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5G estreia em SP com velocidade alta, mas abaixo do potencial; veja como usar

Nova geração de internet móvel chega à cidade nove meses após leilão que definiu o controle das frequências

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São Paulo

O 5G estreou em São Paulo nesta quinta-feira (4). Depois de receber o aval da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) na terça-feira, a cidade agora conta com a frequência de 3,5 GHz da nova geração de internet móvel, que promete revolucionar a indústria, a agricultura e as cidades.

Em teste feito à 0h desta quinta (4), a velocidade de download 5G já variava entre 300 e 400 Mbps (megabits por segundo). O mesmo resultado foi observado nesta manhã. O valor é até quatro vezes superior ao do 4G, cuja média é de 100 Mbps.

No entanto, o 5G "puro" promete uma velocidade média de 1 Gbps (gigabit por segundo), dez vezes maior que o antecessor, podendo chegar a 20 Gbps. Ou seja, a velocidade de 400 Mbps obsevada é alta, mas ainda está longe do objetivo.

A velocidade de download determina o tempo que dados levam para ser descarregados da internet, como uma playlist do Spotify e um filme da Netflix. Para baixar "Agente Oculto", lançamento recente do streaming, a conexão levou 18 segundos.

Antena de internet sem fio, na zona norte de São Paulo - Roberto Casimiro/Fotoarena/Agência O Globo

São Paulo é a quinta cidade a receber a autorização para ativar a tecnologia, depois de Brasília, Porto Alegre, João Pessoa e Belo Horizonte. A estreia ocorre nove meses após o leilão definir quais empresas têm direito de usar as frequências que viabilizam o serviço.

No entanto, celulares compatíveis com a conexão já exibiam o ícone do 5G antes dessa data. Até antes do lançamento, a frequência que a conexão operava era menor, de 2,3 GHz, que é considerada "impura" por dividir com o sinal de 4G e não oferecer todo o desempenho da tecnologia.

Por isso, a chegada do 5G pode ter passado despercebida para quem já usava um celular compatível antes desta quinta-feira (4). Mas não porque não houve diferença. Em teste feito nesta manhã na região da avenida Paulista com um Samsung Galaxy A33 5G, as velocidades da versão oficial do 5G superaram em dez vezes a versão anterior. A taxa de download da rede móvel, então, se aproxima da internet banda larga de fibra óptica.

No teste da Folha do 5G "impuro", a velocidade de download da Vivo chegou a 36,4 Mbps, valor baixo até mesmo para o 4G.

Para o lançamento na capital paulista, as operadoras instalaram e cadastraram cerca de 1.400 antenas, quase o triplo do mínimo exigido pelo órgão regulador. Pelas regras do edital, as empresas são obrigadas a instalar uma antena para cada 100 mil habitantes na primeira etapa de implantação do serviço.

Na semana passada, as operadoras de telefonia fizeram uma força-tarefa em São Paulo para obter o aval da Anatel. A cidade recebeu a autorização em reunião extraordinária da agência ocorrida nesta terça-feira (2). As operadoras, então, pagaram as taxas referentes às licenças e serviço para que a conexão começasse a ser oferecida nesta quinta.

A quantidade de antenas é essencial para que a telefonia de quinta geração funcione bem. Isso porque a frequência utilizada para a emissão do sinal 5G, de 3,5 GHz, tem alcance menor. Para que a cobertura seja ampla e de qualidade, as empresas precisam construir, em média, dez vezes mais antenas em relação ao parque já instalado no país.

A tecnologia permite velocidade de navegação na internet por celular até dez vezes mais rápida que no 4G e latência menor que um milissegundo. Esse intervalo é o tempo de transferência de um pacote de dados de um ponto a outro, crucial para aplicações como cirurgias a distância ou controle de veículos autônomos, algumas das principais promessas da tecnologia.

Em que bairros haverá sinal 5G?

A cobertura do 5G está concentrada no centro expandido, entre as marginais Tietê e Pinheiros, e pega também uma parte da zona oeste e o início da zona sul, segundo mapa divulgado pela Anatel. De acordo com a agência reguladora, a área de maior concentração de antenas é também onde há maior concentração de prédios empresariais, polos de empregos e famílias com maior poder aquisitivo. ​

Em coletiva realizada na manhã desta quinta (4), a TIM disse liderar a cobertura do 5G em São Paulo, oferecendo a conexão em todos os bairros da cidade logo no dia do lançamento. A tele conta com mais de 1.150 antenas, das quais cerca de 800 foram ativadas nesta madrugada.

A Claro divulgou nesta quarta (3) a lista dos 52 bairros onde o 5G funciona. São eles: Água Branca, Bela Vista, Brooklin Novo, Brooklin Paulista, Butantã, Cerqueira César, Chácara Monte Alegre, Chácara Santo Antônio, Cidade Jardim, Cidade Mãe do Céu, Cidade Monções, Consolação, Higienópolis, Indianópolis, Itaim Bibi, Jardim América, Jardim Ampliação, Jardim Anália Franco, Jardim Caboré, Jardim das Acácias, Jardim dos Estados, Jardim Europa, Jardim Londrina, Jardim Paulista, Jardim Paulistano, Jardim Petrópolis, Moema, Morumbi, Paraíso, Paraíso do Morumbi, Paraisópolis, Parque São Jorge, Pinheiros, Planalto Paulista, Santa Cecília, Santo Amaro, Sumarezinho, Tatuapé, Vila Nova Conceição, Vila Andrade, Vila Carrão, Vila Clementino, Vila Cordeiro, Vila Gomes Cardim, Vila Invernada, Vila Mariana, Vila Nova Conceição, Vila Olímpia, Vila Romana, Vila Suzana, Vila Tramontano e Vila Uberabinha.

Também nesta quinta (4), a Vivo divulgou a lista dos 54 bairros com cobertura 5G: Aclimação, Bela Vista, Brooklin, Brooklin Novo, Brooklin Paulista, Butantã, Campo Belo, Centro, Cerqueira César, Chácara Itaim, Chácara Santo Antônio (zona sul), Cidade Dutra, Cidade Jardim, Cidade Monções, Consolação, Higienópolis, Ibirapuera, Indianópolis, Itaim Bibi, Jardim América, Jardim das Acácias, Jardim Europa, Jardim Everest, Jardim Paulista, Jardim Paulistano, Liberdade, Mirandópolis, Moema, Morro dos Ingleses, Morumbi, Paraíso, Perdizes, Pinheiros, Real Parque, República, Santa Cecília, Santa Efigênia, Sé, Sumaré, Sumarezinho, Vila Anglo Brasileira, Vila Buarque, Vila Clementino, Vila Congonhas, Vila Cordeiro, Vila Gertrudes, Vila Madalena, Vila Mariana, Vila Nova Conceição, Vila Olímpia, Vila Represa, Vila São Francisco, Vila Tramontano e Vila Uberabinha.

​Preciso trocar de chip?

A TIM e a Claro disseram que não exigem a troca. O site da Vivo disse ser necessária a substituição, mas, em comunicado divulgado nesta quinta (4), a operadora afirmou que, para acessar a rede, só é necessário ter um aparelho compatível e estar na área de cobertura.

Preciso trocar de plano?

A Claro, a TIM e a Vivo informaram que adoção da conexão não vai exigir alteração dos planos de dados. No entanto, as operadoras devem lançar em breve contratos específicos para usuários que desejarem melhor experiência com a nova conexão.

O professor e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio Luca Belli ressalta, porém, que um plano mínimo para uso do 5G deverá ser de 100 GB, cujo custo, hoje, é de cerca de R$ 400.

A expectativa é que o 5G nacional siga preços internacionais até que a popularização do serviço derrube o valor dos chips e dos aparelhos —as principais barreiras de acesso.

​Meu celular já mostrava o ícone do 5G. Qual a diferença?

O 5G disponível antes desta quinta-feira (4) em São Paulo é chamado de 5G DSS (Dynamic Spectrum Sharing). A conexão é considerada "impura" por operar na mesma faixa de frequência do 4G (2,3 GHz), o que limita seu desempenho.

A versão "pura", ou standalone, tem uma faixa dedicada somente a ela, de 3,5 GHz. Em teste feito pela Folha, o 5G impuro falhou em superar o 4G.

Em Brasília, onde a rede está disponível desde o início de julho, o serviço segue instável e com as velocidades prometidas oscilando e, muitas vezes, se equiparando às do 4G devido à falta de cobertura na capital.

Quais celulares são compatíveis?

Veja a lista dos principais aparelhos compatíveis com a conexão:

Operam o 5G SA (puro) e NSA (impuro):

Apple:

  • iPhone 12 mini, iPhone 12, iPhone 12 Pro, iPhone 12 Pro Max
  • iPhone 13 mini, iPhone 13, iPhone 13 Pro, iPhone 13 Pro Max
  • iPhone SE 2022

Samsung:

  • Galaxy Z Fold 3 5G
  • Galaxy Z Flip 3 5G
  • Galaxy S22 5G, Galaxy S22+ 5G e Galaxy S22 Ultra 5G
  • Galaxy S21 FE, Galaxy S21 5G, Galaxy S21+ 5G e Galaxy S21 Ultra 5G
  • Galaxy A33 5G, Galaxy A52s 5G, Galaxy A53 5G e Galaxy A73 5G
  • Galaxy M53 5G

Motorola:

  • Motorola Edge 20, Edge 30 e Edge 30 Pro
  • Moto G200 5G
  • Moto G62 5G
  • Moto G82 5G

Outros:

  • Redmi Note 10 5G e Redmi Note 11 Pro 5G
  • Xiaomi 11 Lite 5G NE, Xiaomi 12 Lite e Xiaomi 12
  • POCO M3 Pro 5G e POCO M4 Pro 5G
  • POCO X4 Pro 5G
  • Infinix Zero 5G

Operam somente o 5G NSA (impuro):

Samsung:

  • Galaxy Z Fold 2 5G
  • Galaxy Note 20 5G e Note 20 Ultra 5G
  • Galaxy S20 FE 5G
  • Galaxy A22 5G, A32 5G e A52 5G
  • Galaxy M23 5G e M52 5G

Motorola:

  • Motorola Edge 20 Lite e Edge 20 Pro
  • Motorola Edge
  • Moto G100
  • Moto G71 5G
  • Moto G50 5G
  • Moto G 5G e 5G Plus
  • Lenovo Legion Phone Duel

O que é e o que pode fazer o 5G?

O 5G é a próxima geração de conexão de internet móvel, aquela usada em celulares e outros dispositivos sem fio. A tecnologia oferece maiores velocidades para baixar e enviar arquivos e menor latência para a transmissão de dados em tempo real.

Para o consumidor médio, o 4G já atende bem atividades de entretenimento, trabalho e educação. Mas o 5G é associado ao aumento da produtividade da indústria, do agronegócio, da saúde e outros setores. Por isso, as velocidades maiores e latência mínima prometidas são aguardadas.

A velocidade do 5G puro alcança, em média, 1Gbps (Gigabit por segundo), sendo dez vezes maior que a média do 4G. Por exemplo, para baixar um arquivo de 5 GB (um filme em alta definição) no 5G puro, seria preciso aguardar 42 segundos. E essa conexão pode chegar a até 20 Gbps.

Para 2027, ano em que a tecnologia deve se tornar dominante, pelas projeções da Ericsson, serão 4,4 bilhões de usuários do 5G no mundo. Até o final deste ano, deve alcançar 1 bilhão.

Basta ter os equipamentos para ter acesso total ao 5G?

O acesso à tecnologia não deve ser rapidamente disseminado, alerta Luca Belli, professor e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio

"Para 'chegar', o 5G precisa que uma alta densidade de estações 5G sejam instaladas e que tais estações sejam conectadas por uma rede de fibra. Estas estações ou células atuam basicamente como roteadores que devem estar extremamente perto do usuário para que haja acesso à rede 5G", escreveu ele em artigo na Folha.

O planejamento oficial prevê que o 5G chegue a todas as cidades brasileiras –ou pelo menos nos bairros onde o investimento é mais rentável– "até 2029".

Por que o custo de usar 5G deve ser alto?

Segundo o professor Luca Belli, da FGV, ainda que as operadoras não tenham revelado os preços dos planos de internet móvel para usar 5G, a elevação no volume de dados consumidos deve produzir contas mais altas para os usuários.

"Os planos praticados até hoje pelas operadoras não se baseiam no tipo de tecnologia, mas por consumo de dados. Ou seja, você não paga planos 3G, 4G ou 5G, mas paga baseado em quantos dados consumir", descreve Belli.

Se com o 5G é possível baixar um vídeo de 20 GB em 20 segundos, enquanto com o 4G demoraria meia hora, um consumidor que use essa rapidez para baixar três vídeos gastará o triplo de dados. Atualmente, o custo do consumo de 20 GB é cerca de R$ 60, independentemente da tecnologia usada e do tempo necessário.

Ou seja, quem baixar 20 GB poderá ter um custo de R$ 60, independentemente da velocidade, e quem baixar 60 GB terá o triplo do custo, a não ser que o valor cobrado pelo GB diminua radicalmente, exemplifica o professor.

O 5G deve mesmo atingir 1Gbps (Gigabit por segundo) no Brasil

Luca Belli, da FGV, alerta que há hoje no país uma diferença entre o ideal da performance tecnológica e a realidade.

O 4G alcança velocidade de 100 MBps no laboratório, mas a velocidade média na conexão móvel brasileira é de menos que 20 MBps, ou seja cerca de 20% do potencial.

"Considerando o amplo leque de desafios, parece prudente pensar que, pelo menos "até 2029", a velocidade média do 5G não seja mais que 20% do máximo declarado."

Que outros impactos pode ter o 5G?

A chegada do 5G também deve movimentar o mercado de trabalho no Brasil ao gerar empregos e exigir novas habilidades profissionais. Os setores de tecnologia e telecomunicações serão os mais afetados.

Luca Belli, porém, argumenta que pode haver custos sociais altos sem um planejamento que prepare saídas para operários de fábricas automatizadas (que serãosubstituídos por robôs conectados por 5G), por exemplo, ou para trabalhadores de fazendas, que serão substituídos por tratores autônomos, ou para caminhoneiros, que darão lugar a caminhões elétricos auto-pilotados.

"Na China e na Coreia do Sul, que são lideranças mundiais sobre 5G e automatização, esse processo está sendo estudado e uma mudança sistêmica, inclusive para preparar e reconverter a mão de obra está sendo planejada há anos. A China introduziu há três anos a programação como matéria obrigatória no ensino fundamental", escreve Belli.

No atual contexto brasileiro, infelizmente, existem muitos anúncios, mas poucas estratégias. A única coisa que pode se afirmar sobre a chegada do 5G no Brasil, neste momento, é que, considerando o 'planejamento' existente, o potencial disruptivo desta excelente tecnologia não vai gerar benefícios distribuídos universalmente, e pode até exacerbar as desigualdades digitais existentes."

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