e compositor Zeca Pagodinho é imunizado contra a Covid-19 na sexta-feira, dia 19 de abril Foto: Divulgação
A cantora Alcione, de 73 anos, recebeu a vacina contra Covid-19, no drive-thru do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio Foto: Reprodução
O sambista Monarco, de 87 anos, foi um dos primeiros a participar da vacinação no Sambódromo. Integrantes da Velha Guarda das escolas de samba foram os primeiros a receber o imunizante no drive-thru na Avenida Marquês de Sapucaí Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Na mesma cerimônia em que esteve Nelson Sargento, o comediante e dublador Orlando Drummond, o inesquecível Seu Peru, da "Escolhinha do professor Raimundo"de 101 anos, recebeu sua primeira dose de vacina anti-Covid Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Aos 76 anos, Zezé Motta foi vacinada no Retiro dos Artistas, no dia 20 de janeiro, com a primeira dose da CoronaVac. Ela é vice-presidente da instituição e contou que mais de 50 residentes começaram a ser imunizados Foto: Instagram / Reprodução
Helicópteros são carregados com doses da vacina CoronaVac, no 12º BPM, em Niterói. PM e Bombeiros passaram fazer a logística da vacina para o interior Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Dona Maria José, de 101 anos, foi a primeira a receber a dose da CoronaVac em Rio das Flores Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Dulcineia da Silva Lopes, 59 anos, recebe vacina CoronaVac diante da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Ela e Therezinha da Conceição, de 80 anos, foram as primeiras moradoras do Rio a receberem a vacina Foto: Ricardo Moraes / Reuters
O levantamento foi feito pela pesquisadora de políticas públicas Marina Bozzetto, da Universidade de São Paulo (USP), a pedido do GLOBO, com base em dados do Ministério da Saúde. De 2018 para cá, os índices estão em queda, e pioraram durante a pandemia. Sem a proteção historicamente conferida pelas vacinas, o Brasil pode viver novos surtos e o ressurgimento de várias doenças que haviam ficado para trás.
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Os três imunizantes que tiveram menor cobertura em 2021 foram as vacinas de poliomielite ou paralisia infantil (52,% de cobertura), a segunda dose de tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola, com 50,1%) e tetra viral (tríplice viral mais proteção contra varicela, ou catapora, com 5,7%). Para efeitos de comparação, a cobertura contra a pólio em 2012 era de 96,5%, e a doença era considerada erradicada no Brasil.
— Temos níveis preocupantes para todas as vacinas do calendário. Já havia uma queda antes da pandemia, que agora se acentuou — diz o pediatra Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
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No caso da BCG, por exemplo, que previne contra a tuberculose, apenas 44% dos municípios tiveram cobertura adequada de imunização.
— Já fomos modelo para o mundo, e veja, até o sarampo retornou. É muito importante intensificar a comunicação e resgatar as pessoas que não foram vacinadas — diz o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
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Números discrepantes
Os dados levantados pela pesquisadora da USP expõem a discrepância entre os próprios municípios na imunização. Enquanto a média nacional de cobertura vacinal ficou em 60,8% em 2021, os dez municípios brasileiros com taxa mais baixa têm menos de 7,5% de suas populações completamente vacinadas dentro do público-alvo de cada imunizante do calendário.
São municípios de Norte a Sul do país: Rio Bonito, Trajano de Moraes e Belford Roxo, no Rio de Janeiro; Crisólita, em Minas Gerais; Murici dos Portelas, no Piauí; Curuá, no Pará; Jucuruçu, na Bahia; Capão da Canoa, Taquara e Santiago, no Rio Grande do Sul.
— Vários fatores explicam a queda na vacinação — diz o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire. — O primeiro foi a pandemia, que afastou a população de buscar as vacinas de rotina nos postos de saúde. Depois, os municípios ficaram focados em vacinar contra a Covid e não se voltaram às demais vacinas do calendário. E ainda temos muitos municípios que até conseguiram vacinar contra outras doenças, mas não conseguiram inserir os dados no sistema de saúde por falta de recursos humanos para isso ou de inoperância do próprio sistema — afirma Freire.
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Um grafite representando o presidente Jair Bolsonaro e o novo coronavírus contra profissionais de saúde, em São Paulo Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
Coveiro com roupas de proteção no cemitério municipal Recanto da Paz, durante o enterro
de uma vítima da COVID-19, na cidade de Breves, a sudoeste da ilha do Marajó, no Pará Foto: TARSO SARRAF / AFP
Coveiros em trajes de proteção carregam o caixão de uma vítima do novo coronavírus no cemitério Recanto da Paz, no Pará Foto: TARSO SARRAF / AFP
Enterro, em 1º de junho, de Bruno Koki, fundador da ONG Eu Amo São Cristóvão, projeto social que entregou doações para pessoas vulneráveis durante a pandemia. Bruno morreu em decorrência da Covid-19 Foto: RICARDO MORAES / REUTERS
Artistas com balões vermelhos protestam em homenagem a pessoas que morreram pela COVID-19 no país, em Brasília Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Profissional de saúde trabalha na enfermaria da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde são tratados pacientes infectados com o novo coronavírus, no hospital Santa Casa em Belo Horizonte, Minas Gerais Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP
Suzana Lisboa abraça seu pai, Raul Lisboa, 89 anos, através de uma cortina de plástico instalada em abrigo para idosos em São Paulo Foto: RAHEL PATRASSO / REUTERS
Profissionais de saúde do governo viajam de barco para visitar uma comunidade ribeirinha de Santa Maria, a fim de testar os moradores como uma medida contra a pandemia de coronavírus no sudoeste da ilha de Marajó, no Pará Foto: TARSO SARRAF / AFP
Funcionário de limpeza desinfecta uma rua no sudoeste da ilha do Marajó, no Pará Foto: TARSO SARRAF / AFP
Pessoas se exercitam no primeiro dia de praias reabertas para esportes individuais, na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, Brasil Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
Agentes de saúde testam uma moradora da comunidade ribeirinha de Roli Madeira, em no estado do Pará, Brasil Foto: TARSO SARRAF / AFP
Um agente de saúde mostra um teste Covid-19 na comunidade ribeirinha de Roli Madeira Foto: TARSO SARRAF / AFP
Imagem de coveiros enterrando uma pessoa no cemitério de Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Tarumã, em Manaus, durante pandemia de coronavírus Foto: MICHAEL DANTAS / AFP
Manifestante contrário ao governo brasileiro segura um cartaz representando o caixão de uma vítima da Covid-19 com a mensagem "30.000 mortes, e daí?", durante um protesto chamado "Amazonas pela Democracia", em referência à fala do presidente Bolsonaro Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
Pessoas são vistas através de uma câmera térmica usada para detectar altas temperaturas do corpo na rodoviária central e na estação central do metrô, em meio ao surto da doença por coronavírus (COVID-19) Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Movimentação de passageiros na rodoviária central de Brasília, em meio ao surto de coronavírus Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Membro do Médicos Sem Fronteiras olha para um garoto da tribo Warao, o segundo maior grupo indígena da Venezuela, que sofre de sintomas do novo coronavírus, em Manaus, no Amazonas Foto: MICHAEL DANTAS / AFP
Coveiros vestindo roupas de proteção enterram o caixão de uma vítima da COVID-19, no cemitério São Luiz, em São Paulo Foto: AMANDA PEROBELLI / Reuters
O presidente Jair Bolsonaro participa da inauguração, com um mês de atraso, de um hospital de campanha em Águas Lindas, no estado de Goiás Foto: SERGIO LIMA / AFP
Profissional de saúde cuida de um paciente na enfermaria da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde pacientes infectados com o novo coronavírus estão sendo tratados no Hospital Público Doutor Ernesto Che Guevara, na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Pessoas desfrutam de tarde de sol na praia de Arpoador mesmo diante da proibição da permanência na areia das praias da cidade do Rio em meio ao surto de Covid-19 Foto: RICARDO MORAES / REUTERS
Uma mulher toca as estátuas dos escritores brasileiros Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade com máscaras, em Porto Alegre Foto: DIEGO VARA / REUTERS
Sepultadores carregam um caixão de vpitima da Covid-19 no cemitério municipal Recanto da Paz, em Breves, no Pará Foto: TARSO SARRAF / AFP
Funcionários limpam tinta vermelha derramada por um manifestante na rampa de acesso do Palácio do Planalto, em Brasília Foto: SERGIO LIMA / AFP
Um profissional de saúde da cidade de Melgaço chega a uma pequena comunidade ribeirinha no rio Quará, onde oito famílias vivem sem eletricidade, para prestar assistência médica a seus moradores em meio à disseminação do coronavírus, no sudoeste de Marajó Ilha, no Pará Foto: TARSO SARRAF / AFP
Ativistas da ONG Rio de Paz em trajes de proteção cavam sepulturas na praia de Copacabana para simbolizar os mortos pela COVID-19, durante uma manifestação no Rio de Janeiro Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
Pessoas usam máscaras protetoras e esperam na fila para entrar no shopping Nova América quando shoppings reabrem em meio ao surto de coronavírus no Rio de Janeiro Foto: RICARDO MORAES / REUTERS
As pessoas caminham por uma rua comercial em São Paulo, enquanto a cidade relaxa as restrições e permite a abertura do comércio Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
Funcionário do Ministério da Educação entrega kits de merenda escolar para locais carentes em Megalço, no Pará, Brasil Foto: TARSO SARRAF / AFP
Banhistas ignoram restrições de acesso às praias cariocas, no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, em meio ao surto de coronavírus Foto: SERGIO MORAES / REUTERS
As pessoas assistem a um filme no cinema drive-in enquanto as salas de cinema permanecem fechadas, em São Paulo Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
Manifestantes participam de um protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, enquanto mantêm distância social em frente ao Congresso Nacional, em Brasília Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Profissionais de saúde realizam testes para COVID-19 em taxistas no sistema drive-thru no Sambódromo do Rio de Janeiro Foto: RICARDO MORAES / REUTERS
Artista se apresenta com um balão vermelho em forma de coração durante um protesto em homenagem a pessoas que morreram pela Covid-19 no Brasil, em Brasília Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Elisete Navarro Curci visita seu marido, Adhemar Curci, internado por causa da COVID-19 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto Emilio Ribas, em São Paulo Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
Clientes caminham pelos corredores do Mercadão de Madureira durante sua reabertura no Rio de Janeiro Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
Um funcionário mede a temperatura de um cliente na entrada de uma loja, em São Paulo Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
Um coveiro descansa no cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, durante o surto de coronavírus Foto: IAN CHEIBUB / REUTERS
Transmissão de dados
É principalmente a este último fator que a Secretaria de Saúde de Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul, atribui a baixa cobertura vacinal do município (4,7%). Segundo a coordenadora de Imunizações, Michele Kroll Bujes, depois de 2019 houve uma mudança no sistema de registro de vacinação do município.
— Realmente nossa cobertura está aparecendo no Ministério da Saúde bem baixa, mas já verificamos o problema e descobrimos ser na transmissão dos dados do programa informatizado do município, bem como, problemas no cadastro dos usuários. Já estamos averiguando e atualizando os dados do cadastro para resolvermos essas inconsistências — afirmou.
Ela admite, também, que no início da pandemia houve baixa procura pelo medo dos pais de saírem de casa com os filhos e levarem as crianças até uma unidade de saúde onde poderiam ter pessoas com sintomas ou infectados com Covid. Agora, conta, a procura voltou a aumentar.
No estado do Rio, Belford Roxo, um dos municípios com mais baixa cobertura vacinal do país (6,2%), a prefeitura fez uma campanha de multivacinação no fim do ano passado com doses das vacinas BCG, hepatite A e B, tríplice viral, entre outras.
— Muitas pessoas deixaram de levar seus filhos para atualizarem a caderneta de vacinação devido à pandemia — justificou também o secretário de Saúde, Christian Vieira, na ocasião.
Mas para Maicon Lemos, secretário de saúde do munícipio de Canoas (RS) e 1º vice-presidente da Região Sul do Conasems, a baixa cobertura também está relacionada a campanhas de desinformação e grupos antivacina.
— É uma luta que precisamos travar. As pessoas estão sendo bombardeadas com fake news sobre vacinas nos grupos da família, do trabalho, da escola, o que gera insegurança — diz ele.
Lemos reforça que o fim do isolamento social e da obrigatoriedade de uso de máscaras combinado à baixa cobertura vacinal em várias cidades pode levar também ao ressurgimento de doenças:
— Se o Brasil perder o controle, veremos muitas doenças preveníveis por vacinas ressurgirem em 2023. A única forma de combater é fazer campanha com a informação correta, o que não tem sido feito.
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Homem passa por teste de Covid no Centro Municipal de Saúde Dom Hélder Câmara , em Botafogo, Rio de Janeiro. Aumento de casos de infecção pela variante Ômicron fez disparar a procura por testes e atendimento em postos de saúde Foto: FABIANO ROCHA / Agência O Globo
Testes rápidos para Covid-19. Aumento de contaminação por Covid-19, devido a Ômicron, leva população a enfrentar grandes filas em postos de saúde para testagem Foto: CRISTIANO MARIZ / Agência O Globo
Passageiros aguardam em filas no aeroporto da Cidade do México após mais de 80 pilotos do terem testado positivo para a Covid-19, forçando a suspenção de voos Foto: EDGARD GARRIDO / REUTERS
Pessoas fazem fila para serem testadas para a Covid-19 no estacionamento de um shopping, na Cidade do México Foto: LUIS CORTES / REUTERS
Paramédicos trabalham dentro de uma ambulância estacionada em frente ao Royal London Hospital, no leste de Londres. Capital da Inglaterra enfrenta grave escassez de pessoal causada pelo surto de Ômicron Foto: DANIEL LEAL / AFP
Mulher passa por teste de Covid-19 em uma van de teste móvel, na cidade de Nova York. Os EUA registraram mais de 1 milhão de casos de Covid-19 em 3 de janeiro Foto: ANGELA WEISS / AFP
Mulher passa por uma academia fechada em Toronto, Ontário. A província impôs novas restrições para desacelerar a disseminação da Ômicron Foto: GEOFF ROBINS / AFP
Teste de antígeno positivo para coronavírus em um centro de testagem em Lima, no Peru. País assiste a uma aumento de casos em várias cidades e apertou algumas restrições devido a uma terceira onda de infecções causada pela variante Ômicron Foto: ANGELA PONCE / REUTERS
Sacos de lixo empilhados em condomínio no distrito de Tower Hamlets, leste de Londres. Setores da indústria britânica foram atingidos pela infecção de funcionários com a Ômicron Foto: JUSTIN TALLIS / AFP
Fila para teste de Covid-19 em um centro de testes do governo em Buenos Aires, Argentina Foto: ALEJANDRO PAGNI / AFP
Pessoas esperam em fila para serem testadas para Covid-19 na Union Station, em Los Angeles, Califórnia Foto: MARIO TAMA / AFP
Profissional da saúde prepara dose da vacina Covid-19 para ser aplicada em Los Angeles, Califórnia, EUA Foto: FREDERIC J. BROWN / AFP
Placa informa os clientes de que os testes de Covid-19 estão esgotados em uma farmácia de Miami, Flórida Foto: MARCO BELLO / REUTERS
Estudantes entre 15 e 18 anos esperam para serem vacinados com uma dose da vacina Covaxin contra a Covid-19 durante uma campanha de vacinação em uma escola em Bangalore, na Índia Foto: MANJUNATH KIRAN / AFP
Policial pede às pessoas que saiam do passeio na unidade da Marinha, durante restrições para limitar as reuniões públicas em meio à disseminação do coronavírus em Mumbai Foto: NIHARIKA KULKARNI / REUTERS
Motoristas foram fila em sistema drive-thru para serem testados para Covid-19, em meio a um aumento nas infecções pela variante Ômicron em Ashdod, Israel Foto: AMIR COHEN / REUTERS
Voluntários distribuem testes rápidos de Covid-19 fornecidos pelo governo, no nordeste de Londres Foto: TOLGA AKMEN / AFP
Funcionária limpa mesa de um café, em Hong Kong, após últimos clientes saírem. Toque de recolher às 18h foi determinado pelo governo para combater disseminação da nova variante da Covid-19 Foto: MLADEN ANTONOV / AFP
Profissionais de saúde verificam documentos de pessoas em fila para os testes de Covid em um ginásio de Manila à medida que crescem os casos de infecção na capital do país Foto: AFP
Cliente deixa uma loja no Camden Market, em Londres. Empresas e consumidores do Reino Unido enfrentam novas restrições impostas devido à disseminação da variante Ômicron Foto: TOLGA AKMEN / AFP
Para Yula Merola, bioquímica que atua na linha de frente da saúde no município de Poços de Caldas, em Minas Gerais, há também desestímulo a programas de atenção primária, como os grupos de saúde da família e de agentes comunitários.
Segundo ela, muitos municípios não têm equipes de vacinação e usam profissionais de outras áreas. Com isso, perdem a chance de ter profissionais treinados para explicar às famílias a necessidade da imunização.
— Além disso, as unidades básicas de saúde abrem das 8h às 17h, horário em que os pais estão trabalhando. O "Dia D" é sempre um sábado, e boa parte da população também trabalha neste dia — explica Yula.
O Ministério da Saúde realiza, todos os anos, uma Campanha Nacional de Multivacinação. Em 2021, segundo informações da pasta, mais de 23 milhões de doses foram aplicadas, o equivalente a mais de 6,7 milhões de pessoas do público-alvo com caderneta de vacinação atualizada.