Por Filipe Matoso, Guilherme Mazui, Pedro Gomes, Gustavo Garcia e Mateus Rodrigues, g1 — Brasília


Lula chora ao falar sobre 'abismo social' durante discurso no parlatório

Lula chora ao falar sobre 'abismo social' durante discurso no parlatório

Empossado como 39º presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembrou neste domingo (1º) o período em que esteve na prisão, afirmou que vai governar para todos, chorou ao citar a fome no país e reafirmou compromisso com combate à desigualdade.

Lula deu as declarações no parlatório do Palácio do Planalto, logo após ter recebido a faixa presidencial das mãos de uma criança negra, de uma pessoa com deficiência, de um indígena e de uma mulher.

No discurso, Lula:

  • Relembrou o período na prisão:

"Quero começar fazendo uma saudação especial a cada um e a cada uma de vocês. Uma forma de lembrar e retribuir o carinho e a força que recebia todos os dias do povo brasileiro, representado pela Vigília Lula Livre, num dos momentos mais difíceis da minha. Hoje, neste que é um dos dias mais felizes da minha vida, a saudação que eu faço a vocês não poderia ser outra, tão singela e tão cheia de significado. Boa tarde, povo brasileiro."

Lula foi preso em 2018, durante as investigações da Operação Lava Jato. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal anulou as condenações de Lula.

  • Disse que governará para todos:

"Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim. Vou governador para todos e todas, olhando para nosso luminoso futuro em comum e não pelo retrovisor do passado de divisão e intolerância. A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra."

  • Disse que o povo quer paz

"Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou. [...] Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca, ainda que arranquem nossas flores – uma por uma, pétala por pétala. Nós sabemos que sempre é tempo de replantio e que a primavera há de chegar. E a primavera chegou.

  • Criticou a fome

"A volta da fome é um crime, o mais grave de todos, cometido contra o povo brasileiro. A fome é filha de desigualdade, mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. [...] De um lado, uma pequena parcela da população tudo tem. De outro lado, uma multidão a quem tudo falta e uma classe média que vem empobrecendo ano a ano. Juntos, somos fortes."

  • Chorou ao citar a fome no país

"Quando digo 'governar', quero dizer 'cuidar'. Mais que governar, vou cuidar com muito carinho deste país e do povo brasileiro. Nesses últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando o lixo em busca de alimento para seus filhos, famílias inteiras dormindo ao relento – enfrentando o frio, a chuva e o medo –, crianças vendendo bala e pedindo esmola enquanto deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a quem têm direito, trabalhadores e trabalhadoras desempregados exibindo nos semáforos cartazes de papelão que nos envergonham a todos 'por favor, me ajuda'".

Lula chora ao discursar ao povo brasileiro após posse neste domingo (1º). — Foto: Adriano Machado/Reuters

  • Defendeu que mulheres e homens ganhem de forma igual

"Não podemos continuar a conviver com a odiosa pressão imposta às mulheres, submetidas diariamente à violência nas ruas e dentro de suas próprias casas. É inadmissível que as mulheres continuem a receber salários inferiores dos homens quando, no exercício de uma mesma função, elas precisam conquistar cada vez mais espaço. [...] As mulheres devem ser o que elas quiserem ser, devem estar onde elas quiserem estar. Por isso, estramos trazendo de volta o Ministério das Mulheres."

  • Reafirmou compromisso com combate à desigualdade e à fome

"Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. E esta será a grande marca do nosso governo. Desta luta, fundamental, surgirá um país transformado, um país grande e próspero, forte e justo, um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário que não deixará ninguém para trás. [...] Reassumo o compromisso de cuidar de todos os brasileiros e brasileiras, sobretudo aqueles que mais necessitam, e acabar outra vez com a fome neste país."

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Lula sobe a rampa com representantes do povo

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Lula subiu a rampa do Planalto acompanhando da primeira-dama, Janja da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, de Lu Alckmin, da cachorrinha Resistência, adotada por Lula e Janja, e por cidadãos convidados a representar a diversidade da população.

Lula prestou juramento à Constituição às 15h04 e foi declarado empossado presidente da República às 15h06, em uma cerimônia no Congresso Nacional. Às 15h11, Lula assinou o termo de posse.

Lula é ovacionando durante desfile em carro aberto

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Desfile no Rolls-Royce

Antes de chegar ao Congresso, Lula percorreu a Esplanada dos Ministérios no tradicional Rolls-Royce-presidencial, carro aberto utilizado pelos presidentes na cerimônia de posse – veja no vídeo abaixo.

O desfile começou às 14h30, e Lula chegou ao Congresso Nacional por volta das 14h40.

Acompanhado de Janja, Alckmin e Lu Alckmin, o novo presidente da República foi recebido na rampa do Congresso pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) – veja no vídeo abaixo.

Lula entra no Congresso acompanhado de Alckmin, Pacheco e Lira

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Primeiro discurso como presidente

Após ter sido declarado empossado no cargo, Lula assinou o termo de posse no Congresso Nacional e fez o primeiro discurso como novo presidente da República.

Entre outros pontos, Lula:

Podcast

Ouça o episódio do podcast O Assunto sobre "A cara do governo Lula 3":

VÍDEOS: Posse de Lula

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