Não comemorar gol “fazendo o 22” foi a melhor promessa que Neymar descumpriu na vida, avalia especialista

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O atacante Neymar marcou o segundo gol do Brasil na vitória por 4 a 1 contra a Coreia do Sul, em disputa por uma vaga nas quartas de final da Copa do Mundo do Qatar. Mas ao contrário do que prometeu, não comemorou fazendo o número 22 com as mãos, em homenagem a Jair Bolsonaro, seu candidato derrotado nas eleições presidenciais de outubro. Para o jornalista Márvio dos Anjos, “essa foi uma das melhores promessas que Neymar descumpriu na vida dele”. Em bate papo no programa #MesaDoMeio na Copa, ele avalia que “o futebol brasileiro retornou a si mesmo, ao que era importante para ele”, após a internação de Pelé, para tratar uma infecção respiratória.

O jornalista e escritor David Butter ressalta a capacidade que a seleção brasileira tem de fazer bons jogos, mesmo sem a presença de Neymar em campo, apesar de sua importância no elenco. “Neymar não é mais o sol em torno do qual todos os planetas que estão em campo giram, mas é uma figura muito importante para o Brasil.” Além da atuação do atacante, que puxou a marcação coreana, David destaca as performances de Vini Jr. e Paquetá durante a goleada brasileira contra os sul-coreanos. Desde a lesão no tornozelo que tirou Neymar das duas rodadas na fase de grupos, Vini Jr. foi o jogador mais acionado da equipe. Segundo ele, Paquetá fez sua melhor atuação até o momento nesta Copa ao criar boas oportunidades e marcar um dos gols desta fase.

O rei do futebol também foi lembrado pelos jornalistas durante o programa. Para Márvio dos Anjos, “Pelé é o ponto de partida para a gente sentir que vale a pena ser brasileiro, que é legal ser reconhecido como brasileiro no mundo, que temos nosso valor a mostrar e que é possível ser gênio saindo desta terra”. David Butter ressaltou a importância do ex-jogador na indústria do esporte, sendo o precursor no trabalho do atleta enquanto marca, para além do clube ou da seleção que defende. “Ele representa o que o futebol global se tornou, um esporte que além do time, trabalha a figura do ídolo, como foi com Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Neymar, entre outros pelo mundo”, explica.

O editor-chefe do Meio, Pedro Doria, relembra uma experiência que teve ao participar de um evento com os maiores nomes do futebol mundial. No momento em que Pelé chegou, a música parou, as luzes se voltaram ao maior jogador de todos os tempos, e os maiores nomes do esporte, como Zico, Ronaldo e Romário, pararam para cumprimentá-lo, com respeito e admiração. “Eu sabia que Pelé era grande, mas quando você vê todos os grandes se comportando com ele daquele jeito, você percebe que o cara é muito grande, mesmo no mundo dele, que tem muita gente milionária e de sucesso. Ele é rei”, finaliza.

A partida desta segunda-feira foi precedida pela polêmica da carne folheada a ouro, que alguns jogadores brasileiros comeram em um restaurante do Qatar. Personalidades públicas e profissionais da imprensa criticaram a ostentação. David Butter diz que não recomendaria aos atletas que fossem ao restaurante comer a iguaria, por saber da repercussão que teria, mas entende que a discussão “já vem plantada de um moralismo tão grande, que cobra uma perfeição de cada ato” das pessoas envolvidas, como se elas não pudessem errar. Para Pedro Doria, os jogadores são representantes do país que passa por um momento em que milhões de pessoas passam fome. “Eu acho que eles deveriam ter ciência do que eles representam.” Márvio dos Anjos avalia que os mais incomodados são membros de uma classe média, que se sentem mais merecedores do banquete do que os jogadores de futebol, por terem estudado mais e pensar que as atividades que exercem são mais importantes que a desses atletas. Para o jornalista, “aquele que não chegou lá, que não foi convidado, é o que critica esses jogadores”.

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