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Ibovespa cai 1,38%, acompanhando exterior em dia de temor com a saúde do sistema financeiro dos EUA; Dólar sobe 1,30%

Quebra do Sillicon Valley Bank assustou investidores em todo o mundo, derrubou ativos de risco e aumentou volatilidade

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 1,38% o pregão desta sexta-feira (10), aos 103.618 pontos, acumulando uma baixa de 0,24% na semana. O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou hoje o que foi visto no exterior, mas também foi impactado por notícias do cenário interno.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 1,07%, 1,45% e 1,76%. O dia, por lá, foi marcado pelo temor de uma crise sistêmica no setor financeiro, após o anúncio de quebra Silicon Valley Bank. o primeiro episódio do gênero desde 2008.

“Apesar de Joe Biden ter feito um discurso após os resultados do Payroll falando em melhorias no relatório e dando a entender que os níveis de desemprego estão melhorando, o caso do SBV preocupou demais a economia global”, comenta o economista Paulo Paiva.

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O banco americano, especializado em oferecer serviços para startups, vem sofrendo com a alta de juros imposta pelo Federal Reserve, o que diminui a procura por empréstimos e deteriora os ativos.

A questão é que para parte do mercado o SVB pode ser apenas o primeiro de muitos a sofrer com problemas semelhantes. O VIX, considerado o índice do medo, subiu 9,51% hoje, após ter subido mais de 18% na véspera, chegando aos 24,76 pontos.

Não por acaso, o fantasma de uma crise sobre o sistema financeiro ofuscou a divulgação do já mencionado relatório Payroll de empregos não agrícolas de fevereiro, que trouxe a criação de 311 mil empregos, ante 205 mil do consenso.

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“Nos EUA, o Payroll trouxe dados mistos, com a criação de empregos acima das expectativas, enquanto houve desaceleração nos salários. Isto ajudou para dar força às apostas de um aperto de 0,25 ponto percentual pelo Fed em março”, comenta Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

“O Payroll de hoje veio acima das expectativas, mas com uma queda em relação a janeiro. Isso fez com que o índice do dólar desse uma relaxada”, acrescenta Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Os treasuries yields para dois anos perderam 32 pontos-base, indo a 4,58%, e os para dez anos, 23,4 pontos, a 3,689%. O DXY, índice que mede a força do dólar frente a outras divisas de países desenvolvidos, caiu 0,65%, a 104.63 pontos.

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Ibovespa sentiu efeitos externos

No Brasil, contudo, a tendência foi contrária. A curva de juros ganhou força e o dólar subiu 1,30% frente ao real, a R$ 5,207, ficando praticamente estável na semana.

Os DIs para 2024 ganharam 11,5 pontos-base, a 13,16%, e os para 2025, 14,5 pontos, a 12,38%. Os contratos para 2027 fecharam com uma taxa de 12,65%, com mais nove pontos, e os para 2029, a 13,06%, com mais 11 pontos. Os DIs para 2031 subiram a 13,27%, com mais 13 pontos-base.

“O Brasil descolou do exterior quando o assunto é juros. O discurso do ministro da Fazenda [Fernando Haddad] deixou o mercado desconfiado em relação ao teto de gastos. Além disso, o IPCA veio acima do esperado, diminuindo a tendência de corte dos juros em 2023”, acrescenta Velloni.

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Haddad, durante a tarde, anunciou um acordo com governadores sobre perdas com ICMS, com a compensação sendo de R$ 26,9 bilhões – o que assusta em meio ao já conturbado cenário fiscal no país.

Pela manhã, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), avançou em 0,84%, ante 0,80% em janeiro e avançando ante a alta de 0,53% registrada em janeiro.

“Economistas temem pressão sobre o Banco Central, não enxergando com bons olhos uma possibilidade de baixa de juros enquanto os preços avançarem. Vale ressaltar que enquanto Lula e Haddad criticam a alta taxa de juros, tivemos um avanço acumulado de 1,39% na inflação em apenas dois meses, contra uma meta anual de 3,50%”, contextualiza Paulo Paiva.

Com a alta da curva de juros, as companhias ligadas ao mercado interno e mais alavancadas foram as principais quedas percentuais do Ibovespa. As ações ordinárias da CVC (CVCB3) recuaram 17,75%, as preferenciais da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4), 11,30% e 7,12%, respectivamente.