Tecnologia

Por Juliana Causin


Shou Zi Chew é o CEO do TikTok  — Foto: Getty Images
Shou Zi Chew é o CEO do TikTok — Foto: Getty Images

Diante do aumento na pressão do governo e congresso dos EUA para banir o TikTok do país, o CEO da plataforma de vídeos, Shou Zi Chew, terá nesta quinta-feira (23) um encontro com legisladores americanos. Aos parlamentares do Comitê de Comércio e Energia da Câmara, o executivo terá que responder a questionamentos que envolvem principalmente a maneira como o aplicativo lida com os dados de usuários americanos.

Desde o início do ano, os Estados Unidos vem elevando o escrutínio contra o TikTok. Um projeto de lei aprovado no início do mês no Senado permite ao presidente Joe Biden banir aplicativos que apresentem risco para segurança nacional - o que poderia incluir a rede chinesa. O texto agora será analisado na Câmara, onde Chew prestará depoimento.

Nesta terça-feira (21), em um vídeo publicado no app, o executivo disse que a plataforma vive um "momento crucial". Na semana passada, a empresa já havia revelado a exigência do governo Biden de que proprietários chineses alienassem sua participação no aplicativo, com o risco de enfrentarem a proibição em território americano.

O argumento central da Casa Branca e dos legisladores americanos, tanto democratas quanto republicanos, é o de que o TikTok representa um risco à segurança nacional ao expor as informações dos cidadãos americanos ao governo de Pequim. A plataforma, que é propriedade da chinesa ByteDance, nega as acusações.

O jornal inglês The Guardian reuniu os 6 principais questionamentos que devem ser feitos ao CEO do TikTok, Shou Zi Chew, nesta quinta-feira (6). Confira:

1. O governo chinês já tentou acessar os dados do usuário do TikTok?

A resposta protocolar da empresa a esta pergunta é não. Em comunicado divulgado para a imprensa, o Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos EUA afirma que, além de perguntar a Chew sobre as práticas de privacidade e segurança de dados do TikTok, os parlamentares também vão questioná-lo sobre o “relacionamento do TikTok com o Partido Comunista Chinês”.

As suspeitas sobre o uso de dados do TikTok se concentram nas leis de segurança chinesas. Entre elas, está a Lei Nacional de Inteligência de 2017, que afirma que todas as organizações e cidadãos devem “apoiar, auxiliar e cooperar” com os esforços nacionais de inteligência. A confiança na plataforma também foi abalada no ano passado, quando uma investigação mostrou que funcionários da ByteDance usavam o TikTok para espionar repórteres.

2. O TikTok pode deixar de ser de propriedade chinesa?

O TikTok diz que o governo Biden pediu a seus proprietários chineses que vendessem suas participações no negócio. Hoje, a plataforma, de propriedade da ByteDance, tem o seu controle dividido da seguinte forma: 60% da companhia é controlada por investidores externos, incluindo a KKR, uma empresa de private equity dos EUA; 20% por funcionários e 20% por seus fundadores, Zhang Yiming e Liang Rubo, que tem poder de veto em decisões.

Uma das saídas propostas pelo governo dos EUA é que a propriedade do TIktok deixe de ser chinesa  — Foto: Getty Images
Uma das saídas propostas pelo governo dos EUA é que a propriedade do TIktok deixe de ser chinesa — Foto: Getty Images

Como aponta o The Guardian, o governo chinês deve se opor a um acordo que colocaria um valioso ativo tecnológico em mãos estrangeiras. Quando Donald Trump tentou banir o TikTok e vender o controle de sua operação nos Estados Unidos, ele foi impedido por uma ação legal movida pelo aplicativo. É possível que uma nova tentativa de banimento acabe nos tribunais.

3. O aplicativo chinês Toutiao pode interferir nos fluxos de dados do TikTok?

Em março deste ano, um ex-funcionário do TikTok revelou ao The Washington Post um código que mostra que a plataforma pode se conectar a sistemas vinculados ao Toutiao, um aplicativo de notícias chinês também de propriedade da ByteDance. O denunciante da rede afirma que isso pode permitir a interferência no fluxo de dados de usuários dos EUA. Segundo a empresa, o código do Toutiao não está vinculado à China.

Segundo o denunciante, ele foi demitido da empresa após alertar Chew, em uma carta, que os gerentes seniores do TikTok estavam “mentindo intencionalmente” para funcionários do governo dos EUA.

4. Os controles de dados dos EUA são tão fortes quanto o TikTok alega?

Outro denunciante do TikTok disse ao gabinete do senador republicano Josh Hawley que os controles de acesso do TikTok aos dados de usuários dos EUA são muito mais fracos do que a empresa diz ser. De acordo com uma reportagem do site Axios, as alegações ex-funcionário da empresa sugerem que a plataforma usa softwares chineses que podem ter backdoors, ou seja, brechas de acesso propositais. Em uma carta à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, o senador detalhou as alegações do denunciante, incluindo uma alegação de que os funcionários do TikTok e da ByteDance podem alternar entre dados chineses e americanos com o clique de um botão.

O TikTok diz que as alegações do ex-funcionário são relacionadas a ferramentas que são “principalmente analíticas”, e que não concedem acesso direto aos dados de forma individualizada. A empresa também alega que nem os engenheiros do TikTok, nem da ByteDance, têm acesso aos dados de usuários dos EUA armazenados pela Oracle.

5. O que o TikTok está fazendo para proteger as crianças de conteúdo prejudicial?

A presidente do comitê que ouvirá o executivo, Cathy McMorris Rodgers, diz que empresas de tecnologia como a TikTok usam “algoritmos nocivos para explorar crianças com fins lucrativos e expô-las a conteúdo perigoso online”. Portanto, embora a segurança de dados tenha um forte destaque na audiência, perguntas sobre a proteção de crianças online também devem aparecer.

Neste mês, a empresa anunciou uma ampla atualização em suas diretrizes de conteúdo, incluindo restrições de idade em “conteúdo adulto”, como vídeos de cirurgia estética. A mudança também tornará o conteúdo impróprio para um “público mais amplo”. A expectativa é Chew traga mais detalhes sobre essas atualizações.

6. O "Projeto Texas" pode responder às preocupações dos legisladores sobre o TikTok?

Para responder às pressões americanas, o TikTok adotou uma série de medidas que, segundo a empresa, trazia mais segurança aos usuários, num pacto batizado de "Projeto Texas". Entre as propostas, está a sugestão de que a Oracle analise o código-fonte do TikTok e verifique as atualizações do aplicativo. Chew deve argumentar que o Projeto Texas não é processo de venda, mas uma resposta às preocupações dos legisladores americanos.

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