Eleições 2018 em São Paulo

Por Paula Paiva Paulo, Gessyca Rocha e Cíntia Acayaba, G1 SP


João Dória e Márcio França — Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo e Carolina Dantas/G1

João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) decidirão em segundo turno, no próximo dia 28, quem será o futuro governador de São Paulo. O resultado ficou matematicamente confirmado às 22h, informou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com 100% das urnas apuradas, às 23h17, o tucano obteve 6.431.427 votos (31,77%) no primeiro turno e o pesebista, 4.358.887 votos (21,53%), segundo o TSE. Paulo Skaf (MDB) recebeu 4.269.743 votos (21,09%) e ficou em terceiro lugar.

Com uma diferença de 89.414 mil votos entre o segundo e terceiro colocados, quando a apuração estava em 98% das urnas ainda não era possível saber quem disputaria o segundo turno com Doria.

Depois de 16 anos, a eleição para o governo de São Paulo foi para o segundo turno, a última vez foi em 2002, entre José Serra (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT). Após confirmação de que haverá segundo turno, Doria e França fizeram pronunciamentos.

Doria disse ter orgulho de ter vencido em São Bernardo do Campo e na região metropolitana, considerados redutos petistas. "[Vou] combater o PT, o petismo e as vigarices".

"Serei duríssimo com o adversário Márcio França. Contra a esquerda, contra genéricos do PT, serei o mesmo João Doria que venceu o PT em São Paulo. Pois a esquerda do Márcio França será derrotada pelos mesmos brasileiros que derrotaram Lula e o PSDB", afirmou.

O tucano também deixou claro o seu apoio a Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno à Presidência.

Doria começou seu discurso cumprimentando seu padrinho político e candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, por ter sido um guerreiro em uma campanha difícilima. Também cumprimentou os adversários.

Em seu discurso após o resultado, o atual governador, Márcio França, afirmou que "percebeu o movimento que alguma pesquisa fez sobre a queda do Skaf" "Era um fardo difícil de carregar que era a história do MDB, que a gente já sabia disso, ele é meu amigo pessoal, os filhos dele são meus amigos, a família, mas ele, com razão, mas eu disse a ele: 'olha Paulo, eu vou entrar nessa disputa e o fardo de você carregar o MDB vai ser muito difícil, mas ele tentou de todo jeito, foi até o final e a diferença foi muito pequena e demonstra o mérito que ele tem”, disse.

No Twitter, França agradeceu o apoio e a "forte arancada". "Fé em Deus. Quem conhece confia. Muito obrigado pelo grande apoio e forte arrancada. Foi uma virada emocionante e vamos com mais força para Vitória. Aqui tem palavra! São Paulo avança!".

Em terceiro lugar, Skaf agradeceu aos eleitores. "Só tenho que agradecer às milhões de pessoas que votaram em mim, que se mobilizaram voluntariamente em todo o estado. Fizemos uma campanha sem coligaçãoo, com os adversarios com três vezes mais tempo de televisão e rádio", disse o mdebista.

Segundo a apuração do TSE:

Luiz Marinho (PT) obteve 2.563.737 (12,66%)
Major Costa e Silva (DC), 747.448 (3,69%)
Rogerio Chequer, 673.094 (3,32%)
Rodrigo Tavares (PRTB), 649.720 (3,21%)
Professora Lisete (PSOL) obteve 507.228 (2,51%)
Professor Claudio Fernando (PMN) 28.665 (0,14%)
Toninho Ferreira (PSTU), 16.201 (0,08%)

As candidaturas de Marcelo Candido (PDT) e Lilían MIrando (PCO) estão sob júdice e os votos não foram computados.

Froam registrados 1.801.680 votos brancos (6,95%) e 3.542.418 votos nulos (13,67%). A abstenção chegou a 7.110.741 de eleitores (21,53%).

O atual governador, Márcio França, deu uma arrancada final e passou Paulo Skaf só nas urnas. Ao longo de toda eleição, Doria e Skaf se mantiveram praticamente empatados, ambos oscilando na casa dos 20%. Só França cresceu significativamente: de 4%, no primeiro Datafolha, a 16% na última pesquisa do instituto.

A eleição estadual foi pautada pela disputa presidencial, que influenciou significativamente os debates e entrevistas entre os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes. Enquanto uns se mostravam contrários ao PT, outros usavam seu tempo de TV para convocar para atos contra Jair Bolsonaro (PSL).

A segurança pública capitaneou os temas mais falados pelos candidatos, que chegaram a prometer mais batalhões da PM ou incentivo à polícia científica sem sequer incluir as propostas nos planos de governo. Como o G1 mostrou, nenhum dos 6 candidatos mais bem colocados nas pesquisas apresentaram propostas para combater a facção PCC, que domina os presídios no estado.

Os candidatos tentaram atrair os votos das mulheres e propuseram aumentar o número de delegacias da mulher, bem como ampliar seus horários de funcionamento.

A campanha também foi marcada por um ataque a tiros sofrido pelo candidato Major Costa e Silva (DC) e pelo indeferimento de duas candidaturas do PCO ao governo do estado.

Perfis dos candidatos

Doria comemora ida ao segundo turno — Foto: Fábio Tito/G1

Doria

Paulistano, Doria nasceu em 16 de dezembro de 1957, filho do publicitário e ex-deputado federal João Doria e de Maria Sylvia Vieira de Morais Dias Doria.

Logo após o golpe militar em 1964, seu pai, publicitário e marqueteiro político, que se elegera deputado federal teve o mandato cassado, o que fez com que a família se exilasse em Paris por 2 anos.

Em 1970, aos 13 anos, começa a ajudar sua mãe na fábrica. Mais tarde, por meio das relações do pai, consegue um estágio em um departamento de Rádio, TV e Cinema de uma agência de propaganda.

Fez faculdade de Comunicação Social na FAAP e logo assumiu uma diretoria na antiga TV Tupi. Depois, tornou-se diretor na Rede Bandeirantes e ficou à frente da MPM, maior agência de propaganda do país na década de 80.

Hoje, Doria é casado com a artista plástica Bia, tem três filhos e dois livros “Sucesso com Estilo” e “Lições para Vencer”.

Sua grande marca está no Grupo Doria, grupo de Comunicação e Marketing composto por seis empresas: DoriaAdministração de Bens, Doria Editora, Doria Eventos, Doria Internacional, Doria Marketing & Imagem e LIDE (Grupo de Líderes Empresariais).

Foi no LIDE, que atualmente possui 1.650 empresas filiadas e que representam 52% do PIB privado brasileiro, que Doria se consolidou líder empresarial e articulador entre os empresários.

Também atuou como Publisher da Doria Editora que publica 18 revistas segmentadas voltadas para empresários e o público de classe A, entre elas: LIDE, Caviar LifeStyle, Gabriel, Meeting & Negócios, Mulheres líderes e Oscar.

Doria foi secretário Municipal de Turismo e presidente da PAULISTUR, entre 1983 e 1986, na gestão de Mário Covas na Prefeitura de São Paulo. Posteriormente, presidiu a EMBRATUR e o Conselho Nacional de Turismo, de 1986 a 1988.

Doria concorre pela primeira vez ao cargo de governador de São Paulo. Para participar da disputa eleitoral, ele deixou a Prefeitura em abril deste ano após ficar 15 meses na função.

O tucano é afilhado político do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e foi eleito no primeiro turno em 2016 para a Prefeitura de São Paulo.

Em 2016, durante a campanha para assumir a chefia do Executivo municipal, Doria garantiu, em entrevista ao G1 no dia 21 de setembro de 2016, que se fosse eleito, cumpriria "todo o mandato". "Serei prefeito por quatro anos e sem reeleição", disse Doria à época.

Em seu discurso no partido, ele alegou que "São Paulo não perde um gestor, São Paulo ganha dois gestores", argumentou.

Durante seu mandato ficou conhecido por vestir uniformes de funcionários, como de gari e pintor, por exemplo, durante a execução do Programa Cidade Linda.

Doria é réu em três ações cíveis por improbidade, propostas pela promotoria, por violação aos princípios constitucionais da administração pública e por enriquecimento ilícito.

Em uma das ações, o ex-prefeito de São Paulo é investigado por usar o slogan da sua campanha em 2016 em ações e projetos da Prefeitura, em benefício próprio e para proveito pessoal durante a gestão, entendeu o promotor Nelson Sampaio, que ingressou com o processo na 6ª Vara da Fazenda Pública.

A defesa de Doria ingressou com pedido de agravo de instrumento de decisões interlocutórias do magistrado que ainda não foram julgadas. O MP foi citado para se manifestar e a última movimentação é de 6 de setembro, com petições anexadas na 1ª Instância. O caso ainda não foi julgado.

Em outra ação, ele foi condenado, em 24 de agosto, por improbidade e supensão dos direitos políticos por 4 anos pela juíza Carolina Martins Cardoso, titular da 11ª Vara da Fazenda Pública, por usar o slogan da Prefeitura em ações pessoais. A Justiça aceitou o pedido do MP de que o uso da marca configurava “promoção pessoal do administrador público”. A assessoria disse que Doria irá recorrer da decisão.

Márcio França comemora ida ao segundo turno — Foto: Gessyca Rocha/G1

Márcio França

Advogado, é filiado ao PSB há 30 anos, seu único partido. Começou sua carreira política como líder estudantil na Faculdade de Direito de Santos, no litoral de São Paulo. Ele foi presidente estadual do PSB e atualmente é secretário nacional do partido.

Depois de trabalhar por anos como servidor da Justiça e atuar na advocacia, Márcio França se elegeu vereador por dois mandatos seguidos na cidade de São Vicente. Em 1997, foi eleito prefeito e reeleito em 2000.

Em seguida, foi eleito deputado federal e coordenou duas campanhas para presidente da República.

Em seguida foi convidado pelo então governador Geraldo Alckmin a criar e assumir a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo. Foi convidado por Alckmin a ser vice em sua chapa da reeleição. Como vice-governador, ele assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação

Márcio França é casado há 32 anos com a educadora Lúcia e pai da pedagoga Helena e do advogado e deputado estadual Caio França. É avô de Enzo e Laura. Nascido em São Vicente e criado à beira-mar, também gosta de pescar e surfar, além de cozinhar para os amigos.

França foi condenado por improbidade por um fato ocorrido na década de 1990, quando era prefeito de São Vicente, no litoral de São Paulo. O caso refere-se a contratações de 154 funcionários, de vários cargos, em áreas ligadas à saúde, sem concurso público. As contratações foram anuladas e o o Superior Tribunal de Justiça reconheceu, em 2004, que a perda da função pública a que ele foi condenado referia-se ao cargo que ocupava na época (de prefeito), sem impacto no atual cargo público que ocupa (de governador).

O Ministério Público recorreu e o caso ainda tramita no STJ. Márcio França é citado ainda em processos antigos na década de 1980 por débitos fiscais com a Prefeitura, e que foram arquivados.

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