Meio ambiente
PUBLICIDADE

Por Lucas Altino


Indígenas Xavante realizam a colheita do buriti perto da aldeia Ripá, na TI Pimentel Barbosa, em Mato Grosso, dando exemplo de harmonia entre ocupação humana e floresta — Foto: Rogério Assis / ISA
Indígenas Xavante realizam a colheita do buriti perto da aldeia Ripá, na TI Pimentel Barbosa, em Mato Grosso, dando exemplo de harmonia entre ocupação humana e floresta — Foto: Rogério Assis / ISA

Florestas mais preservadas são aquelas sem presença humana, certo? Não exatamente. Um estudo recente mostra que a ocupação indígena é capaz de preservar ainda mais a natureza. Realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), com dados do MapBiomas, o trabalho evidencia que, nos últimos 35 anos, essas populações garantiram uma proteção maior a 20% da vegetação nativa no país, o que confirma o título de “guardiões da floresta” para os povos originários.

A análise revelou que as terras indígenas (TIs) e reservas extrativistas (Resex) — espaços destinados às populações tradicionais extrativistas— foram mais preservadas em sua cobertura vegetal do que unidades de conservação de proteção integral, que não permitem a presença humana.

— Essas populações têm uma outra visão de mundo, outra forma de interagir com o meio ambiente, o que se mostrou positivo para o manejo da paisagem — afirma Antonio Oviedo, coordenador do Programa de Monitoramento do ISA. — É um modelo de governança que se mostrou muito eficiente. Quando abrem um roçado, por exemplo, eles têm conhecimento para minimizar os danos, mesmo com manejo do fogo. Além disso, promovem uma vigilância territorial contra invasores. O mesmo se dá com a comunidade extrativista, que depende da natureza para produzir.

Área desmatada para plantação de soja, próximo à Aldeia Ngôjwêrê — Foto:  Fábio Nascimento / ISA
Área desmatada para plantação de soja, próximo à Aldeia Ngôjwêrê — Foto: Fábio Nascimento / ISA

Oviedo explica que a chamada “tecnologia social” desenvolvida pelos povos originários estabelece uma relação de desenvolvimento para a floresta e a população. Além do manejo na mata, essas comunidades criaram formas eficientes de organização que contribuem positivamente para a proteção do território.

— A floresta precisa de pessoas, e pessoas precisam de floresta. Quando se investe numa relação saudável e sustentável, é benéfico para os dois lados. É possível criar alternativas econômicas a partir de uma floresta preservada — garante o especialista do ISA.

O estudo se debruçou sobre uma série histórica de 35 anos da evolução da cobertura vegetal no país, do MapBiomas, analisando quatro aspectos: porcentagem da área preservada; área em rotação (média de tempo até que uma terra antropizada volte a ter cobertura natural); regeneração (retrato do momento da área em regeneração); e intensidade de manejo (impacto do manejo sobre a velocidade de regeneração da floresta).

Mulheres do povo Kisêdjê carregadas de pequis  na aldeia Ngôjwêrê, no Mato Grosso — Foto: Rogério Assis/ ISA
Mulheres do povo Kisêdjê carregadas de pequis na aldeia Ngôjwêrê, no Mato Grosso — Foto: Rogério Assis/ ISA

Essas quatro dimensões foram comparadas entre unidades de conservação que permitem populações tradicionais e aquelas de proteção integral. Nas terras indígenas, territórios quilombolas, reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável, os índices de preservação e regeneração florestal foram maiores, e os ciclos de alternância entre desmatamento e regeneração ocorreram em intervalos menores, o que revelou um manejo eficiente sobre a natureza.

Atualmente, 40,5% das florestas brasileiras são áreas protegidas. No entanto, as áreas com presença de povos indígenas e outras populações tradicionais preservam cerca de 30,5% das florestas no Brasil.

O estudo também alerta para o crescimento do desmatamento a partir do início do governo de Jair Bolsonaro. Nos últimos três anos, o aumento, dentro de TIs, foi de 138%. Enquanto isso, a Fundação Nacional do Índio (Funai) perdeu, no período, 21,5% de seus recursos, segundo outro estudo do ISA e da UFRJ.

— É urgente retomar a demarcação das terras indígenas e fortalecer a proteção e gestão das áreas de proteção ambiental — afirma Oviedo

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Medicamento indicado para o tratamento da obesidade é produzido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, a mesma que produz o Ozempic

Wegovy: caneta injetável para perda de peso chega ao país no 2º semestre

Ministros analisam ações que questionam poder de investigação do Ministério Público

Maioria do STF defende mudança e diz que investigações do MP devem seguir mesmo prazo das policiais

Presidente estará em inauguração da planta de produção da empresa Biomm em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte

Zema diz não ter sido convidado e decide não ir a evento com Lula em Minas; governo federal nega versão

Valor do benefício para o presidente da Casa passará de R$ 611 para R$ 981, enquanto, para demais deputados, montante irá de R$ 524 para R$ 842

Câmara reajusta em 60% valores de diárias para deputados em viagens nacionais a trabalho

Novo valor começa a ser pago em 1º de junho. Assistência à saúde e auxílio-creche também terão reajustes

Após acordo, governo decide reajustar em 52% o auxílio-alimentação de servidores federais

Estrutura faz parte de plano da Rio+Saneamento voltado à transição energética e descarbonização das operações; meta é alcançar 100% do consumo de energia limpa até 2025

Usina de energia solar é inaugurada em Seropédica; energia limpa será usada no funcionamento das Estações de Tratamento de Água e elevatórias

Integrantes do programa Conexão do Futuro conquistam quatro medalhas de ouro, três de prata e quatro de bronze. Campeões vão disputar o Estadual

Primeira etapa de torneio de xadrez em Saquarema rende 11 medalhas para alunos de projeto da rede pública

Jogador atua no Frosinone, da Itália, que briga para permanecer na primeira divisão

Ex-Flamengo, Reinier é criticado na Espanha perto de terminar terceiro empréstimo pelo Real Madrid: ‘de mal a pior’