BRASÍLIA — Os 16 pontos que separam Jair Bolsonaro de Fernando Haddad na pesquisa Datafolha são oceânicos, especialmente em uma eleição polarizada como a atual. Como ficou evidente pelos resultados de primeiro turno de Marina Silva e Geraldo Alckmin, muitos eleitores anteciparam para o domingo passado seu voto útil. Ao sair dar urnas com 46% dos votos, contra 29% de Haddad, Bolsonaro ficou com um pé no Palácio do Planalto. Hoje, começou a mover o outro.
Desde a redemocratização, nenhum candidato a presidente conseguiu vencer o segundo turno após sair atrás no primeiro. A eleição mais estreita de nossa história foi a de 2014, quando Dilma Rousseff sagrou-se vencedora com 51,6% dos votos. Nela, Aécio Neves conseguiu saltar numericamente à frente da petista nas duas primeiras pesquisas Datafolha do segundo turno, empatados na margem de erro, com 51% a 49%.
A virada da petista nas pesquisas ocorreu nos dez dias finais de campanha. Ainda assim, em nenhum momento mais de seis pontos os separaram. Ou seja, no melhor momento da ácida campanha petista de desconstrução do tucano, Dilma conseguiu crescer quatro pontos e o tucano perdeu quatro - é apenas a metade do que Haddad precisa fazer agora.
No primeiro turno, o candidato do PSL conseguiu preservar-se do contraditório, por estar internado no hospital Albert Einstein após ser alvo do atentado em Juiz de Fora. Agora, quando apenas duas forças estão na corrida, será mais arriscado fugir do debate.
Ainda assim, é difícil imaginar um caminho para Haddad derrotar Bolsonaro se o deputado e seu entorno não fizerem grandes bobagens - como alento para o PT, o histórico recente, especialmente do vice Hamilton Mourão, mostra que há chances de isso ocorrer.