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Política Sergio Moro

Análise: Sergio Moro demarca suas diferenças com Bolsonaro

Em entrevista, ora mostrou afinidade com propostas de Bolsonaro de endurecimento na legislação, ora mostrou divergir de ideias do presidente eleito
O juiz Sergio Moro foi anunciado como ministro da Justiça de Bolsonaro Foto: REUTERS/Daniel Derevecki
O juiz Sergio Moro foi anunciado como ministro da Justiça de Bolsonaro Foto: REUTERS/Daniel Derevecki

BRASÍLIA — O presidente eleito, Jair Bolsonaro , passou boa parte da campanha eleitoral alternando-se entre um renitente silêncio e a apresentação de soluções simples para problemas complexos. Desde que foi eleito, a realidade se impôs, e o presidente se viu obrigado a começar a expor suas ideias, mas ainda repletas de ruído. Ontem, o juiz Sergio Moro optou pelo caminho oposto.

Cinco dias após ser escolhido, Moro sentou-se frente à imprensa e, por quase duas horas, apresentou propostas objetivas e opiniões claras sobre a melhor forma de se combater a corrupção e a criminalidade comum — fugindo de bravatas e reconhecendo, inclusive, que será necessário tempo para que elas surtam efeito.

Ora mostrou afinidade com propostas de endurecimento na legislação apresentadas por Bolsonaro, ora mostrou divergir de ideias do presidente eleito. Sergio Moro ainda deixou claro que usará a própria popularidade para impedir ataques aos pilares democráticos, afagando a imprensa, destacando que não haverá discriminação contra “minorias”, tampouco criminalização a “manifestações sociais”.

Diante do evidente declínio da Lava-Jato em Curitiba, Moro optou pelo salto para o núcleo do novo governo. Sabia que isso o obrigará a responder inúmeras vezes que não agiu com parcialidade em seus julgamentos, mas ainda assim optou por comprar a briga.

Será a primeira de muitas.