Míriam Leitão
PUBLICIDADE
Míriam Leitão

O olhar único que há 50 anos acompanha o que é notícia no Brasil e no mundo

Informações da coluna

Por Míriam Leitão e Alvaro Gribel

O novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou dois nomes para a sua equipe. Para a Secretaria Executiva, Gabriel Galípolo, e para a nova Secretaria Especial de Reforma Tributária, Bernard Appy. Já eram esperados esses nomes e são excelentes quadros.

Ao falar de forma vaga sobre a política econômica que terá que desenhar, ele junta duas tarefas difíceis. A queda do teto de gastos aumentou a necessidade de haver um arcabouço fiscal crível, mas vincular essa definição técnica, que já é complexa em si, com a aprovação da reforma tributária, que é outra complexidade, só torna tudo mais difícil.

Haddad disse que acha que a receita está subestimada, a de 2023. Há o risco de ser o contrário, porque a inflação prevista no orçamento talvez seja maior do que a que vai ocorrer. O crescimento pode ser menor do que o previsto. O ano que vem está se definindo como de baixo crescimento no mundo.

O que falta na equipe de Haddad: um fiscalista, alguém que saiba se entender nesse campo difícil que é o do controle dos gastos públicos. É preciso alguém que consiga analisar o gasto público por dentro e tenha boa capacidade de comunicação para ocupar a Secretaria do Tesouro. Um dos nomes especulados é o do secretário de Fazenda de São Paulo, Felipe Salto.

Quanto ao que disse de concreto hoje, são realmente dois bons nomes para compor o Ministério. Galípolo, como secretário-executivo, fará a função de um CEO da pasta, coordenando os trabalhos internamente. Por ter passado pelo mercado financeiro, como presidente do Banco Fator, conseguirá fazer a ponte entre a visão da Fazenda e os grandes investidores da Faria Lima. É um economista pragmático, ainda que tenha uma visão mais heterodoxa da economia.

Já Appy é um especialista em reforma tributária e autor do melhor projeto hoje em tramitação no Congresso, que é a PEC 45. É um nome respeitado no meio, por ser detalhista em um dos assuntos mais espinhosos da economia. Difícil pensar em um nome mais preparado para tentar destravar a reforma que se arrasta há décadas no país.

Haddad disse que novos nomes ainda serão anunciados e que a equipe irá representar a frente ampla que ajudou a eleger Lula e derrotar Bolsonaro. No campo fiscal, disse que o teto de gastos não foi uma boa regra fiscal, pelo simples fato de que não pôde ser cumprida. Exaltou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e prometeu um novo projeto que concilie equilíbrio das contas públicas e o combate à miséria e à desigualdade social no país.

Haddad culpou os gastos açodados feitos por Bolsonaro para tentar ganhar as eleições. Isso é verdade. Mas ele precisa encaminhar o quanto antes uma nova regra fiscal, para que a economia brasileira possa diminuir as incertezas. Isso irá derrubar o dólar e ajudar o Banco Central a começar a reduzir a taxa básica de juros.

Mais recente Próxima Qual problema o mercado vê em Mercadante?