Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Elio Gaspari
Descrição de chapéu Eleições 2022

O Datafolha e Marco Maciel

O sábio ensinava: as consequências geralmente vêm depois

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bolsonaro parece preso na piada de Marco Maciel, o grande vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso. Faltando alguns dias para a eleição, o marqueteiro disse ao candidato:

— O nosso adversário está na frente, mas vem caindo, enquanto estamos subindo.

Ao que o candidato perguntou:

— E o senhor acha que a intersecção das duas linhas ocorrerá antes ou depois do dia da eleição?

Os candidatos à Presidência: Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Felipe D'Avila, Simone Tebet e Soraya Thronicke durante debate no último dia 28 - Bruno Santos - 28.ago.2022/Folhapress

Pelo Datafolha, em três meses Lula perdeu três pontos e está com 45% e Bolsonaro ganhou cinco ficando com 32%. Admitindo-se que ele recupere a aceleração, pois na última semana ficou parado, a intersecção das duas linhas ocorreria em 2023.

O Datafolha levou água para a possibilidade de um segundo turno. Ciro Gomes e Simone Tebet tiveram bons desempenhos no debate de domingo, mas continuam comendo poeira.

O sinal de perigo para Bolsonaro continua vindo de Minas Gerais. O governador Romeu Zema, que se elegeu na maré de 2018 e descolou-se de Bolsonaro, está com 52% das preferências (cresceu 5 pontos). Na região Sudeste, é em Minas que Lula mantém a maior vantagem sobre o capitão: 47% a 30%.

Só o tempo dirá quanto custará ao PT e a Fernando Haddad, seu candidato ao Governo de São Paulo, ter aninhado na sua vice a mulher de Márcio França, que abandonou a disputa, apoiando-o. A professora Lúcia França tem sólida carreira profissional, mas é novata em disputas eleitorais. Márcio França lidera a disputa pelo Senado.

Moro e os partidos

O ex-juiz Sergio Moro diz que deixou o partido Podemos porque pretendia auditar suas contas e a proposta não andou. Vá lá.

O partido rebateu mostrando as notas fiscais que ele apresentou, pedindo reembolso de R$ 45 mil. Listava a compra de roupas, inclusive bermudas, além de uma despesa com alfaiate.

Se ele tivesse achado notas fiscais desse tipo no sítio de Atibaia, pobre Lula.

Como juiz na Vara de Curitiba, Moro conheceu à saciedade as vísceras dos partidos políticos nacionais.

Como dizia Guimarães Rosa, em geral são casas onde homens sérios entram, mas por lá não passam.

Lula se mexeu antes

Bolsonaro deixou passar a primazia na condenação da tentativa de assassinato da ex-presidente argentina Cristina Kirchner.

Logo ele, que há quatro anos correu risco de morte ao tomar uma facada em Juiz de Fora.

Lula pulou na frente condenando o atentado, atribuindo-o a um "criminoso que não sabe respeitar divergências e a diversidade".

A iniciativa era conveniente, até porque o cidadão que empunhava a pistola é brasileiro.

Demofobia

Aqui e ali aparecem comentários que especulam sobre a adesão dos brasileiros mais pobres a Bolsonaro por causa do dinheiro do Auxílio Brasil.

É um raciocínio lógico, contaminado por uma pitada de demofobia.

Lula ganhou prestígio popular com o Bolsa Família, mas em seus oito anos de governo aumentou o salário mínimo, alavancou as cotas nas universidades, fez o Prouni e estimulou a agricultura familiar.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.