Conteúdo editorial apoiado por
IM Trader

Ibovespa cai 0,85% seguindo exterior e com indefinições na política doméstica; Dólar tem baixa de 0,41%

Temor de que Fed e BCE manterão juros em patamares elevados por mais tempo contamina mercados mundo afora

Vitor Azevedo

Publicidade

O Ibovespa fechou em queda de 0,85% nesta sexta-feira (16), aos 102.855 pontos, tendo recuado 4,34% no acumulado da semana. O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou hoje a movimentação do exterior, mas também foi pressionado por notícias negativas provindas de Brasília.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,85%, 1,11% e 0,97%, em mais um dia marcado pelo temor de um aperto monetário mais duradouro e de consequente desaceleração, ou recessão, da economia norte-americana.

“Tivemos o presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, falando que a instituição pode exigir juros mais altos por mais tempo para conter a inflação, com as previsões indo de 5% a 5,5%, mas podendo subir mais se os níveis de trabalho e de inflação não caírem”, explica Luiz Souza, broker de renda variável da SVN Investimentos.

Continua depois da publicidade

Além de Williams, Mary Daly, do Fed de São Francisco, também declarou hoje que a inflação é “tóxica” e que o mercado de trabalho americano ainda se encontra desequilibrado.

Mais cedo nessa semana, o especialista lembra que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) trouxe uma sinalização de que o juros podem ir além do esperado e ficar em patamares elevados por mais tempo.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, vai no mesmo sentido. “Observamos, lá fora, um receio quanto à atividade econômica global, que caminha para uma desaceleração ou talvez para uma recessão”, debate.

Continua depois da publicidade

“Nos Estados Unidos e na Europa, temos sinalizações de que as autoridades monetárias continuarão com os apertos, apesar de sinalizações de que o pico dos índices de preço. Historicamente, há motivos para evitar o relaxamento prematuro das políticas monetárias. Os juros devem continuar subindo e após alcançarem o patamar mais alto, ficarão nele por um tempo. Isso vinha sendo precificado de forma errada”, acrescenta.

Os títulos do tesouro americano fecharam sem direção exata. O para dois anos teve sua taxa recuando 5,6 pontos-base, a 4,191%, enquanto o para dez anos foi a 3,488%, com mais 3,8 pontos.

O dólar, por sua vez, ganhou força mundialmente, com o DXY, índice que mede a força da divisa americana frente outras de países desenvolvidos, subindo 0,21%, aos 104,79 pontos. Frente ao real, a moeda, porém, caiu 0,41%, a R$ 5,293 na compra e a R$ 5,294 na venda, mas avançou 0,91% na semana.

Continua depois da publicidade

A alta dos juros americanos também foi um dos motivos que impulsionaram a curva brasileira para cima. Os DIs para 2024 foram a 13,98%, com mais 8,5 pontos-base, e os para 2025, a 13,82%, com mais 23 pontos. Os DIs para 2027 ganharam 30 pontos-base, a 13,66%, e os para 2029, 23 pontos, a 13,55%. Por fim, os DIs para 2031 fecharam a uma taxa de 13,51%, ganhando 20 pontos.

Já no noticiário doméstico, a confirmação na noite da véspera de que a votação da PEC da Transição na Câmara dos Deputados ficou para semana que vem juntou-se a outras indefinições no radar do mercado, como a tramitação da alteração na lei das estatais no Senado e nomeações de Lula que ainda não foram feitas.

“A alta dos juros nos Estados Unidos repercute aqui, junto com o ambiente interno. O Ibovespa não conta toda a verdade, por conta da alta dos bancos, que têm muito peso no índice”, debate Spiess. “Somamos isso às nomeações do governo eleito e às sinalizações do Congresso e do Senado e temos uma pauta fiscal mais complicada, e o juros precifica o aumento do risco”, acrescenta Souza.

Continua depois da publicidade

Entre as maiores quedas do Ibovespa, companhias ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da Magazine Luiza (MGLU3) perderam 9,23%, as da Americanas (AMER3), 7,89%, e as da CVC (CVCB3), 7,58%.