Oferecido por


PF investiga envolvimento de traficantes de drogas e pescadores ilegais na morte de Bruno e Dom

PF investiga envolvimento de traficantes de drogas e pescadores ilegais na morte de Bruno e Dom

A Polícia Federal abriu uma nova frente de investigação do assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips.

Os agentes apuram o envolvimento de Amarildo com uma quadrilha que pesca ilegalmente em território indígena no Vale do Javari. Os compradores das cargas seriam traficantes de drogas.

Amarildo, o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, e Jefferson da Silva Lima estão presos por suspeita de terem executado Bruno e Dom.

Segundo a PF, as quadrilhas pescam grandes quantidades, principalmente de pirarucu, e vendem para comerciantes de Atalaia do Norte, cidades vizinhas, e também no Peru e na Colômbia.

As áreas indígenas são preferidas para a pesca ilegal, por causa da abundância de peixes e variedade de espécies.

Segundo a PF, a venda de pescado é uma estratégia dos traficantes para lavar dinheiro das drogas. Alguns grupos transportam drogas dentro dos peixes - um pirarucu pode ter três metros de comprimento.

Durante as buscas por Bruno e Dom, a polícia encontrou um barco escondido em uma área indígena, nas margens do rio Itaquaí. A PF diz que o barco é de Amarildo da Costa de Oliveira. A PF apreendeu o barco e a carga de peixes.

O combate à pesca ilegal era uma prioridade de Bruno Pereira. Ele coordenou diversas operações da Funai e da Univaja, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.

Por causa disso, segundo a Univaja, Bruno era alvo de ameaças de morte e andava com escolta particular. Bruno tinha dispensado os seguranças no dia em que foi morto.

Segundo a PF, esta investigação corre em paralelo com a apuração sobre os assassinatos de Bruno e Dom. O ponto em comum é que integrantes de quadrilhas de pesca ilegal e de tráfico de drogas poderiam estar envolvidas nas mortes, mas a motivação para as execuções ainda é desconhecida.

Na quinta-feira (23), a PF vai fazer a perícia no barco de Bruno e Dom. Integrantes da Marinha e agentes da Defesa Civil encontraram a embarcação a 20 metros de profundidade na área do rio Itaquaí indicada por Amarildo.

Os peritos anteciparam que vão tentar achar vestígios de sangue usando um reagente químico.

“A equipe de perícia também está se deslocando com scaners 3D. Então, por exemplo, se tem alguns amassados, se pode ter tido uma colisão entre lanchas, qual a posição que eles estavam, se tem alguma perfuração. Todos esses detalhes são avaliados pela perícia e são encaixados como um quebra-cabeça para tentar entender a dinâmica dos fatos que aconteceram ali”, diz o perito da PF José Rocha.

Outro crime ocorrido na região continua sem solução. Em setembro de 2019, o fiscal da Funai Maxciel Pereira dos Santos foi morto a tiros, em Tabatinga, cidade próxima a Atalaia do Norte e que é considerada rota para traficantes que atuam na tríplice fronteira.

Quase três anos depois, a Polícia Federal ainda não identificou os responsáveis pela execução. Maxciel era parceiro de Bruno Pereira na Funai e ficou conhecido pelas apreensões de grandes carregamentos ilegais de pescado.

A ex-mulher dele acredita que a morte de Maxciel está relacionada com sua atuação na Funai.

“Eu tenho certeza, porque ele comentava quando eles faziam umas apreensões, eles eram ameaçados. Tanto é que várias vezes a gente teve que ficar escondido dentro de casa sem ele poder sair”, conta Valdenice Nascimento de Souza.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!