Lula não gostou do arcabouço. Só isso explica as idas e vindas

O ministro está encontrando obstáculos para apresentar o seu projeto da maneira que ele concebeu e há pressões da área política. Haddad está numa situação complicada de sempre ter uma luta dentro do próprio governo a cada nova medida. Depois do teste da reoneração dos combustíveis, agora Haddad passa por outro que é a aprovação do arcabouço. Lula tem criado obstáculos a Haddad, e fazendo declarações que só aumentam o tumulto e a incerteza, prejudicando o trabalho do seu próprio ministro.

Desde o começo, o plano de Haddad é muito claro: ele quer reduzir o déficit público, ter regras de gastos mais eficientes e duráveis que o teto de gastos, e que indique um caminho de controle das contas públicas. Mas há uma parte do governo que acha que o problema do Brasil é o Banco Central independente e a alta taxa de juros.

Em sua fala no encerramento do seminário do BNDES, logo após Lula ter dito sobre o adiamento da divulgação do arcabouço, Haddad mostrou que quer botar água na fervura. Fez elogios a Lula e disse que as taxa de juros está "exageradamente elevada", fazendo coro ao presidente e aos palestrantes do evento em que a Selic foi alvo de críticas nacionais e internacionais.

— O Brasil está em uma situação favorável em relação aos seus vizinhos e ao resto do mundo. Nós não temos problemas geopolíticos, como a Ásia e a Europa, nossa inflação está mais controlada que nos resto do mundo. Nossa taxa de juros está exageradamente elevada, o que significa espaço para cortes, num momento em que a economia brasileira pode e deve decolar. Não temos que temer, no Brasil, tomar as decisões corretas, tanto do ponto de vista do arcabouço fiscal quanto do ponto de vista monetário — disse.