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ELEIÇÕES

As apostas para o 'resta um' do centro e o futuro de Moro

Sérgio Moro

Com a definição de que Eduardo Leite fica no PSDB e renuncia ao governo do Rio Grande do Sul, PSDB, DEM e União Brasil vão tentar chegar a um consenso para lançaar apenas um candidato para tentar quebrar a até aqui consolidadíssima polarização entre Lula e Jair Bolsonaro. E quais as apostas para o desenvolvimento desse enredo? Cada um tem a sua.

Leite ficou no partido na esperança de ser ungido candidato por um apelo dos demais partidos que compõem essa tentativa de aliança. "Ninguém pode ser candidato de si mesmo" é uma frase dita sobre João Doria por todos aqueles que trabalharam para convencer o governador do Rio Grande do Sul a ficar na sigla.

Por esse raciocínio, depois de um prazo entre 45 e 60 dias, caso não decole nas pesquisas, Doria seria instado por dirigentes das três legendas a abrir mão da candidatura em nome do objetivo maior de enfrentar a polarização.

O governador do RS, Eduardo Leite

E o que dizem os aliados do governador de São Paulo? Que ele não está mais tão inflexível quanto antes a respeito da possibilidade de não ser candidato. Mas também que ele pode "desistir para apoiar qualquer um, menos o Leite".

E Simone Tebet? A senadora do MDB corre por fora na disputa tucana e conta com alguns trunfos para tentar ser a vencedora do "resta um" do centro: a) o fato de MDB e União Brasil serem partidos maiores no Legislativo que o PSDB, e, portanto, não precisarem ficar a reboque do eterno tucanocídio; b) ser a única mulher na disputa, o que seria visto como uma alternativa real a Lula e Bolsonaro, e c) ter a menor rejeição e o maior potencial de crescimento, segundo pesquisas qualitativas vistas por todos os que debatem a união.

Em recente jantar do qual participaram Doria, Tebet, Baleia Rossi e Bruno Araújo, os dois últimos presidentes do MDB e do PSDB, praticamente ficou selada a ideia de dar um prazo de entre 45 e 60 dias para todos tentarem viabilizar seus nomes, e depois afunilar para um só candidato. Luciano Bivar, do PSL, também concordou com o acerto, e existe uma possibilidade de que até apresente seu nome como "pré-candidato" só para que todos partam do mesmo patamar para se entenderem lá na frente.

E Sérgio Moro? Se há hoje um só consenso entre os grupos de Doria, Tebet e Leite é que o ex-juiz não vai manter a candidatura até o fim. Falta de apoio político, inclusive da direção do Podemos, de dinheiro (já começam a atrasar pagamentos no QG do ex-ministro, e parlamentares da sigla já "ratearam" o fundo partidário) e de espaço para crescer, dada a rejeição que tem seriam os fatores a serem usados para convencer Moro a desistir. 

O ex-juiz é descrito como teimoso e sem nenhuma habilidade com os códigos da política. Apostas erradas como a parceria com o MBL e a ida à Alemanha com resultados pífios são apontadas para mostrar o quão deslocado ele está no ambiente de uma disputa eleitoral.

Segundo um cacique do MDB, a própria presidente do Podemos, Renata Abreu, já estaria disposta a caminhar com uma candidatura única de centro. Faltaria apenas convencer Moro a sair de cena. Não deverá ser tão fácil.

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