Economia
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Por Carolina Nalin — RIO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta segunda-feira que o Censo Demográfico 2022, cuja operação começou em agosto e estava prevista para ser concluída em outubro, foi prorrogada para o início de dezembro.

A principal dificuldade reconhecida pelo órgão é a escassez de recenseadores, mas há também obstáculos como a recusa dos domicílios de renda mais alta em receber o recenseador . Diante dessa situação, o instituto está implementando uma série de estratégias para garantir a conclusão da pesquisa com qualidade.

O número de recenseadores em ação está em 95.448, o equivalente a 52,2% do total de vagas disponíveis para a operação. Em dois meses, quase metade da população (48% de cerca de 215 milhões) foi contabilizada. Em 2010, o número era de 86,9% após 60 dias, totalizando 154 milhões de brasileiros recenseados.

A maior parte dos questionários (99,5%) foi respondida de forma presencial, sendo que 81.620 domicílios optaram por responder pela internet e 85.309 pelo telefone.

Escassez de recenseadores

Segundo o órgão, o mercado de trabalho mais aquecido em algumas localidades tornou mais desafiadora a contratação dos recenseadores. Isso porque, visto que há mais oportunidades no mercado, há uma potencial redução do interesse pela vaga temporária.

— Estamos fazendo uma busca ativa para ter mais recenseadores, que está em curso desde a semana passada. Queremos entregar ainda este ano os primeiros dados para cumprir a exigência do Tribunal de Contas do Município, por causa do Fundo de Participação dos Municípios. Responder o Censo é um ato de cidadania — diz Cimar Azeredo, diretor de pesquisas do IBGE.

O estado com maior déficit de recenseadores é o Mato Grosso, com 36,8% do número de vagas ocupadas. É também o estado com menor percentual de setores trabalhados - seguido de Roraima (45,18%) e Acre (48,79%). Já o estado de Sergipe está com 68,8% dos postos ocupados. É também o estado que está mais adiantado em termos de percentual de setores trabalhados (80,78%), seguido por Rio Grande do Norte (79,69%) e Piauí (79,06%).

Um fator que dificulta a contratação de novos recenseadores é o tempo que leva o processo seletivo, em torno de 15 a 20 dias. Nesse sentido, o IBGE está buscando reduzir este tempo por meio de um projeto de medida provisória. O objetivo é acelerar o processo seletivo, desde a seleção até a contratação dos pesquisadores.

O Instituto prevê ainda a flexibilização das restrições de contratação existentes. Hoje não é possível contratar, por exemplo, trabalhadores que possuem MEI ou funcionários públicos, sejam eles aposentados, que trabalham meio expediente ou estejam de férias.

— É importante termos um leque maior de pessoas atuando no Censo. E seguimos trabalhando também na melhora da remuneração desses recenseadores de forma a tornar mais atrativo para que as pessoas possam estar trabalhando — completou Cimar Azeredo.

Atrativo para os recenseadores

A baixa produtividade dos recenseadores já contratados é outro obstáculo a ser superado pela pesquisa. Segundo o IBGE, a produção diária, desde 1º de agosto até 28 de setembro, vem caindo. Do total de recenseadores contratados pelo IBGE até o período (140.572 profissionais), havia 95.448 em ação entre os dias 19 a 25 de setembro. Dentro desse grupo, varia entre 42% a 68% o percentual de recenseadores que estavam efetivamente trabalhando na pesquisa, nos estados brasileiros.

Por isso o IBGE pretende aumentar o engajamento dos recenseadores a partir de um incentivo financeiro. O objetivo principal é melhorar a produtividade nos estados com menor percentual de população recenseada, além de um esforço geral de estimular o trabalho nos dias em que a produtividade está sendo pouco aproveitada.

— No sábado, ainda tem uma produção mais próxima de alguns dias na semana. Mas os domingos estão sendo pouco explorados — diz o gerente técnico do Censo, Luciano Duarte.

Uma das razões que podem estar por trás da baixa produtividade dos recenseadores e que foi reconhecida pelo IBGE foi o atraso no pagamento dos recenseadores no início da pesquisa. Mas Cimar Azeredo, do IBGE, reforçou que a demora foi pontual e ocorreu devido a um problema operacional, e não por falta de recursos.

Outro ponto admitido pelo instituto e que pode colaborar para reduzir o engajamento é a remuneração variável - uma vez que o ganho dos trabalhadores se dá por produção e envolve variáveis como setor censitário, unidades recenseadas, tipo de questionário, pessoas recenseadas e registro no controle da coleta de dados.

— Estamos aumentando a taxa de remuneração em diversos setores censitários para garantir que tenham mais pessoas interessadas em entrar, e que elas permaneçam nos setores — explica Bruno Malheiros, coordenador de Recursos Humanos do IBGE.

Na semana passada, o IBGE informou que também revisaria o simulador de remuneração para que a estimativa seja mais próxima do que a que o recenseador vai receber na folha de pagamento.

Recusa nos estratos de renda mais alta

O IBGE informou ainda que está focando na melhora da comunicação a partir de campanhas para aumentar a taxa de resposta. Até o momento, 2,27% dos domicílios se recusaram a responder, percentual que espera-se ser reduzido até o fim da operação. Recenseadores enfrentam dificuldades para conseguir aplicar os questionários, sobretudo nos condomínios e demais domicílios com estratos de renda mais altos.

Uma das estratégias em curso pelo IBGE é a entrega de uma nota explicativa, informando que o morador está recebendo a notificação dado que houve o impedimento da entrada do recenseador, junto com um e-ticket para que a pessoa possa responda ao questionário remotamente.

— Após dez dias da entrega, o recenseador tenta visitar o domicílio. Caso ele seja impedido novamente de realizar a coleta dos dados e não seja possível viabilizar sua entrada, teremos que buscar formas judiciais para acesso do recenseador.

O maior levantamento sobre as condições de vida da população, que era para ter acontecido em 2020, teve de ser suspenso pela pandemia e, depois, pela falta de recursos para uma operação que exige R$ 2,3 bilhões para ser realizada. O IBGE espera um "quadro mais claro" do andamento da coleta para saber se serão ou não necessários mais recursos.

Bruno Mandelli Perez, diretor da executiva nacional da Assibge (sindicato dos trabalhadores do instituto), lembra que o sindicato defendeu em 2019 que o orçamento fosse mais robusto, na ordem de R$ 3,2 bilhões, mas que não é possível identificar se o orçamento gerenciado este ano está sendo insuficiente pois não há instrumentos para ser feita essa mensuração.

Perez avalia que o IBGE tem sido transparente com relação às dificuldades para contratação dos recenseadores. Ele explica, contudo, que o Censo trabalha utilizando como referência as informações do dia 1º de agosto e, quanto mais a operação é adiada, mais a informação corre o risco de perder a qualidade.

— Maior é a chance de o morador que está respondendo ter esquecido a informação, ou não estar tão fresca a memória e ter uma imprecisão. Também pode ficar mais difícil achar as pessoas, dado que dezembro é um mês de férias. Mas a gente entende que não tem outra opção a não ser estender para terminar a coleta dos dados.

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