Política
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Por Jeniffer Gularte e Bruno Góes — Brasília

Com uma oposição fortalecida no Congresso após a eleição de outubro, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, escalou um time de parlamentares experientes para comandar a articulação política do novo governo. A tropa de choque será formada pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) e pelos deputados José Guimarães (PT-CE) e Alexandre Padilha (PT-SP) — que deve ser nomeado para o Ministério das Relações Institucionais.

Um dos nomes mais próximos a Lula, Wagner já assumiu esse papel antes mesmo de o novo governo começar, tomando a frente das negociações da chamada "PEC da Transição", que passou pelo Senado, mas empacou na Câmara. Ex-governador da Bahia e já tendo ocupado diversos ministérios, incluindo a Casa Civil e a pasta da articulação política, Wagner é conhecido pela capacidade de diálogo e a boa relação com partidos e lideranças.

Para garantir os 64 votos de senadores para a PEC — 15 a mais do que o necessário —, falou em nome de Lula com cada um deles, até mesmo com aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL). Recebeu Romário (PL-RJ) e o líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), em seu gabinete e conversou com Flavio Bolsonaro (PL-RJ) sobre a PEC.

De acordo com petistas, Wagner teve aval do presidente eleito para tratar com parlamentares sobre eventuais espaços no futuro governo. Na quarta-feira passada, por exemplo, esteve no gabinete do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já indicou a necessidade de Lula entregar cargos ao Centrão para que a PEC avance. No dia seguinte, recebeu os senadores Alexandre Silveira (PSD-MG), cotado para assumir o Ministério da Infraestrutura, e David Alcolumbre (União Brasil-AP).

Pressão petista

Mesmo com a confiança que Lula lhe deposita, Wagner deve ficar de fora da escalação da Esplanada dos Ministérios. A nomeação do primeiro escalão deve tirar da base do Senado alguns aliados importantes de Lula, como os senadores eleitos Flávio Dino (PSB-MA), já anunciado para a Justiça, e Camilo Santana (PT-CE), cotado para chefiar o Ministério da Educação no futuro governo, além do senador Alexandre Silveira. Jaques Wagner tem dito que acredita ser mais útil a Lula no Senado, onde deve ocupar a posição de líder do governo.

— Apesar de tantas opiniões eu prefiro me manter na Casa, que é a casa da política, a casa que constrói o país. Aqui como a Câmara dos Deputados — disse ele, em discurso no início do mês.

Na Câmara, Wagner tem dividido as negociações da PEC com Guimarães, que deve assumir a liderança do governo na Casa. É o deputado quem tem acompanhado Lula nas conversas com Lira e tenta mediar as exigências do Centrão. Prestes a assumir seu quinto mandato consecutivo como deputado, Guimarães tem sido pressionado de todos os lados.

Enquanto negocia com líderes de bancada os votos à medida, tem que lidar com a insatisfação de correntes de esquerda do PT, que ameaçam romper com Lira e ir para o enfrentamento. O partido declarou apoio à reeleição do presidente da Câmara.

Na quinta-feira passada, após passar o dia em reuniões, não escondeu o descontentamento após o anúncio de Lira de adiar novamente a votação. Naquela tarde, Guimarães havia escalado os líderes do Cidadania e do Podemos, Alex Manente (SP) e Igor Timo (MG), para tentar convencer o presidente da Câmara a colocar o texto principal da PEC em votação no mesmo dia e deixar a análise de destaques para terça-feira — nesta segunda fase é que a proposta poderia ser desidratada. Assim, ganhariam tempo para buscar mais votos e salvar a proposta. Não deu certo. E tudo ficou para a última semana de trabalhos do Congresso.

Integrantes do PT reclamam que, embora seja dado como certo para o Ministério das Relações Institucionais, responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso, Padilha não tem se engajado na aprovação da “PEC da Transição” na Câmara. Alas do partido afirmam que, se Padilha está fora das negociações da atual prioridade do futuro governo não faz sentido assumir pasta com tamanho peso político a partir de janeiro, e defendem o nome de Guimarães.

Padilha foi escalado por Lula para ser um dos coordenadores do grupo de Saúde da transição e tem se dedicado a isso neste período — ele já foi ministro da área. Apesar de estar com um pé no comando do Ministério das Relações Institucionais — função que também já ocupou —, ele não foi oficializado no cargo e optou por não se antecipar a futuras atribuições, restringindo sua atuação ao que lhe foi delegado pelo presidente eleito neste momento.

— Quem escolhe é o presidente Lula — disse Padilha ao ser questionado sobre a escalação dos ministérios.

Antigos problemas

Embora Lula nunca tenha tido dificuldades de interlocução com o Congresso como sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff, é justamente na Câmara dos Deputados onde as maiores surpresas surgiram para seus governos. Em 2005, o petista foi pego de surpresa quando os deputados elegeram Severino Cavalcante (PP-PE) para a presidência da Casa, um parlamentar do chamado “baixo clero”, derrotando o candidato do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).

— Fui dormir com o Greenhalgh eleito e acordei com um bilhete passado por debaixo da minha porta, dizendo que Severino era o novo presidente da Câmara — relembrou Lula durante a campanha.

Já no Senado uma de suas maiores derrotas foi a derrubada da CPMF em 2007, quando o experiente líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), dizia que o governo tinha 51 votos dos 49 necessários. Mas não foi o que aconteceu.

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