Por Walder Galvão, g1 DF


Ônibus incendiado em ato de vandalismo deflagrado por bolsonaristas no centro de Brasília, na segunda-feira (12) — Foto: Marcos dos Reis/TV Globo

O Ministério do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deu cinco dias, a partir desta terça-feira (13), para que a Polícia Militar dê explicações sobre a atuação no enfrentamento aos atos de vandalismo praticados por bolsonaristas radicais, na noite de segunda-feira (12), em Brasília.

LEIA TAMBÉM:

A Promotoria de Justiça Militar enviou um ofício ao comandante-geral da PM coronel Fábio Augusto Vieira, querendo saber qual o efetivo designado para fazer a segurança nos locais onde ocorreram os atos. Deputados federais e distritais, também cobraram as forças de segurança sobre a ação antes e durante a onda de destruição que se espalhou pela região central de Brasília(veja mais abaixo).

Por volta das 19h30 de segunda-feira, um grupo tentou invadir o prédio da Polícia Federal, na Asa Norte. Depois, os vândalos incendiaram ônibus e carros nas ruas próximas.

Os promotores querem saber ainda quais as medidas foram utilizadas no enfrentamento aos crimes, os dados da operação e pedem um relatório das ocorrências. Até a última atualização desta publicação, ninguém havia sido preso.

Nesta tarde, Ibaneis Rocha (MDB) divulgou em uma rede social que orientou a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) para que identifique e puna os responsáveis pelos atos de vandalismo.

Deputados se reúnem com secretário de Segurança

Bolsonaristas radicais tentam invadir a sede da PF em Brasília

Bolsonaristas radicais tentam invadir a sede da PF em Brasília

Ainda nesta terça, os deputados distritais Fábio Félix (PSol) e Arlete Sampaio (PT) e a deputada federal Érika Kokay (PT) se reuniram com o secretário de Segurança Pública Júlio Danilo Souza Ferreira. Eles cobraram explicações sobre a atuação no combate ao vandalismo em Brasília.

De acordo com Fábio Félix, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos na CLDF, "é um absurdo que a ação registrada tenha terminado sem nenhuma prisão".

O distrital disse que a Câmara Legislativa está cobrando a Secretaria de Segurança para que mostre que Brasília "tem lei".

"Nunca vi uma manifestação com esse grau de violência que não houve prisão. É surpreendente o fato da PM não ter feito prisões. Vamos cobrar Ibaneis também", diz Fábio Félix.

Trânsito segue interditado na Esplanada

Esplanada dos Ministérios está fechada na manhã desta terça-feira (13), após atos de vandalismo de bolsonaristas — Foto: TV Globo/Reprodução

Por causa dos atos de vandalismo, o trânsito continua bloqueado na Esplanada dos Ministérios, entre a Rodoviária do Plano Piloto e a L4. Além disso, o acesso à via N1 pela N2, no Ministério da Economia, também está fechado.

Outro ponto com bloqueio é o acesso à Praça dos Três Poderes. A recomendação da SSP é de que os motoristas utilizem as vias S2 e N2, "obedecendo à sinalização e orientações das autoridades de trânsito".

"A reabertura, ou novos fechamentos, poderão ser feitos de acordo com cenário do momento e após avaliação de equipe técnica das forças de segurança", informou a pasta.

De acordo com a SSP, a área central de Brasília segue monitorada com apoio de câmeras de videomonitoramento e do serviço de inteligência.

O que aconteceu e o que disseram as autoridades

  • Os atos de vandalismo começaram na frente da Polícia Federal, na Asa Norte, por volta de 19h30, após o cumprimento de um mandado de prisão temporária contra o indígena José Acácio Tserere Xavante, apoiador de Jair Bolsonaro;
  • A prisão do indígena aconteceu por determinação do STF e atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República;
  • A PGR e o STF afirmam que o Tserere é investigado por participar de atos antidemocráticos e reunir pessoas para cometer crimes; a PF diz que o preso está acompanhado de advogados e que as formalidades relativas à prisão "estão sendo adotadas nos termos da lei".
  • Após a prisão de Tserere, um grupo de radicais tentou invadir um prédio da PF e incendiou carros;
  • Parte do grupo seguiu pela Asa Norte, onde realizou novos atos de vandalismo. Pelo menos um ônibus foi incendiado; botijões de gás foram espalhados em ruas da cidade;
  • A Polícia Militar foi chamada e reagiu com bombas de gás e balas de borracha. Houve confronto com os radicais;
  • A Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que precisou restringir o trânsito na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e em outras vias da região central;
  • O secretário de Segurança, Júlio Danilo Souza Ferreira, afirmou que os participantes dos atos de vandalismo serão responsabilizados: "A partir de agora , temos imagens, filmagens, temos como identificar". Ele não soube dizer se houver prisões.
  • A região do hotel onde o presidente eleito, Lula, está hospedado teve a vigilância reforçada por equipes da PM.
  • O governador Ibaneis Rocha (MDB) disse: "Por enquanto estamos agindo com as forças policiais. Todas as nossas forças policiais (...) estão nas ruas".
  • Ao blog da Andréia Sadi, o senador Flávio Dino (PSB-MA), futuro ministro da Justiça, afirmou que o "governo federal segue omisso diante dessa situação grave absurda".
  • Às 23h08, mais de duas horas depois do início dos atos, o ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, escreveu em uma rede social que o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, "manteve estreito contato" com a Secretaria de Segurança do DF e com o governo do DF "a fim de conter a violência e restabelecer a ordem". Ele disse que "tudo será apurado e esclarecido" e que a situação está se normalizando".
  • O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou de "absurdos" os atos de vandalismo, "feitos por uma minoria raivosa". O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também disse repudiar violência e desordem. Veja a repercussão política.
  • Segundo o Corpo de Bombeiros, três veículos de passeio e cinco ônibus foram incendiados. Portas de vidro da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, foram quebrados. A Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes tiveram acessos bloqueados, por segurança, nesta terça-feira (13).

Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!