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Haddad anuncia Galípolo e Appy como primeiros nomes da equipe econômica

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

13/12/2022 18h30Atualizada em 13/12/2022 20h49

Indicado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como futuro ministro da Fazenda, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) anunciou hoje os primeiros nomes de sua equipe econômica. A ideia é formar um grupo de trabalho "plural, com pluralidade de vozes", segundo ele.

  • Bernard Appy (secretário de Política Econômica para reforma tributária)
  • Gabriel Galípolo (secretário-executivo no Ministério da Fazenda, o segundo em importância na hierarquia da pasta)

O que Haddad disse

  • Haddad anunciou Appy como secretário de Política Econômica para reforma tributária, e Galípolo, secretário-executivo, no Ministério da Fazenda;
  • O petista prometeu corrigir erros cometidos pelo governo Bolsonaro, medidas tomadas com "desespero" e no "calor eleitoral";
  • Novo ministro da Fazenda disse que governo não terá "preconceito" para sentar com o sistema financeiro e aperfeiçoar regras de governança;
  • Haddad afirmou que novo governo de Lula terá de fazer muitas reformas, além da tributária.

Pretendemos corrigir as distorções sem tirar pobre do orçamento. Temos um compromisso com a questão social. Não podemos admitir volta da fome nem corrosão do poder de compra dos salários, mas tem que ser compatibilizado com trajetória sustentável
Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda no governo Lula

Convite para ser ministro ocorreu durante viagem ao Egito. "Eu estou há duas semanas apenas acompanhando o governo de transição, foi depois do Egito, onde eu fui convidado para ser o ministro da Fazenda."

Haddad se reuniu com Guedes. "Fiz uma agenda [na semana passada apenas] com o Paulo Guedes e hoje com [toda] a equipe do Paulo Guedes. Tive uma agenda também com o Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Tivemos uma reunião muito franca, alinhando conceitos."

O que está no foco do Ministério da Fazenda? Haddad disse que sua equipe vai estudar os projetos que foram engavetados ou não avançaram no Congresso e estejam relacionados a:

  1. Educação
  2. Combate à fome
  3. Acesso a crédito
  4. Simplificação tributária

Estímulo ao crédito. O futuro ministro disse que é possível trabalhar em parceria com o Banco Central para encontrar maneiras de reduzir juros, "democratizar o crédito, fortalecer a concorrência e fazer a taxa de juros para o tomador final cair".

Em relação à democratização do crédito, considero que vamos poder contar com um mundo novo que nos ajuda a garantir mais concorrência e queda da taxa de juros para o tomador final
Fernando Haddad

Haddad diz que não acredita em médias. "Temos que definir uma política econômica sensata e equilibrada. Nós temos problemas para corrigir, não são problemas pequenos."

O futuro ministro se incomodou com pergunta sobre reação do mercado. "Eu não consigo ver uma preocupação com os dois nomes que eu apresentei e nem apresentei toda a equipe. Apresentei duas pessoas que têm muita responsabilidade no mercado em geral. Eu fui anunciado como ministro da Fazenda do país, tenho que resolver os problemas do país (...) Nervosismo do mercado passa logo... vamos passar um bom Natal, um bom Ano Novo e pensar no bem do Brasil."

Lula irá escolher presidentes da Caixa e do Banco do Brasil. Haddad adiantou que os nomes para comandar os bancos estatais virão diretamente do presidente eleito e que, até o momento, não pode adiantar anúncios.

Apelo para aprovação da PEC da Transição. "Eu preciso da PEC aprovada, do orçamento aprovado para depois termos noção do arcabouço fiscal, para sabermos qual a realidade do ano de 2023. Vou olhar para os números que o Congresso mandará."

Quem é Gabriel Galípolo? O economista de 40 anos é ex-presidente do banco Fator (entre 2017 e 2021). Ele é formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica). É próximo de Haddad e atuou no último ano como interlocutor do PT com empresários e o mercado. A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, o considera como um amigo e do partido.

Quem é Bernard Appy? Ele foi secretário-executivo e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda nas gestões de Lula, entre 2003 e 2009. Desde 2015, é diretor Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), instituição focada na elaboração de estudos e propostas para aprimorar a gestão nas áreas de tributação e finanças públicas. Ele é um dos autores de proposta de reforma de tributos sobre consumo em discussão no Congresso.

Mercado não reage bem a indicações

O mercado rejeitou às indicações de Gabriel Galípolo como número dois da Fazenda e Aloizio Mercadante, como presidente do BNDES, nesta terça-feira (13). A explosão dos juros futuros, com suspensão de negociação, revelou a preocupação dos agentes econômicos com o comando econômico do país a partir de 2023, conforme mostrou a colunista do UOL Mariana Londres.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), que reúne as empresas mais negociadas, encerrou em queda de 1,71%, aos 103.539,07 pontos.