O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nessa quarta-feira (22) que considerou o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgado no início da noite desta quarta-feira, "muito preocupante".
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"Nós divulgamos o relatório bimestral da lei de responsabilidade fiscal mostrando que as nossas projeções de janeiro estão se confirmando sobre as contas públicas", comentou ele, com jornalistas.
Haddad ressaltou que, em um cenário de economia retraindo e problemas no crédito, o Copom "chega a sinalizar até" a possibilidade de voltar a elevar a taxa básica de juros "que já é hoje a maior do mundo".
"Obviamente nós lemos com muita atenção, com consideração, mas nós achamos que realmente é o comunicado que preocupa bastante. A depender das futuras decisões, nós podemos inclusive comprometer o resultado fiscal", completou.
O ministro lembrou que o comunicado da reunião anterior, de fevereiro, também foi "muito duro", mas que a ata, divulgada na semana seguinte, "atenuou".
"Tomara que isso aconteça de novo, esperamos que aconteça de novo, mas nós vamos fazer chegar ao Banco Central a nossa análise do que é mais recomendável para economia brasileira encontrar o equilíbrio de trajetória da dívida, da inflação, das contas públicas e do atendimento às demandas sociais", disse.
“Relação institucional” com Campos Neto
O ministro da Fazenda afirmou ainda na noite de quarta-feira que tem uma “relação institucional” com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que “nunca se perdeu e nunca se perderá”.
Haddad afirmou que técnicos da Fazenda e BC “têm reuniões o tempo todo”. Também lembrou que o governo deve “mandar para a Casa Civil um conjunto de medidas para melhorar ambiente de crédito”.
O ministro disse também que reconhecia uma menção que o BC fez no comunicado do Copom de que a Fazenda “está cumprindo o calendário” para as contas públicas apresentado em janeiro.
“Não existe ruído quando existe boa fé”, disse. “Estou aqui emitindo uma opinião [a respeito do comunicado].”
Ele ainda afirmou que o objetivo é que o diálogo entre as duas partes “seja franco” e que traga “crescimento com inflação baixa”.