Por G1 SC


Cancellier cometeu suicídio no dia 2 de outubro de 2017. — Foto: UFSC/Divulgação; Gabriela Machado/NSC TV

Há um ano, em 2 de outubro de 2017, Luiz Carlos Cancellier, o então reitor Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), cometia suicídio em um shopping de Florianópolis. A morte ocorreu 17 dias após ele ter ficado na prisão por um dia em função da Operação Ouvidos Moucos, que investigou desvio de dinheiro de programas de ensino à distância na UFSC. O Ministério Público Federal (MPF) está com o relatório final da Polícia Federal desde maio, sem previsão de entrega da denúncia, segundo o próprio órgão informou nesta segunda (1º).

A Ouvidos Moucos foi deflagrada em setembro do ano passado. As investigações apontavam que dinheiro para cursos de Educação a Distância (EaD) oferecidos pelo programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) na UFSC estava sendo desviado. Além de Cancellier, a operação levou à prisão de outras seis pessoas, entre servidores e professores, que foram ainda afastados da universidade mesmo depois de soltos. Três já retornaram por decisões da Justiça.

Nesta terça, familiares, amigos e a própria universidade fazem homenagens a Cancellier. Na universidade, a programação começa às 11h, com uma missa no templo ecumênico. Também está prevista às 19h uma sessão da saudade na Casa José Boiteux, na capital, promovido pela Academia Catarinense de Letras Jurídicas.

Relatório da PF em análise

Conforme o MPF, ainda não há previsão de entrega da denúncia sobre a operação. Informou que até segunda-feira, o procurador da República André Bertuol não havia concluído a sua análise dos documentos enviados pela Polícia Federal.

O relatório da PF tem 817 páginas. Ao todo, 23 pessoas foram indiciadas por crimes como organização criminosa, peculato (desviar recurso público exercendo função pública), e lavagem de dinheiro. No entanto, um valor total de desvio não consta do documento.

Conversas com indiciados, uma nota fiscal e uma planilha foram apontados no relatório finalcomo indícios contra Cancellier. Ele não foi indiciado em função de sua morte.

Professores afastados

Dos seis servidores afastados da UFSC, três já conseguiram retornar à universidade por meio de decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4).

O primeiro foi o professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, secretário de EaD, após decisão judicial de 11 de setembro. No dia 19 do mesmo mês, conseguiram permissão Roberto Moritz da Nova, funcionário celetista da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu), e Eduardo Lobo, que foi chefe do departamento de Ciências da Administração.

Conforme o TRF-4, ainda está tramitando no órgão o pedido de habeas corpus do professor Gilberto de Oliveira Moritz, que foi coordenador do LAB Gestão. Até essa segunda, não havia previsão de julgamento.

Ainda estão afastados Marcio Santos, que foi coordenador curso EaD em Física e Rogério da Silva Nunes, que foi coordenador do Núcleo UAB e previamente coordenador do EaD em Administração.

Acusação de injúria

Em agosto deste ano, o atual reitor da UFSC, Ubaldo Balthazar, e o chefe de gabinete da Reitoria, Áureo Mafra de Moraes, foram denunciados pelo Ministério Público Federal por injúria contra a delegada da Polícia Federal Érika Marena, responsável pela Operação Ouvidos Moucos.

A denúncia do MPF ocorreu após uma investigação da PF por causa de uma faixa feita por manifestantes e exibida em cerimônia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em dezembro de 2017, que dizia: "Agentes públicos que praticaram abuso de poder contra a UFSC e que levou ao suicídio do reitor. Pela apuração e punição dos envolvidos e reparação dos malfeitos!".

Em primeira instância, a Justiça Federal rejeitou a denúncia, mas o MPF recorreu e aguarda nova análise.

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