Cultura
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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

A jornalista, escritora e ex-modelo Danuza Leão morreu nesta quarta-feira (22), aos 88 anos. Danuza estava internada na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio, onde tratava de problemas respiratórios, causados por um enfisema pulmonar. Seu corpo será cremado nesta sexta (24), no Cemitério do Caju, em horário a definir.

Nascida em Itaguaçu, no Espírito Santo, ela mudou-se com a família aos 10 anos de idade para o Rio. Aos 17, começou a carreira de modelo profissional, na década de 1950, e foi a primeira brasileira a desfilar no exterior.

Testemunha do início da bossa nova

Irmã da cantora e compositora Nara leão, acompanhou de perto o surgimento da bossa nova no apartamento de seus pais, o célebre 303 do edifício Palácio Champs Élysées, na Avenida Atlântica, em Copacabana, no final da década de 1950. Aluna de violão de Roberto Menescal, na academia que este criou com Carlos Lyra, Nara abriu o apartamento dos pais, o advogado Jairo Leão e a professora Altina Lofego Leão, para encontros nos quais os jovens músicos mostravam aos outros suas composições.

Além de Menescal e Lyra, entre outros nomes que batiam ponto no apartamento em frente ao Posto 4 estavam Luiz Eça, Johnny Alf, Edu Lobo, João Donato, Baden Powell, Luis Eça, Ronaldo Bôscoli e Sérgio Mendes. Foi ali um dos primeiros lugares onde João Gilberto mostrou a icônica batida criada ao violão e que os demais frequentadores se esmeravam para aprender.

Aos 20 anos, Danuza casou-se com Samuel Wainer, fundador do jornal Última Hora, que tinha o dobro de sua idade. Ela o conheceu na prisão, quando o jornalista foi condenado a uma pena de um ano por falsidade ideológica, após o suicídio de Getúlio Vargas, de quem era aliado político. A condenação foi o resultado de uma longa campanha coordenada por Carlos Lacerda e Assis Chateaubriand para impedir que Wainer comandasse um jornal, por não ser brasileiro nato, segundo a Constituição de 1946 (ele havia nascido na Bessarábia, atual Moldávia, e teria recebido uma certidão falsa brasileira em 1912). No governo de Café Filho, ele chegou a cumprir um mês da pena, mas foi absolvido logo depois.

Com a chegada de Juscelino Kubitschek à presidência, Wainer voltou a ter grande influência na vida política do país. À época, Danuza organizava recepções para políticos e empresários, além de acompanhar o marido em viagens.

O casal teve três filhos: a artista visual Pinky Wainer, o distribuidor cinematográfico Bruno Wainer e o jornalista Samuel Wainer Filho, que morreu em um acidente de carro em 1984, aos 29 anos. Danuza era avó do ator Gabriel Wainer, do fotógrafo e cineasta João Wainer e da artista visual Rita Wainer. Nos anos 1980, passou por períodos de depressão, causados pelo luto com a morte do filho, o suicídio do pai (também em 1984) e a morte prematura de Nara Leão, em 1989, causada por um tumor no cérebro.

Depois de Samuel Wainer, Danuza casou-se com o compositor e cronista Antônio Maria e com o jornalista Renato Machado. Após o estouro da onda Disco no Rio, ela tornou-se uma das maiores promoters da noite carioca, em boates como a Hippopotamus e a Regine's.

Autora premiada com o Jabuti

Foi colunista no Jornal do Brasil e na Folha de S. Paulo, antes de assinar uma coluna na Revista Ela, do GLOBO, entre 2017 e 2019. Autora de oito livros, como os best sellers "Na sala com Danuza" (1992) e "É tudo tão simples" (2011). A autobiografia "Quase Tudo" (2005) e "Fazendo as malas" (2008) lhe renderam o Prêmio Jabuti.

Seus livros se tornaram uma das maiores referências da etiqueta e da vida social brasileira, assim como suas colunas. As obras também consolidaram seu papel de vanguarda para as mudanças comportamentais no país na segunda metade do século XX.

Danuza foi ainda jurada de programa de TV, entrevistadora, dona de butique e produtora de arte. Também colaborou em novelas da TV Globo e atuou no cinema, em filmes dirigidos pelo amigo Glauber Rocha, como o clássico do cinema novo "Terra em transe" (1967) e "A idade da Terra" (1980).

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